"Você não se cansa de fazer sexo com seu cônjuge?". Esta é uma das curiosas perguntas que os noivos mais fazem ao casal Stella (65 anos) e Victor Dominguez (68 anos), que coordena retiros e acompanhamentos com noivos e namorados.
O casal pertence ao Movimento Apostólico Schoenstatt do Paraguai e educa a partir do testemunho dos seus 46 anos de feliz vida conjugal.
Stella e Victor têm oito netos e seis filhos. São pioneiros no seu país a levar a cabo a "pastoral da esperança" para ajudar os cônjuges em crise, pessoas divorciadas e casadas de novo e pessoas abandonadas pelos companheiros, entre outras histórias.
Eles participaram como especialistas - convidados pelo Papa Francisco - em um painel sobre o "caminho da santidade" do X Encontro Mundial das Famílias, no Vaticano.
Victor define-se como um romântico e um grande apaixonado por sua mulher. Os olhos dele ainda brilham quando ele se lembra do seu primeiro encontro. Era um jovem gestor de edifícios. Tinha 17 anos de idade. "Ainda me lembro das pernas dela", diz ele com um sorriso. Stella, por outro lado, lembra-se de outros detalhes, por exemplo: o cavalheirismo de Victor, que a ajudou atenciosamente porque tinha perdido as chaves para entrar no seu escritório.
Mas os Dominguez enfrentaram e enfrentam dificuldades comuns a toda família: os desafios econômicos de ser uma grande família, a doença prematura da sua primeira filha (um problema de coração). Entretanto, conseguiram conciliar o seu apostolado com os cuidados dos filhos e netos, superando o drama familiar da doença com a convicção de que tudo é "graça" e crescimento na mão de Deus e da Sua Igreja.
Victor e Stella instruem casais e noivos nos 5 P's do casamento feliz inspirados pelos ensinamentos do Papa Francisco para que o amor não se afunde. São eles:
1Paixão
"O prazer e a paixão são muito importantes…tens de renovar todos os dias o teu casamento, o dia em que eras noivo, quando as pipocas voavam", dizem Victor e Stella. "De vez em quando, dançar um bolero, com luzes baixas e com a porta fechada para que ninguém os interrompa", diz Stella.
Devemos também educar os nossos filhos para que estes prelúdios possam acontecer. "Os nossos filhos sabem que quando a porta está fechada, não se entra", diz o casal.
2Paciência
"Paciência não é uma atitude passiva e conformista. É a paciência cristã. É carregar os problemas e o cansaço da outra pessoa sobre os ombros, mas com alegria, a fim de que a paciência se torne um catalisador de misericórdia. É uma virtude daqueles que caminham na vida de casados. Sem preguiça ou mente fechada. É a capacidade de dialogar e de suportar as coisas menos agradáveis, juntos, como um casal", explicam.
3Perseverança
Perseverança no amor e na oração. De fato, o Papa convida os noivos e casados a rezarem juntos um pelo outro: "Pai nosso, dá-nos hoje o nosso amor cotidiano". Stella confirma: "Eu rezo todos os dias, quero dizer, rezamos o terço juntos, rezo por ele, ele reza por mim, por aquelas fraquezas, aquelas coisas dele que me incomodam, a fim de que Deus possa realmente ajudar-me a ser mais colaboradora com ele nesse sentido".
Victor acrescenta: "Perseverança em todo o diálogo. E ouvir o outro não é ouvir o que eu quero ouvir, mas ouvi-lo com o meu coração e ouvi-lo para além disso".
Stella, por sua vez, diz: "É preciso perseverar em ouvir para compreender se ele está cansado, se teve um dia mau, se está zangado com alguma coisa… Às vezes, ele não quer que eu fale com ele".
E Victor confirma: "Vou para o meu quarto, o meu espaço, todos devem ter um espaço".
Stella concorda: "É por isso que, só de o ver, tenho de saber que ele é muito importante e peço perseverança. Às vezes quero falar com ele, quero dizer-lhe coisas e depois consigo conter-me, isso é perseverança".
4Perdão
Para Victor, é preciso perdoar sempre e nunca ir para cama sem fazer reparações. Isso evita que o dia seguinte traga uma "guerra fria".
Ele diz: "Muitas vezes, é difícil olhar para dentro de nós mesmos e perceber que o problema está em nós. Pedir perdão é devolver a liberdade à outra pessoa. Porque também me liberta primeiro, depois liberta-nos."
5Pequenos detalhes
Victor pergunta: "Tu sempre dás uma rosa vermelha à tua mulher? Compras chocolates? Partilhas momentos de descontracção e de união com ela? Danças sozinho com ela a sua música preferida? Telefonas-lhe por um minuto durante o dia para lhe dizer algo agradável e para enchê-la de expectativas?"
Ele insiste que um jantar romântico não é para falar de trabalho ou de si próprio, mas para partilhar com ela, para preencher o mundo interior do casal com significado.
Por fim, Victor assegura que o "P" de pequenos detalhes leva ao "P" de Paixão. "Por exemplo, um dia não pode começar sem um processo para se chegar à noite. Há muitos homens que chegam à noite e exigem sexo de suas esposas, mas durante o dia não ofereceram-lhe um detalhe, nem um telefonema sequer. A mulher precisa desse processo, caso contrário sente-se usada."