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As 5 perguntas que os católicos mais fazem sobre vacina anti-covid (e as respostas)

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Reportagem local - publicado em 16/06/21
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As preocupações mais comuns sobre a ética e a segurança das vacinas disponíveis contra o novo coronavírus

A pandemia do novo coronavírus causou um imenso sofrimento em todo o mundo. Mais de 3,8 milhões de pessoas morreram e 177 milhões ficaram doentes. As vacinas que foram desenvolvidas oferecem esperança, mas também levantam questões éticas para alguns católicos. Aqui estão as cinco perguntas mais frequentes dos católicos, recolhidas e respondidas pela Arquidiocese de Washington.

Muitas vacinas existentes, incluindo a vacina tríplice viral, usam linhas celulares HEK293, que são descendentes de dois abortos ocorridos na década de 1970. É muito importante notar que essas linhas celulares não contêm células dos abortos originais; em vez disso, as linhas são descendentes distantes e clones das células originais, que foram derivadas do tecido renal embrionário humano. Essa conexão distante não torna o aborto inicial menos grave. No entanto, a conexão remota faz a diferença em nossa responsabilidade moral pessoal. Se nossa intenção é receber a vacina para proteger a vida, então “não é a mesma a responsabilidade dos que decidem a orientação da produção e a dos que não têm nenhum poder de decisão". [Congregação para a Doutrina da Fé, Instrução Dignitas Personae (8 de dezembro de 2008), n. 35; AAS (100), 885.] Em outras palavras, é nossa responsabilidade tomar nossa própria decisão moral, idealmente com a intenção de proteger o bem comum.

Nas últimas duas décadas, declarações feitas pelo Papa Bento XVI e pela Pontifícia Academia para a Vida esclareceram que a maioria das vacinas que utilizam essas linhas celulares é moralmente permitida porque elas salvam vidas e ajudam a proteger os membros mais vulneráveis da nossa comunidade. Por exemplo, a vacina tríplice viral (que também usa as linhas celulares HEK293 em seu desenvolvimento) previne a infecção pela rubéola, uma doença que causa problemas graves e traz até risco de morte para mulheres grávidas e seus bebês. Receber a vacina tríplice viral salva muitas vidas e protege especialmente a vida dos fetos. Da mesma forma, a vacina contra a COVID-19 ajudará a proteger milhões de vidas, especialmente aquelas que são mais vulneráveis e suscetíveis a doenças graves e mortes.

Moderna e Pfizer desenvolveram vacinas usando mRNA e sem o uso de linhas celulares fetais controversas. No entanto, ambas as vacinas foram testadas usando linhas celulares HEK293. As vacinas da Johnson & Johnson e da AstraZeneca usaram as linhas celulares HEK293 em seu desenvolvimento, o que as faz parecer “mais próximas” na origem do ato do aborto.

No entanto, dada a conexão remota entre essas células e as vacinas, todas as vacinas contra COVID estão de acordo com declarações morais anteriores feitas pela Igreja Católica. No caso de lhe ser oferecida uma vacina contra COVID-19 desenvolvida a partir de linhas celulares advindas originalmente de aborto (como o caso da vacina Johnson & Johnson), o Centro Nacional de Bioética Católica se refere a uma declaração do Papa Bento XVI em 2005, publicada pela Pontifícia Academia para a Vida. Essa declaração explica que é permitido que os católicos usem vacinas que são desenvolvidas a partir de tais linhas celulares quando necessário para sua própria saúde e segurança. Uma declaração mais recente da Pontifícia Academia para a Vida (2017) diz:

“Especialmente considerando o fato de que as linhas celulares atualmente usadas estão muito distantes dos abortos originais e não implicam mais o vínculo de cooperação moral indispensável para uma avaliação eticamente negativa de seu uso... a obrigação moral de garantir a cobertura vacinal necessária para a segurança dos outros não é menos urgente, especialmente a segurança de indivíduos mais vulneráveis, como mulheres grávidas e pessoas afetadas por imunodeficiência que não podem ser vacinadas contra essas doenças."

"As características técnicas da produção das vacinas mais comumente usadas na infância nos levam a excluir que haveria uma cooperação moralmente relevante entre aqueles que usam essas vacinas hoje e a prática do aborto voluntário. Portanto, acreditamos que todas as vacinas clinicamente recomendadas podem ser usadas com a consciência limpa, e que o uso de tais vacinas não significa nenhum tipo de cooperação com o aborto voluntário.”

Os católicos(as) que estão recebendo a vacina contra a COVID-19 para proteger sua vida, sua família e sua comunidade devem se sentir tranquilos para receber qualquer vacina que estiver disponível no momento da vacinação.

Uma Nota de dezembro de 2020 da Congregação para a Doutrina da Fé, o grupo designado para fazer declarações teológicas em nome da Cúria Romana e do Papa Francisco, esclarece que “quando não estiverem disponíveis vacinas contra a Covid-19 eticamente inquestionáveis (...), é moralmente aceitável utilizar as vacinas anticovid-19 que tiverem utilizado linhas celulares de fetos abortados no seu processo de investigação e produção".

A declaração da Congregação para a Doutrina da Fé esclarece que, como a maioria das pessoas não pode escolher a vacina, é moralmente permitido tomar a vacina que estiver disponível, pois, além do mais, "do ponto de vista ético, a moralidade da vacinação depende não só do dever de tutela da própria saúde, mas também do dever da busca do bem comum".

Como católicos(as), somos encorajados a promover o trabalho de empresas que não estão usando essas linhas celulares controversas. Assim, continue cobrando das empresas farmacêuticas para que elas não usem essas linhas celulares no desenvolvimento de futuras vacinas. Essa cobrança pode ser uma estratégia eficaz, especialmente à medida que a tecnologia se desenvolve e as linhas celulares HEK293 se tornam menos necessárias no desenvolvimento de vacinas.

Os católicos são encorajados a se vacinar contra COVID-19 e a promover o bem comum seguindo as diretrizes dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Somos chamados a buscar o bem comum ao mesmo tempo em que defendemos a vida humana. A fim de proteger aqueles que são mais vulneráveis ao coronavírus, incluindo mulheres grávidas e pessoas com problemas de imunidade, somos encorajados a discernir nossas próprias ações morais para preservar a vida e a dignidade em nossas comunidades.

Os católicos também são encorajados a defender os pobres e vulneráveis, incentivando seus líderes a compartilharem vacinas com outros países, especialmente aqueles com populações de risco.

A doutrina moral católica nos chama a cuidar do bem comum, evitando a associação com o mal grave. Nossos ensinamentos morais católicos também nos ensinam a tomar medidas para proteger cada pessoa que encontramos, especialmente as mais vulneráveis. Este ensinamento não mudou na vida da Igreja e nunca mudará. Nossa oposição ao aborto e ao desenvolvimento de vacinas usando linhas celulares descendentes do ato do aborto deve ficar clara para as empresas farmacêuticas.

Ao aplicar esses valores morais às situações complexas que enfrentamos na vida cotidiana, somos chamados a usar a virtude da prudência. A prudência nos chama a buscar o melhor em cada situação, evitando o mal. Quando confrontados com a questão das vacinas contra COVID-19, cada um de nós é chamado a discernir como podemos fazer o melhor. Para muitos de nós, o compromisso de proteger a vida em todas as etapas convida a receber a vacina contra COVID-19 que estiver disponível no momento, a fim de proteger aqueles que mais correm riscos graves perante o novo coronavírus. Encorajamos cada membro da Arquidiocese de Washington a receber a vacina contra COVID-19 que estiver disponível. Ao ser vacinados, podemos ajudar a proteger nossas comunidades vulneráveis dessa pandemia mortal.

Finalmente, é de vital importância que os católicos se lembrem de quão distante é a conexão entre o aborto e essas vacinas recentemente desenvolvidas. Nosso ensinamento moral se opõe ao aborto em todas as circunstâncias, mas há uma diferença moral entre cometer um ato de aborto, colher células para uso no tratamento e desenvolvimento de vacinas e, por outro lado, receber uma vacina com a intenção de proteger sua comunidade. Devemos discernir nosso nível de responsabilidade em cada uma dessas circunstâncias para evitar simplificar demais uma tradição teológica complexa.