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Relatório da ONU esconde violações aos direitos humanos em Cuba

ONU
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Francisco Vêneto - publicado em 17/09/21
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Ativista cubano acusa ONU de "cumplicidade com a tirania"; analista afirma que relatório "é simplesmente decepcionante"

O recém-apresentado relatório da ONU sobre a situação dos direitos humanos no mundo esconde as violações aos direitos humanos em Cuba, denunciou nesta semana o ativista cubano Eduardo Cardet, coordenador do Movimento Cristão Libertação (MCL) naquele país.

Cardet acusou a ONU de "cumplicidade com a tirania" após a decisão da Alta Comissária dos Direitos Humanos, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet, de excluir Cuba do relatório que aponta os países violadores. A conta oficial do MCL na rede social Twitter lamentou em 15 de setembro que "continua a atuação enviesada dos mecanismos universais que devem velar por esses direitos".

De fato, o relatório apresentado por Michelle Bachelet no último dia 13 de setembro, durante a 48ª sessão do Conselho de Direitos Humanos, é nada menos que escandaloso ao omitir injustificadamente o regime comunista repressivo do atual dirigente Miguel Díaz-Canel, imposto por Raúl Castro como seu sucessor na ditadura cubana. A grave omissão de Michelle Bachelet se torna ainda mais clamorosa após a violenta resposta do regime comunista de Havana aos protestos populares que eclodiram no dia 11 de julho em toda a ilha de Cuba.

Entre 11 e 17 de julho, o regime cubano prendeu mais de 5 mil manifestantes e opositores, segundo denúncia da ONG espanhola Prisoners Defenders. Neste mês de setembro, a Conferência Cubana de Religiosos e Religiosas (CONCUR) denunciou que continua havendo irregularidade em processos contra os cidadãos que foram detidos em julho.

Michelle Bachelet, entretanto, optou por omitir essas berrantes violações em seu relatório, deixando a credibilidade da ONU pela enésima vez na berlinda. Solicitações para que o regime cubano fosse mencionado como violador dos direitos humanos haviam sido feitas por organizações como a Human Rights Watch, a Prisoners Defenders e o Movimento San Isidro, mas a Alta Comissária da ONU as ignorou.

A ONG Cubalex reagiu com veemência e sem meios termos à descarada parcialidade do relatório de Michelle Bachelet:

"Na atualização global do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU não houve sequer uma menção ao que hoje acontece na ilha: a repressão, a crise de saúde, de alimentos, as constantes violações de direitos humanos. Cuba é um país doente, com fome, com presos políticos. Cuba é um país onde se reprime quem discorda, assim como os seus familiares. É um país com um histórico de mais de 60 anos violando direitos humanos, mas Michelle Bachelet, mais uma vez, se cala. A proximidade com a ditadura não lhe permite ser neutra".

Segundo a agência de notícias ACI Prensa, o analista político Manuel Cuesta Morúa declarou à imprensa:

"É quase um despropósito político. As primeiras manifestações não só em 62 anos, mas em toda a história cubana, não mereceram nenhuma linha num relatório mundial sobre direitos humanos, mesmo tendo sido reprimidas duramente pelo governo cubano. É algo realmente insólito em toda a narrativa dos direitos humanos, da defesa institucional dos direitos humanos no mundo. É assim que se fortalecem as autocracias, quando os organismos responsáveis das Nações Unidas fazem coisas como esta. É totalmente inconcebível. E pensávamos que o Conselho de Direitos Humanos e a senhora deputada Michelle Bachelet tivessem uma sensibilidade profunda com este assunto, para além da ideologia. É simplesmente decepcionante".

O relatório patentemente parcial e enviesado que Michelle Bachelet apresentou se concentra, segundo ela própria, em "situações que preocupam o seu escritório". Aparentemente, o seu escritório não se preocupa com a situação ditatorial de Cuba.

Por outro lado, o documento reconhece a ocorrência de violações aos direitos humanos em outros países latino-americanos como a Venezuela e a Nicarágua, ambos também governados por regimes autoritários de esquerda. O relatório também menciona países como a Ucrânia, a Bielorrúsia e a Geórgia, na Europa; o Sudão, o Sudão do Sul, a República Democrática do Congo e a Etiópia, na África; e a Palestina, a Síria, o Afeganistão, o Sri Lanka, Myanmar, o Camboja e as Filipinas, na Ásia.

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