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Síndrome de Bureout, condição que precisa ser conhecida dentro e fora da Igreja 

Homem preocupado
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Igor Precinoti - publicado em 10/08/23
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Descrita pela primeira vez, em 2007, por Phillipe Rothlin e Peter Werder, no livro “A nova síndrome do trabalho: Boreout”, ela consiste em três elementos. Entenda:

A Síndrome de Boreout é uma nova condição ocupacional, ainda com poucas publicações a repeito, que vem afetando um número cada vez maior de indivíduos, e que tem como consequências a depressão e a baixa autoestima.

Descrita pela primeira vez, em 2007, por Phillipe Rothlin e Peter Werder, no livro “A nova síndrome do trabalho: Boreout”, ela consiste em três elementos: Tédio, Desinteresse e Infra demanda, elementos que se entrelaçam de maneira interdependente.

1. Tédio no Trabalho: estado de relutância, dúvida e desorientação. Pode ser gerado por atividades monótonas ou que o trabalhador não entende o sentido.

2. Desinteresse pelo trabalho: gerado pela ausência de identificação com o trabalho; falta de vocação, inclusive desinteresse por promoções ou crescimento dentro da organização.

3. Infra demanda (Trabalho Insuficiente): Sentimento sobre a capacidade de realizar ou produzir mais do que a empresa ou o seu superior solicita; o trabalhador se sente sub-exigido porque suas habilidades superam as tarefas que lhe são dadas atribuídas. 

Esses três componentes estão sempre ligados e interagem uns com os outros. Quem é pouco requisitado começa ficar entediado com o trabalho, e quem fica entediado, mais cedo ou mais tarde, vai começar a perder o interesse no que faz. 

Muito se fala sobre a Síndrome de Burnout, um distúrbio psicológico caracterizado pelo esgotamento profissional, quando um ambiente de trabalho estressante leva o indivíduo à exaustão emocional, depressão etc., mas seu extremo oposto é ignorado. 

Problemas

Um trabalhador com Síndrome de Boreout não se sente bem consigo mesmo, se nota pouco útil ao perceber que seu esforço não gera resultados, além disso se sente frustado por ter que repetir diariamente as mesmas tarefas (cujo sentido não percebe ou não consegue entender). Com o tempo, o Boreout pode levar a problemas de saúde mental e redução da autoconfiança.

Interessante notar que uma revisão da literatura publicada em 2021 apontou que, mesmo entre o clero católico, as síndromes de Burnout e Boreout podem ocorrer simultaneamente como manifestações de estresse relacionado ao trabalho. Esta mesma revisão bibliográfica propõe 4 estratégias para evitar ou minimizar os riscos de adquirir tanto o Burnout como o Boreout. São elas:

1. Desenvolvimento profissional: treinamento e desenvolvimento de capacidades: o funcionário decide a melhor forma de fazer as coisas, etc. 

2. Diminuir as demandas de trabalho: evitar o excesso de trabalho garantindo que o esforço mental e emocional seja menos intenso. 

3. Melhorar a comunicação: facilitar o acesso aos supervisores e colegas para pedir conselhos e receber feedback.

4. Aumentar demandas desafiadoras: envolver os trabalhadores em projetos novos e interessantes

Segundo o livro “Sacerdocio y burnout. El desgaste en la vida sacerdotal” (2012) os padres com síndrome de Bureout ministrariam “o seu rebanho sem muito entusiasmo, nunca se desenvolvendo plenamente como sacerdotes e negando à sua congregação o benefício de seus talentos e energia”. 

Desta forma, é importante difundir, tanto dentro com o fora da Igreja, o máximo de informação sobre esta síndrome pouco conhecida e garantir que os instrumentos para evitar esta condição sejam utilizados. Um profissional bem formado, com acesso e boa comunicação com seus superiores, e tendo um ambiente de trabalho favorável (sem excesso de obrigações), estará menos vulnerável às síndrome de Burnout e Boreout e, por conseguinte, sentir-se-á bem e fará com que outros à sua volta também sejam felizes.