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Via Sacra da JMJ, um paralelo entre os sofrimentos de Cristo e os dos jovens

Pope Francis presides over the Stations of the Cross ceremony with young people in Edward VII Park
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Cyprien Viet - Isabella H. de Carvalho - publicado em 04/08/23
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A Via Crucis de sexta-feira é uma das tradições mais enraizadas da Jornada Mundial da Juventude, dando origem a encenações criativas para tocar os jovens em suas preocupações. A edição de 2023 não foi uma exceção à regra

Em meio a uma atmosfera festiva, 800.000 jovens - de acordo com a prefeitura de Lisboa - convergiram pela última vez para o Parque Eduardo VII para uma Via Sacra, aberta por uma breve meditação do Papa Francisco. Ao apresentar o evento, o Papa convidou os jovens católicos a entregarem suas "ansiedades" e "solidão" a Cristo.

Deixando de lado as páginas de seu discurso preparado, o Papa incentivou os peregrinos a se deixarem consolar por Jesus. Em seguida, convidou os jovens, que vieram de todas as partes do mundo, a se perguntarem se havia "coisas na vida que os faziam chorar" e sugeriu que eles as confiassem silenciosamente a Cristo.

Em seguida, as 14 estações da Via Sacra foram apresentadas por meio de meditações e de uma coreografia moderna, implantada nos diferentes níveis da estrutura montada atrás do pódio papal. Os textos se concentraram no sofrimento contemporâneo dos jovens, abordando temas como a angústia pela degradação ecológica e a dependência de drogas.

Noeline, que veio com um grupo de 1.300 menores da Comunidade Emmanuel, ficou muito emocionada com "a beleza das músicas e a coreografia ao redor da cruz, foi magnífico", disse ela com entusiasmo. "Eu não tinha tido muitas oportunidades de celebrar a Via Sacra, então vivenciá-la na JMJ ficará gravada em minha memória", insiste.

"Cristo vem para nos ajudar a ir em direção a Ele"

Dentro do mesmo grupo, Jeanne acrescentou que "os textos da Via Sacra foram muito bem escolhidos, com exemplos muito concretos que se relacionam com nossos problemas atuais, que estão muito de acordo com o que o Senhor experimentou. Ele nos mostra o caminho para superar nossos problemas". O líder do grupo, Etienne, disse que ficou "muito emocionado com os testemunhos", que ecoaram sua própria vida e mostraram que "Cristo vem para nos salvar, para nos ajudar a ir em direção a Ele. É um paralelo extremamente pungente".

O padre Patryk Stolarek, sacerdote da diocese de Wroclaw, na Polônia, e estudante em Roma, está acompanhando cerca de 50 jovens na JMJ de Lisboa. Para ele, a Via Sacra expressa "a experiência do sofrimento", mas que também vai além. É "um sofrimento que depois passa para uma nova vida", explica o padre Patryk. Ele espera que essa Via Sacra ajude os jovens de seu grupo a entender que "há momentos em que caímos, nos quais devemos seguir em frente: há momentos de crucificação, mas no final há o momento da ressurreição", ele enfatiza.

Para Ivan, 23 anos, camaronês que vive na França, essa celebração é "um símbolo de que Jesus Cristo morreu na cruz por nossos pecados e que todo cristão, todo ser humano, deve reconhecer que tem fraquezas e pecados, e que deve procurar melhorar sua fé se quiser entrar para o Reino de Deus". Os textos da vigília o ajudaram a pensar sobre seu futuro e seu lugar na sociedade como jovem. "Realmente me toca o coração ver que a Igreja Católica está incentivando os jovens a continuar nesse caminho", explica.

Um sinal de esperança na ressurreição

Caroline, 34 anos, vem do vale de Beqaa, no Líbano. Ela estava muito emocionada por estar participando dessa Via Sacra em 4 de agosto, aniversário da explosão no porto de Beirute. Ela vivenciou o momento "como um tributo a todos os mortos, feridos e àqueles que foram afetados pela explosão".

A presença de 450 jovens libaneses na JMJ é um milagre e um sinal de esperança na ressurreição. "Isso mostra que somos um país que realmente vive a fé", conclui, explicando que fica muito emocionada com a bondade e a generosidade dos jovens peregrinos que vêm vê-la quando reconhecem sua bandeira libanesa.

A população libanesa está passando por uma Via Sacra política e econômica, mas "todos os libaneses são pessoas resilientes que lutam. Mesmo que passemos por coisas terríveis, sempre nos levantaremos novamente, mais cedo ou mais tarde. Confiamos em Deus e nos mantemos firmes", ela garante.

Imagens marcantes de mais um dia na JMJ