É muito comum ouvir os fiéis se confundiremDurante a Adoração Eucarística, ao ouvir “Graças e louvores sejam dados a todo momento“, como você responde?
É frequente ouvir fiéis responderem “Ao Santíssimo e DIGNÍSSIMO Sacramento“, enquanto outros respondem “Ao Santíssimo e DIVINÍSSIMO Sacramento“.
Qual é a forma correta?
A forma correta é “Diviníssimo”.
Há quem objete, corretamente, que o divino não tem graus, e, portanto, não pode ter superlativo. É divino e acabou, pois o divino é absoluto por definição. Isto é verdade.
No entanto, o uso do superlativo neste caso é o que se costuma denominar “licença poética”: uma forma inusual de expressão que tem, aqui, a finalidade de enfatizar precisamente o absoluto de Deus – e, mais precisamente ainda, a Sua absoluta presença real no Sacramento da Eucaristia.
Quanto à palavra “digníssimo”, ela não implica, em si, nenhuma heresia. É apenas o superlativo de “digno” – e Deus é digno de toda adoração; aliás, só Ele é digno de adoração.
No entanto, o termo “digníssimo” também pode ser aplicado a qualquer um de nós, humanos, já que toda pessoa humana é dotada de dignidade intrínseca – e a dignidade humana é absoluta, não relativa, porque advém da nossa própria natureza de seres inteligentes dotados de alma imortal, criada e remida por Deus.
Sim, é isso mesmo – e não se trata de falta de humildade: a dignidade humana é absoluta! Ela não depende do nosso comportamento nem dos nossos méritos (e por isso não há falta de humildade alguma em reconhecer a dignidade intrínseca de toda pessoa humana; pelo contrário, seria profundamente ingrato não reconhecermos esse dom de Deus).
Mas é crucial entender a diferença entre a nossa essência e o que fazemos com a nossa existência: como pessoas, todos somos intrinsecamente dignos por natureza; já os nossos atos particulares, que dependem da nossa vontade e do nosso livre arbítrio, esses sim podem ser muito indignos e, portanto, contrariar a nossa dignidade intrínseca de pessoas.
Em síntese: somos sempre absolutamente dignos como pessoas humanas, e toda pessoa humana deve ter a sua dignidade absoluta reconhecida e honrada; mas podemos agir indignamente, contrariando assim a nossa própria dignidade, e os nossos atos indignos devem ser corrigidos.
No tocante à adoração eucarística, ela é um “digníssimo” ato humano de reconhecimento de Deus como Deus.
A Igreja nos oferece fórmulas piedosas e belíssimas que nos ajudam a penetrar, ainda que muito pouco a pouco, no mistério insondável de Deus.
Uma dessas fórmulas é, justamente, a conhecida “Graças e louvores sejam dados a todo momento ao Santíssimo e DIVINÍSSIMO Sacramento“: uma declaração explícita da Santidade e Divindade de Deus presente e vivo no Sacramento da Eucaristia.
O Corpo de Cristo, a quem adoramos, é Santo e Divino: Santíssimo e Diviníssimo.
E, de nossa parte, é digníssimo reconhecer que o Sacramento da Eucaristia, que é a própria presença real de Cristo em meio a nós, é Santíssimo e Diviníssimo e merece, a todo momento, que lhe sejam dadas graças e louvores!
Adoração eucarística
De fato, a Igreja recomenda vivamente a prática da adoração eucarística tanto pessoal como comunitária.
A Igreja pede até que, na medida do possível e sobretudo nos centros mais populosos, seria conveniente individuar igrejas ou capelas que se possam reservar propositadamente para a adoração perpétua.
Na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, o Papa Bento XVI exprimiu seu “apreço e apoio” a todos os institutos de vida consagrada, cujos membros dedicam uma parte significativa do seu tempo à adoração eucarística.
Segundo o Papa, quem se dedica à adoração eucarística oferece a todos o exemplo de pessoas que se deixam “plasmar pela presença real do Senhor”.
Além de convidar cada um dos fiéis a encontrar pessoalmente tempo para se demorar em oração diante do sacramento do altar, sinto o dever de convidar as próprias paróquias e demais grupos eclesiais a promoverem momentos de adoração comunitária. Obviamente, conservam todo o seu valor as formas já existentes de devoção eucarística.
Penso, por exemplo, nas procissões eucarísticas, sobretudo a tradicional procissão na solenidade do Corpo de Deus, na devoção das Quarenta Horas, nos congressos eucarísticos locais, nacionais e internacionais, e noutras iniciativas análogas. Devidamente actualizadas e adaptadas às diversas circunstâncias, tais formas de devoção merecem ser cultivadas ainda hoje. (Sacramentum Caritatis, 67)
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