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O papa volta a dizer que o mundo está à beira de uma guerra nuclear

Papa Francisco

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Francisco Vêneto - publicado em 20/09/23
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"O nosso mundo continua nas garras de uma terceira guerra mundial travada pouco a pouco"

O Papa Francisco afirmou, nesta terça-feira, 19, que o mundo está novamente à beira de uma guerra nuclear, assim como esteve durante o pico da crise dos mísseis cubanos em 1962.

Francisco fez a alarmante declaração em mensagem ao cardeal Peter Turkson, chanceler da Pontifícia Academia das Ciências Sociais, que organizou nestes dias 19 e 20 de setembro a conferência "Pacem in Terris". Para o pontífice, há uma grande semelhança entre o mundo de hoje e o de 1963, ano em que o Papa São João XXIII publicou a encíclica "Pacem in Terris" - justamente sobre a "paz na terra", como indica o seu nome.

Afirmando que "o nosso mundo continua nas garras de uma terceira guerra mundial travada pouco a pouco e, no trágico caso do conflito na Ucrânia, não sem a ameaça de armas nucleares", Francisco ressaltou que "o momento atual se assemelha perturbadoramente ao período imediatamente anterior à 'Pacem in Terris', quando, em outubro de 1962, a crise dos mísseis cubanos levou o mundo à beira da destruição nuclear generalizada. Infelizmente, nos anos que se seguiram a essa ameaça apocalíptica, não só o número e o poder das armas nucleares aumentaram, como também aumentaram outras tecnologias de guerra, e até mesmo o consenso de longa data sobre a proibição de armas químicas e biológicas está em perigo".

O papa prosseguiu:

"A terrível força destrutiva das armas modernas é ainda mais evidente que as relações entre Estados, como entre indivíduos, que devem ser reguladas não pela força armada, mas de acordo com os princípios da reta razão".

Sobre a relevância da conferência "Pacem in Terris", ele fez votos de que "as deliberações, além de analisarem as atuais ameaças militares e tecnológicas à paz, incluam uma reflexão ética disciplinada sobre os graves riscos associados à posse continuada de armas nucleares, sobre a necessidade urgente de um progresso renovado no desarmamento e no desenvolvimento de iniciativas de construção da paz".

Mencionando os "problemas éticos cada vez mais urgentes levantados pela utilização, na guerra contemporânea, das chamadas 'armas convencionais', que deveriam ser utilizadas apenas para fins defensivos e não dirigidas a objetivos civis", Francisco fez os seguintes votos:

"Que uma reflexão aprofundada sobre esta questão conduza a um consenso de que tais armas, com o seu imenso poder destrutivo, não sejam utilizadas de forma a causar danos desnecessários ou sofrimento desnecessário".