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Francisco será o primeiro Papa a visitar a Mongólia

Ulan Bator, capital da Mongólia

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I. Media - publicado em 09/06/23
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De 31 de agosto a 4 de setembro, a visita do Santo Padre realizará o sonho da pequena população católica local, numa nação majoritariamente budista

“Aceitando o convite do Presidente da Mongólia e das autoridades eclesiásticas do país, o Papa Francisco fará uma viagem apostólica à Mongólia de 31 de agosto a 4 de setembro deste ano”, anunciou nesta semana o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni.

Será a 43ª viagem apostólica do pontífice argentino e a primeira de um papa a esse país asiático em todos os tempos. Embora o catolicismo tenha 2 mil anos de trajetória, a religião católica ainda é nascente naquela nação: em 2022, comemoraram-se os primeiros 30 anos da presença católica na Mongólia.

O país com o cardeal mais jovem do mundo

Em 27 de agosto de 2022, o bispo dom Giorgio Marengo, prefeito apostólico de Ulan Bator, a capital mongol, tornou-se o membro mais jovem do colégio cardinalício ao ser elevado à púrpura com apenas 48 anos de idade. Missionário da Consolata, ele foi enviado à Mongólia logo após a sua ordenação sacerdotal, em 2001. Em 2020, dom Marengo foi ordenado bispo.

Ao ser eleito cardeal, ele declarou à agência I.Media que esperava que o Papa Francisco um dia visitasse a Mongólia. “Sonhamos com isso e esperamos com grande expectativa por ele, quando ele quiser”.

O jovem cardeal italiano lidera uma pequena comunidade católica de cerca de 1.400 batizados, em um país de cultura budista. A Mongólia tem cerca de três milhões de habitantes numa área de mais de 1.564.000 quilômetros quadrados.

Catolicismo na Mongólia

Marengo explicou, em 2022, que o seu cardinalato traz uma nova luz a “uma experiência marcada pelo fato de sermos minoria, mas numa sociedade que desenvolveu uma grande capacidade de diálogo”. O novo (e jovem) cardeal havia sido recebido alguns dias antes pelo papa com uma delegação inter-religiosa. Ele enfatizou que “a Mongólia é um país que, ao longo da sua história, soube promover a paz e a harmonia entre populações de diferentes origens”.

O cristianismo nestoriano se espalhou por toda a Ásia Central no primeiro milênio, mas acabou extinto. Foi apenas em 1992, no início da abertura democrática do país, que os primeiros missionários católicos puderam chegar a um ambiente religioso dominado pelo budismo tibetano.

O nascimento da Igreja na Mongólia foi de grande interesse para o Papa João Paulo II. Ele queria visitar o país para a consagração da catedral de Ulan Bator em 2003, mas, infelizmente, o seu estado de saúde o impediu de fazer a viagem.

Um país onde Rússia e China se encontram

A viagem do Papa Francisco à Mongólia também se insere num contexto geopolítico mais amplo. Ela se segue à visita do pontífice ao Cazaquistão em setembro de 2022, bem como às suas inúmeras visitas a outros países próximos da China: Coreia do Sul, Japão, Filipinas, Birmânia, Tailândia…

A Mongólia é considerada como um país-tampão entre a Rússia e a China. É também um dos poucos países do mundo a manterem relações regulares com a República Popular da China e com Taiwan. De fato, a República da China reconheceu a independência da Mongólia em 1945, durante o regime de Chiang Kai-shek. Mao, que chegou ao poder em Pequim em 1949, não questionou essa conquista.

A Mongólia poderia, portanto, fornecer uma oportunidade de contato sobre a questão de Taiwan e as tensões intercoreanas. Em 2022, o presidente mongol Ukhnaagiin Khürelsükh relançou um convite ao líder norte-coreano Kim Jong-un para fazer uma visita oficial a Ulan Bator, após receber o ministro das Relações Exteriores sul-coreano.

Crescente interesse internacional

Em sinal do crescente interesse internacional por este país outrora isolado, o presidente francês Emmanuel Macron visitou a Mongólia em 21 de maio deste ano. A sua escala em Ulan Bator, no caminho de volta da cúpula do G7 no Japão, foi a primeira visita de um presidente francês a este país do Leste Asiático.

Esta 43ª viagem apostólica do Papa Francisco acontecerá pouco mais de três semanas após o seu retorno da JMJ em Lisboa, que, por sua vez, marcará a sua segunda viagem apostólica a Portugal, seis anos depois da visita de 2017, ano do centenário das aparições de Fátima.

A Mongólia será o sétimo país que, no atual pontificado, recebe a primeira visita papal da sua história. Os casos anteriores foram Mianmar em 2017, os Emirados Árabes Unidos e a Macedônia do Norte em 2019, o Iraque em 2021, o Bahrein em 2022 e o Sudão do Sul em 2023.

O programa e outros detalhes da viagem apostólica à Mongólia serão divulgados nas próximas semanas.