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Estudo: série “13 Reasons Why” está ligada a aumento de suicídios entre jovens

13 Reasons Why, 2017.

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Reportagem local - publicado em 02/05/19
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Governo, universidades e hospitais dos EUA identificaram impacto da produção da Netflix no índice de suicídios entre pessoas de 10 a 17 anosA série “13 Reasons Why”, veiculada pela Netflix, foi lançada em março de 2017 para contar a história de uma adolescente que, antes de se suicidar, deixou as suas razões expostas em uma sequência de 13 gravações. A segunda temporada do programa estreou em maio de 2018 e já há uma terceira sendo produzida.

Nesta semana, foi divulgado um estudo feito em parceria entre universidades e hospitais dos Estados Unidos e o Instituto Nacional de Saúde Mental (INSM): de acordo com as suas conclusões, a série está ligada a um aumento de 28,9% nos suicídios de crianças e adolescentes no país. O aumento medido a partir de abril de 2017, mês seguinte à estreia do programa, superou todos os índices registrados anteriormente ao longo do período de 5 anos que foi analisado pelos autores do estudo.

Cabe ressaltar que o INSM é vinculado ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos Estados Unidos e é referência no país em pesquisas de saúde e biomedicina. O estudo foi publicado pelo Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry.

Tendências

A variação na quantidade de suicídios de meninas não foi considerada estatisticamente relevante pela pesquisa, mas, entre os meninos, o aumento foi reputado como bastante significativo no mês seguinte à estreia de “13 Reasons Why“.

Lisa Horowitz, cientista do INMS e uma das responsáveis pelo estudo, observa:

“Os resultados devem alertar para o fato de que os jovens são especialmente sensíveis ao que é exibido pela mídia. Todos os profissionais, inclusive da mídia, precisam se preocupar em serem construtivos e cuidadosos ao lidar com temas relacionados a crises de saúde pública”.

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Netflix

O estudo

Foram analisadas estatísticas de suicídio de pessoas de 10 a 64 anos entre 1º de janeiro de 2013 e 31 de dezembro de 2017, com base em dados divulgados pelo governo norte-americano, para comparar os índices antes e após o lançamento da série. Os pesquisadores também analisaram se outros eventos posteriores ao lançamento da série podem ter levado ao aumento dos suicídios.

Na faixa de 10 a 17 anos, identificou-se significativo aumento em abril, junho e dezembro de 2017. Entre abril e dezembro daquele ano, registraram-se 195 suicídios acima do previsível para o período. Não se verificou variação relevante na faixa de 18 a 64 anos.

Em tese, não é necessariamente conclusiva a relação de causa-efeito entre a série e o aumento de suicídios no período seguinte à sua estreia, já que outros fatores podem tê-lo influenciado; no entanto, nenhum fator adicional pôde ser apontado com clareza, o que, segundo os pesquisadores, reforça os indícios de que houve, sim, influência da série no aumento desses índices.

Partindo da premissa de que o comportamento juvenil é notoriamente influenciável pelas abordagens da mídia sobre temas de seu interesse, a Organização Mundial da Saúde e a organização norte-americana Aliança Nacional de Ação pela Prevenção do Suicídio lançaram recomendações sobre as formas como o suicídio deve ser tratado em produções de cinema e televisão.

Outros estudos

Pesquisadores da Áustria, Bélgica e Estados Unidos identificaram que, entre espectadores da segunda temporada completa, houve menos relatos de propensão ao suicídio e à automutilação. No entanto, essas chances aumentaram entre os jovens que interromperam a temporada pela metade. Para os autores do estudo, a série pode ter efeitos tanto positivos quanto negativos sobre a psicologia dos espectadores.

Posição da Netflix

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Mark RALSTON / AFP
30 de março de 2017 / AFP PHOTO / Mark RALSTON

Em nota, a empresa que veicula a série afirmou que está analisando o estudo recém-divulgado e que vem “lidando de maneira responsável com essa questão sensível“, mas também retrucou que a pesquisa em questão contradiz outro estudo, da Universidade da Pensilvânia, segundo o qual os jovens que acompanharam a segunda temporada da série se declararam menos propensos a suicidar-se.

Recepção da série

As críticas por parte dos assim chamados especialistas em entretenimento foram em geral positivas, porque, supostamente, a produção incentivaria a conscientização sobre temas como estupro, bullying e autoflagelação. No entanto, houve polêmicas quanto ao excesso de detalhes sobre como a protagonista tirou a própria vida, bem como à falta de ênfase no quanto essa atitude é extrema, absolutamente evitável e radicalmente desaconselhável.

Epidemia de suicídios

O suicídio já é a terceira maior causa de morte entre jovens de 10 a 24 anos nos Estados Unidos: em torno de 4.600 por ano segundo os dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A maioria dos suicidas é do sexo masculino.

Em muitos países o suicídio está hoje entre os mais relevantes pontos de atenção. Um deles é o Japão:


pogrążona w smutku młoda dziewczyna z liceum siedzi samotnie na szkolnym korytarzu i chowa głowę
Leia também:
Japão, 30 mil suicídios por ano: riqueza, tecnologia, mas… vazio na alma

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Com informações da BBC Brasil

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