“A Igreja é obra do Espírito Santo, que Jesus nos enviou para nos congregar”“A prece da adoração é a oração que nos faz reconhecer Deus como início e fim de toda a história” – afirmou o Papa Francisco em sua catequese semanal.
Ao comentar o tema “A oração da Igreja nascente”, o Papa afirmou que os primeiros passos da Igreja no mundo foram cadenciados pela oração. Trata-se de uma comunidade que persevera na oração.
Em seguida, o Papa explicou as quatro caraterísticas essenciais da vida eclesial:
- a escuta do ensinamento dos apóstolos
- a salvaguarda da comunhão recíproca
- a fração do pão
- a oração
Segundo o Papa, essas quatro características “lembram-nos que a existência da Igreja tem sentido, se permanecer firmemente unida a Cristo, isto é, na comunidade, na sua Palavra, na Eucaristia e na oração”.
É o modo de nos unirmos a Cristo. A pregação e a catequese dão testemunho das palavras e dos gestos do Mestre; a busca constante da comunhão fraterna preserva dos egoísmos e dos particularismos; a fração do pão realiza o sacramento da presença de Jesus no meio de nós: Ele nunca estará ausente, na Eucaristia é precisamente Ele, Ele vive e caminha connosco. E por fim, a oração, que é o espaço do diálogo com o Pai, através de Cristo no Espírito Santo.
Coordenadas
Na Igreja, tudo o que cresce fora destas “coordenadas” está desprovido de fundamento, afirmou o Papa.
Para discernir uma situação devemos perguntar-nos como, nesta situação, existem estas quatro coordenadas: a pregação, a busca constante da comunhão fraterna – a caridade – a fração do pão – ou seja, a vida eucarística – e a oração. Cada situação deve ser avaliada à luz destas quatro coordenadas. O que não entrar nestas coordenadas está desprovido de eclesialidade, não é eclesial.
O Papa enfatizou que é Deus quem faz a Igreja, não o clamor das obras.
A Igreja não é um mercado; a Igreja não é um grupo de empresários que vão em frente com este novo empreendimento. A Igreja é obra do Espírito Santo, que Jesus nos enviou para nos congregar. A Igreja é precisamente a obra do Espírito na comunidade cristã, na vida comunitária, na Eucaristia, na oração, sempre. E tudo o que cresce fora destas coordenadas está sem fundamento, é como uma casa construída sobre a areia. É Deus quem faz a Igreja, não o clamor das obras. É a palavra de Jesus que enche os nossos esforços de significado. É na humildade que se constrói o futuro do mundo.
Não é partido político
Prosseguiu o Papa:
Às vezes, sinto grande tristeza quando vejo alguma comunidade que, com boa vontade, comete um erro porque pensa em fazer a Igreja com reuniões, como se fosse um partido político: a maioria, a minoria, o que pensa este, ele, o outro… “É como um Sínodo, um caminho sinodal que devemos percorrer”. Pergunto-me: onde está o Espírito Santo? Onde está a oração? Onde está o amor comunitário? Onde está a Eucaristia?
O Papa Francisco explicou que, “lendo os Atos dos Apóstolos, descobrimos que o poderoso motor da evangelização são as reuniões de oração, onde aqueles que participam experimentam diretamente a presença de Jesus e são tocados pelo Espírito”.
Os membros da primeira comunidade – mas isto é sempre verdade, também para nós, hoje – compreendem que a história do encontro com Jesus não parou no momento da Ascensão, mas continua na sua vida. Narrando o que o Senhor disse e fez – a escuta da Palavra – rezando para entrar em comunhão com Ele, tudo se torna vivo. A oração infunde luz e calor: o dom do Espírito faz nascer neles o fervor.
Papa: tempo à adoração
E qualquer cristão que não tiver medo de dedicar tempo à oração, pode fazer próprias as palavras do apóstolo Paulo: «A minha vida presente, na carne, vivo-a na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim» (Gl 2, 20). A oração torna-nos conscientes disto. Só no silêncio da adoração experimentamos toda a verdade destas palavras. Temos que retomar o sentido da adoração. Adorar, adorar Deus, adorar Jesus, adorar o Espírito. O Pai, o Filho e o Espírito: adorar. Em silêncio! A prece da adoração é a oração que nos faz reconhecer Deus como início e fim de toda a história. E esta oração é o fogo vivo do Espírito que dá força ao testemunho e à missão.
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