“A Cruz permanece em pé, enquanto o mundo dá voltas”Na manhã de 16 de abril de 2019 o mundo amanheceu ainda em choque diante das imagens devastadas e devastadoras da Catedral de Nôtre-Dame de Paris, cujo incêndio sofrido entre a tarde e a noite de 15 de abril surpreendeu milhões de católicos e não-católicos, que, perplexos, assistiram ao vivo à grande destruição que se abateu sobre uma das mais emblemáticas e queridas catedrais do planeta.
Nôtre-Dame está sendo restaurada e recuperará o seu esplendor, como já ocorreu tantas vezes ao longo dos seus mais de 850 anos de história – embora nunca vá recuperar, obviamente, a parte dos seus tesouros que ali se desintegraram. Voltará a ficar de pé, mas não será mais a mesma.
Ocorre que estas duas frases, unidas literalmente pela “adversidade”, também podem e devem ser ditas na ordem inversa: ela não será mais a mesma, mas voltará a ficar de pé.
Neste mundo, a matéria se transforma e passa, mas o espírito não morre.
Mesmo a Cruz passa, pois vem a Ressurreição. Ainda assim, Ressurreição e Cruz estão de tal forma integradas e unidas que pode até haver cruz sem ressurreição, mas não há Ressurreição sem Cruz.
É oportuno recordar este fato um ano depois – com a humanidade agora imersa no desafio sem precedentes da Covid-19, uma tragédia que também passará, mas não nos deixará iguais.
Bem o sabiam aqueles monges da Grande Cartuxa – franceses, aliás – que apontaram, em meio às figuras deste mundo que passa, o único ponto de referência que une a transitoriedade difusa à luminosa eternidade:
Stat Crux dum volvitur orbis.
“A Cruz permanece em pé enquanto o mundo dá voltas”.
E foi isto o que se viu nesta imagem, impactante e referencial, do meio dos escombros de Nôtre-Dame – que passarão.