Em 2018, eu fiz o álbum da Copa do Mundo com meu filho mais velho. Mas, depois que terminou a competição, jurei para mim mesmo que, na próxima Copa, não colecionaria as figurinhas novamente.
O motivo? O meu filho me atazanou durante meses para levá-lo para comprar as figurinhas. Todo fim de semana, mesmo eu tendo outros compromissos, tinha que empreender uma verdadeira corrida às bancas da cidade para descobrir onde tinha os stickers à venda. Além disso, eu, que nunca fui fã de futebol, precisa acompanhá-lo nos encontros de grupos de adultos e crianças para trocar figurinhas repetidas.
Enfim, a rotina de trabalho e outros compromissos pessoais somada às demandas com o álbum da Copa me deixaram estressados, a ponto de prometer não fazer mais a coleção que se repete de quatro em quatro anos.
Mudança de ideia
Neste ano, quando a febre das figurinhas começou a surgir entre a molecada eu fui logo dizendo ao meu filho: "Lembra que eu prometi que nunca mais faria o álbum da Copa do Mundo? Pois bem, promessa mantida - ainda mais agora, que o preço dos pacotinhos está um absurdo..."
A decepção dele foi visível. Sei que meu filho é vidrado em futebol e que colecionar as figurinhas seria importante para ele - ainda mais que todos os seus colegas aderiram à febre do momento.
Então passei a reavaliar minha decisão inicial e optei permitir que ele comprasse o álbum e as figurinhas.
E o que me fez mudar de ideia? Alguns acordos que eu estabelecia previamente com meu filho e a possibilidade de explorar os pontos positivos por trás deste passatempo. Abaixo, elenco alguns deles.
1Educação financeira
A princípio, meu filho queria utilizar a mesada dele para comprar as figurinhas. Porém, chegou à conclusão que o montante que ele tem disponível mensalmente em seu cartão de crédito não seria possível para equilibrar seus gastos corriqueiros (com lanche na escola, por exemplo) e as despesas extras com as figurinhas. Então, combinamos que eu lhe daria um valor "x" por semana para ele investir no álbum. Nada além disso - mesmo que ele argumente que os amigos conseguem comprar mais figurinhas do que ele. Com isso, consigo trabalhar a ansiedade dele e os limites financeiros individuais.
2Diminuição do tempo de telas
A coleção de figurinhas desvia a atenção das telas. Com isso, meu filho fica mais tempo envolvido com o álbum e esquece um pouco dos vídeos no Youtube e das redes sociais. Além disso, ele passou a conversar mais com os amigos e os encontros "presenciais" para a troca de stickers repetidos e as brincadeiras de bater figurinhas fazem-no querer mexer menos no celular.
3Tempo de qualidade e troca de conhecimentos
Eu aproveito que meu filho está fazendo o álbum da Copa do Mundo para aprender um pouco mais sobre futebol com ele. Dessa forma, temos a oportunidade de passar mais tempo juntos e de nos dedicarmos a um tempo de qualidade. Eu converso sobre algo de que ele gosta e se acha "expert". Falamos sobre as seleções, pesquisamos como elas se classificaram para o mundial e ele sempre me esclarece em quais clubes os craques mais famosos jogam atualmente. Além disso, eu tento sempre falar com ele sobre a história de alguns países que disputam o mundial. Juntos, também conhecemos mais detalhes sobre os símbolos nacionais dos times que estarão no Catar.
4Incentivo e recompensa
Eu também utilizo o álbum da Copa como uma forma de incentivar meu filho a fazer algo de que ele não gosta e obter uma recompensa por isso. Por exemplo: se ele lavar a louça três vezes por semana, ele terá direito a ter três pacotinhos além do número semanal que nós combinamos. Na minha família, este tipo de recompensa sempre funcionou, mas há quem não acredite em seus benefícios.
Enfim, parece que, com uma estratégia adequada, consegui transformar aquele estresse que o álbum da última Copa do Mundo provocou em uma atividade familiar que poderá render bons frutos mesmo depois da competição.
Que a seleção da família seja a grande vencedora em todos os momentos!