São Tomás de Aquino: “A verdade é a conformidade do intelecto à realidade, seja do mundo físico, seja do mundo espiritual”O bispo da diocese norte-americana de Phoenix, dom Thomas Olmsted, escreveu um artigo em que fala do conceito da Verdade, que Cristo identificou consigo próprio: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida“.
“Os homens e as mulheres têm fome insaciável da verdade; almejam respostas e sentido na vida. Nós fomos criados para a verdade porque fomos feitos à imagem de Deus. Pela nossa própria natureza como pessoas humanas, somos ordenados à verdade, temos fome de verdade e temos a obrigação moral de buscá-la”.
Ele retoma a definição apresentada por São Tomás de Aquino em sua obra máxima, a Suma Teológica:
“A verdade é a conformidade do intelecto à realidade, seja do mundo físico, seja do mundo espiritual”.
Esta definição afirma a existência de uma realidade objetiva e não subjetiva: “ela existe independentemente do nosso conhecimento ou opinião“.
Este conceito objetivo encontra resistências ferozes em muita gente da nossa época: as pessoas “têm dificuldades para aceitar um conceito elementar de verdade” porque preferem considerá-la como suposta “construção social”, como algo subjetivo, que cada um pode moldar ao seu bel-prazer e conveniência.
“Reclamar a verdade absoluta, aquela em que todos devem crer e que todos devem seguir, é considerado por muitos como algo imoral, porque seria impôr a própria crença aos outros. Aos poucos, a verdade é catalogada como intolerância e preconceito contra o pensar dos outros. Houve tempos em que as pessoas mantinham um conjunto compartilhado de crenças em Deus e naquilo que Deus ensina e espera. Numa cultura pluralista, o Direito Natural era a base essencial para se construírem pontos em comum. Na sociedade contemporânea, o Direito Natural se reduz em geral a um não fator, o que implica um passo atrás na realidade, um passo atrás no mundo criado por Deus, um retirar-se para dentro da mente de cada um, o que leva a perder por completo o contato com a realidade. É o que acontece quando nos distanciamos da realidade e buscamos a verdade em nossa própria mente em vez de buscá-la na criação e na revelação de Deus”.
A consequência dessa relativização da verdade já era exposta por São Paulo em sua Carta aos Romanos, na qual ele critica os homens que, “pela sua injustiça, mantêm a verdade refém (…) Substituíram a verdade de Deus pela mentira, adorando e servindo às criaturas em vez do Criador, que é bendito eternamente“.
O bispo continua, contundente:
“Esta confusa noção da realidade chamada relativismo está no coração da crise que ameaça a cultura hoje. O relativismo muda o foco da realidade para o sujeito individual. E, dado que as pessoas têm percepções diferentes, a verdade é vista como relativa. Isto, porém, só pode levar a uma ‘ditadura’ de opiniões, porque quando não podemos apoiar-nos na realidade e na razão para provar o nosso argumento, ficamos discutindo e lutando pelo poder, o que resulta em caos e até mesmo em violência”.
A plena Verdade é o próprio Cristo, conclui o bispo:
“O próprio Jesus é a Verdade, uma Verdade que vem de fora do mundo, mas que dá sentido ao mundo; uma Verdade absoluta e imutável. Quanto mais buscarmos a Verdade e quanto mais rápido nos conformarmos à Sua Santa Vontade, seja ela manifestada nas leis imutáveis da natureza, seja ela revelada na Sagrada Escritura, mais rapidamente encontraremos o significado, a felicidade e a realização para as quais fomos criados. Portanto, quanto mais conhecermos o Senhor, mais conheceremos a Verdade; porque a Verdade não é simplesmente um conjunto de fatos, mas um relacionamento pessoal com Deus. Diferente do relativismo, que constrói a sua casa na areia das opiniões subjetivas, Cristo nos chama a edificar a nossa vida sobre a rocha que é Ele. A Verdade tem o seu próprio poder, um poder que nenhum mal vencerá. Jesus encarna a esperança do triunfo final da verdade”.
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