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5 santos que não se davam muito bem com seus familiares

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Philip Kosloski - publicado em 14/02/21
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Mesmo que o seu caso seja diferente, você pode contar com a sua inspiração para lidar com situações difíceis em famíliaDesde o começo deste mundo, nascemos em família e somos configurados pela família. E, também desde o princípio, esteve presente na família a pressão do pecado, semeando a discórdia desde Adão e Eva. Segundo o relato bíblico sobre os primórdios da história da humanidade, o pecado e a natureza humana caída inseriram a divisão não apenas no primeiro casal, mas também entre os seus filhos, culminando no assassinado de Abel pelo próprio irmão, Caim.

Deus, porém, não se rendeu: entre as suas inspirações e indicações de amor ao próximo, Ele determinou o mandamento bem específico de “honrar pai e mãe”.

Quando Jesus entrou em cena, confirmou a validade dos mandamentos e a necessidade de obedecer aos pais, mas desafiou os indivíduos a escolherem Deus acima de todas as coisas, inclusive dos vínculos familiares. O cristão não deve descuidar da família, mas, ainda mais importante que isso é amar a Deus, o que, às vezes, acarreta… conflitos familiares.

Houve muitos santos e santas que tiveram de encarar esses conflitos e discernir o que fazer a respeito. Em alguns casos, o santo em questão estava inicialmente errado e se distanciava da família por causa do pecado; já outros precisaram cortar laços familiares deturpados para seguir o chamado do Evangelho.

Vejamos cinco exemplos de homens e mulheres que, em sua trajetória de conversão, não se deram bem o tempo todo com suas famílias:

1 e 2 – Santa Clara e Santa Inês de Assis

Nasceram de uma rica família de Assis, na Itália. Santa Clara ficou profundamente comovida, aos 18 anos, com as pregações de São Francisco sobre viver o Evangelho de forma radical e, certa noite, escapou de casa com a ajuda da tia, Bianca. Clara não queria se casar: a sua vocação era dedicar a vida a Deus. Uniu-se a São Francisco numa pequena capela, onde trocou seu cinto adornado de joias por uma corda grosseira ao redor da cintura. Cortou o cabelo e recebeu um véu, confirmando assim a sua entrada num convento beneditino.

Sua família não aceitou essa recusa a se casar e foi buscá-la à força no convento, mas Clara se agarrou com firmeza ao altar e revelou o cabelo cortado, símbolo da sua consagração a Deus.

A irmã de Santa Clara, Inês, também fugiu de casa na metade da noite e buscou refúgio no convento beneditino com a irmã. Ainda mais furiosa, a família enviou um tio e vários homens armados para obrigarem Inês a retornar. Tentaram agarrá-la pelo cabelo, mas o corpo da jovem ficou milagrosamente inamovível e eles tiveram que desistir.

Os familiares de Santa Clara e Santa Inês reconheceram que Deus as protegia e nunca mais tentaram obrigá-las a se afastar dos planos divinos.

3 e 4 – Santo Agostinho e Santa Mônica

Nascido de pai pagão e mãe cristã, Agostinho foi catecúmeno quando já adulto, mas só se batizou tempos depois, quando finalmente se converteu. Como jovem intelectual que era, o que dirigia a sua vida eram a filosofia e os ensinamentos maniqueístas.

Ele levou na juventude uma vida de pecado e hedonismo à qual não queria renunciar. Chegava a rezar a Deus pedindo-lhe: “Concede-me castidade e continência, mas não ainda”.

Sua escolha de viver fora do Evangelho doía gravemente à sua mãe, Santa Mônica. Ela tentou orientá-lo e achou até que impedir o filho de entrar em casa fosse ajudá-lo a recuperar o reto sentido das coisas. Essa tensão gerou grande estresse na relação entre mãe e filho, mas Santa Mônica persistiu.

Mais adiante, Agostinho decidiu se mudar para Roma. A mãe quis ir com ele. Durante a viagem de barco, Agostinho lhe pediu que fosse rezar numa capela próxima. Quando Mônica terminou suas orações e voltou ao porto, viu o barco zarpando sem ela.

Depois de muitos desafios e muita perseverança, Santa Mônica terminou “ganhando”: como fruto de suas persistentes orações, o filho finalmente se converteu e hoje é reconhecido como um dos santos mais influentes e queridos da Igreja católica.

5 – São Tomás de Aquino

Nascido em uma família nobre italiana, Tomás de Aquino foi cativado pelo estudo da filosofia desde bem jovem e decidiu entrar na ordem dos dominicanos aos 19 anos de idade. Sua família, porém, não se entusiasmava muito com a ideia de ver o jovem nobre ataviado como mendigo.

Os dominicanos o enviaram a Roma para viver afastado da influência dos familiares, mas, no trajeto, seus irmãos o capturaram e encerraram na fortaleza de San Giovanni, em Roccasecca. Tomás permaneceu dois anos inteiros ali confinado, e, durante esse tempo, seus pais, irmãos e irmãs tentaram dissuadi-lo de seguir a vocação religiosa. Chegaram até a lhe enviar uma prostituta para tentá-lo, mas Tomás a pôs para correr usando um ferro da lareira de seu quarto.

A mãe finalmente cedeu depois dos dois anos e organizou uma fuga secreta, na esperança de não trazer vergonha à família. Tomás desceu por uma janela com a ajuda das irmãs e voltou para junto dos dominicanos, retomando uma vida religiosa que o tornou um dos santos mais influentes de toda a história do cristianismo.


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