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“Tchau, papai”: as últimas palavras que Maurício ouviu do bebê Murilo antes da chacina em Saudades

Bebê anjo
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Reportagem local - publicado em 07/05/21
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"Perguntei pelo meu filho e descobri que estava morto": quando um pai tenta descrever o indescritível

"Tchau, papai": estas foram as últimas palavras que o eletricista Maurício Massing, de 35 anos, ouviu do pequeno Murilo, de 1 ano e 9 meses, na manhã em que a barbárie perpetrada na escola infantil Aquarela, em Saudades, chocou o Brasil.

Maurício estava indo para o trabalho de carona com a esposa, Kerli da Silva, de 28 anos, que logo depois levaria o menino para o que deveria ser mais um dia normal e pacato na escolinha. Quando saiu do carro, aproximadamente às 7h15 da manhã, Maurício ouviu as últimas palavras que Murilo lhe diria nesta vida - e que deveriam ser apenas as palavras normais de uma despedida provisória de poucas horas: "Tchau, papai!".

Por volta das 10h20, Kerli também estava no trabalho, a pouca distância da creche, quando a irmã lhe avisou que a creche tinha sido atacada. Fazia somente dois meses que Murilo frequentava a escolinha, e apenas no período matutino: até então, Kerli tinha cuidado do filho em casa durante mais de um ano e meio. À tarde, ele ficava com a avó materna.

Em declarações ao jornal O Globo, Kerli recordou que Murilo tinha acordado cedo e tomado seu leite ainda na cama, com o irmão. Ao terminar, foi até a cozinha levando as mamadeiras dos dois. Pouco depois, quando a jovem mãe deixava o menino na porta da escola, perguntou se ele queria lhe entregar a chupeta. Murilo disse que não. E, também para ela, suas últimas palavras foram as que tinha dito ao pai logo antes: "Tchau, mamãe!".

Quando Kerli recebeu a notícia do massacre, a gerente da loja onde trabalha a levou até a escola. No cenário de gritaria e choque das pessoas, com viaturas e ambulâncias já contrastando gritantemente com a rotina de uma cidade pequena, pacífica e segura, Kerli tentou entrar na creche, mas um policial a barrou no portão e declarou que as crianças tinham sido levadas para as casas vizinhas. Ela foi em busca de Murilo.

Kerli tinha chegado praticamente no mesmo instante em que o pai de outra das vítimas, a pequena Sarah Luiza Mahle Sehn, 1 ano e 7 meses. Ele conseguiu entrar pelos fundos, e, quando tentava fazer o mesmo, Kerli ouviu uma professora gritar que Murilo tinha sido levado para o hospital, situado a menos de cinco minutos da creche. A mãe correu para lá, mas voltou a ser barrada na porta. O nervosismo era tamanho que a mãe desesperada sequer conseguia recordar qual era a roupa que Murilo usava naquela manhã. Só conseguiu informações sobre o pequeno quando foi vista por uma amiga que trabalha no hospital. Foi quando Kerli recebeu a notícia devastadora: seu filhinho já tinha chegado sem vida.

Maurício só viria a saber da tragédia quase uma hora depois, porque, pelo trabalho, tinha ido à cidade vizinha de Pinhalzinho. Quando voltou a Saudades, lhe disseram para ir direto ao hospital. A esposa estava sendo amparada porque tinha passado mal.

À reportagem de O Globo, o pai tentou descrever o indescritível:

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