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O que é a pobreza enquanto virtude interior?

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Edifa - publicado em 12/03/21
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São Francisco dizia que a pobreza é uma virtude real. E se durante esta Quaresma se tornasse pobre? Mas tenha cuidado, não confunda pobreza com miséria! “Não podeis servir a Deus e à riqueza” (Mt 6,24). Possivelmente estas palavras de Jesus nunca foram tão relevantes como hoje, num momento em que o consumismo elevou o dinheiro ao status de divindade. Basta lembrar quantos templos de dinheiro – hipermercados – receberam os fiéis durante o Natal. Havia mais gente lá do que nas igrejas, na noite da Natividade. Também pode se pensar nas Bolsas de Valores das capitais econômicas que submeteram tudo ao reinado do dinheiro. Representa uma grande parcela do que São João Paulo II chamou a “estrutura do pecado”, na qual o nosso mundo está imerso. Isto é um assunto de todos os tempos, claro. Ela se refere ao juramento de pobreza que todo cristão é chamado a fazer. Monges e religiosos existem para nos lembrar disto: escolher radicalmente a Deus é escolher a pobreza. Mas cuidado: a pobreza não é miséria! 

Uma bela resolução quaresmal 

A miséria é sofrer por falta de bens de primeira necessidade. A pobreza é decidir viver somente das necessidades da vida, para que ninguém seja prejudicado. ” O pão que guarda pertence ao faminto, o casaco que guarda nos seus cofres pertence ao homem desnudo, o sapato que apodrece em sua casa pertence ao homem descalço, e o dinheiro que guarda enterrado pertence ao trabalhador. Assim você comete tanta injustiça como há pessoas a quem você poderia dar”, dizia São Basílio de Cesaréia no século IV (Homilia VI, VII).

Então a pobreza não é não ter dinheiro. Não se trata sequer de não gerir as inimagináveis quantidades de dinheiro que circulam no mundo. É excelente, aliás, que os cristãos aceitem estar nestas engrenagens perigosas. Mas é uma questão, para si e para a sua família, de escolher a pobreza, para que o dinheiro seja disponibilizado para aqueles que precisam dele, para que não vivam na miséria. Durante este tempo de Quaresma esta decisão pode se tornar numa bela resolução a seguir (e continuar após a Páscoa). Mas cuidado, para isso, as boas intenções não são suficientes. É necessário escolher Deus, uma escolha não negociável. 


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Padre Alain Dumont

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