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Por que você deve se permitir ser feliz

JOY,
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Michael Rennier - publicado em 20/09/21
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Não é egoísmo querer ser verdadeiramente feliz e viver seus dias ao máximo. Esse desejo de florescer é exatamente o desejo que Deus tem para você

Tenho o tolo hábito de correr distâncias muito longas. Perco-me em bairros urbanos e caminhos inesperados na mata, envolto sempre na alegria de explorar novos lugares.

No meio do caminho, percebo o quanto minhas pernas doem, o peso da minha idade e o quanto me afastei de casa. Eu me viro para refazer meus passos, para voltar para casa e declarar para minha esposa que nunca vou cometer esse erro novamente. Ela ri de mim e não diz nenhuma palavra. Ela sabe que vou repetir muitas vezes.

Durante a parte dessas corridas em que sofro para chegar em casa, sonhando com a comida que vou comer, me pergunto por que faço isso. Então, eu me lembro daquela parte anterior da corrida, a parte em que virei à esquerda aleatoriamente e encontrei uma nova trilha sob um dossel de choupo ou onde o algodão flutuava no ar como neve. É uma emergência repentina de felicidade. Impossível de expressar; só pode ser sentida, como uma elevação do coração a Deus. Esse é o sentimento que persigo.

Esse tipo de felicidade não é conquistado; é um presente. Ele desce sem aviso - enquanto você vê seu filho andar de bicicleta por uma rampa que ele mesmo construiu, enquanto você brinca de esconde-esconde com seu filho, desfruta de longos jantares sem pressa com amigos ou se envolve em uma oração silenciosa com apenas a vela do tabernáculo iluminando a igreja.

Esses momentos inesperados são valiosos! Eles atendem a uma forma mais profunda e duradoura de felicidade, o prazer constante que todos nós podemos ter todos os dias em nossa família, com amigos, no trabalho, nos hobbies e numa vida bem vivida.

Por muitos anos, não achei que essa felicidade fosse algo que eu merecesse. Eu também era um corredor na época, mas não corria de alegria: apenas para dominar e controlar meu corpo - como uma guerra que estava travando contra mim mesmo. Era uma sensação de bem-estar que me confundia. Eu não sabia o que fazer com ela. Talvez seja disso que eu estava fugindo. De certa forma, acho que estava viciado em desespero.

Quando mais jovem, eu lutei contra a depressão, agravada por uma crise de fé e um intenso questionamento sobre quem eu era e quem deveria me tornar. As respostas não vinham, e eu caía no desespero. Tudo o que eu podia ver eram perguntas, nenhuma resposta. Eu via falhas, não soluções.

Eu não acreditava que poderia ser feliz, e entrei em um ciclo de desespero. No final das contas, porém, como me cansei da maneira como minha vida estava indo e vi o efeito negativo que isso tinha nas pessoas ao meu redor, fiz uma escolha ativa de lutar pela felicidade. Foi uma luta. Eu não estava tão familiarizado com a experiência da felicidade. Por isso, tive que fazer uma escolha definitiva para ser feliz. 

Minha tese era que, se eu agisse com felicidade e cultivasse apreço e gratidão, meus sentimentos acabariam por se recuperar. Não foi fácil. Essencialmente, estava aprendendo a me definir de uma maneira inteiramente nova. O primeiro passo foi, talvez, o mais difícil - acreditar realmente que eu poderia ser feliz e merecia ser feliz.

Existem histórias que contamos a nós mesmos. "Você não pode fazer isso.Você sempre bagunça. Não está destinado a ser feliz". Essas histórias não são verdadeiras, mas podem ser bastante convincentes e acabam norteando nossas decisões. Elas nos direcionam para um canal estreito e, com o tempo, aprendemos a pensar em tudo que está além dessa autodefinição está fora dos limites.

 Poucas coisas nos limitam mais profundamente do que nossas crenças sobre quem somos e o que merecemos. Por alguma razão misteriosa, muitos de nós nos convencemos de que a felicidade está fora de nossa história. Não merecemos ser felizes, pensamos. Talvez porque tenhamos muitos defeitos ou não sejamos bom o suficiente.

Deus quer que sejamos felizes. E, pelo menos para mim, houve uma certa obstinação egoísta em me recusar a fazê-lo. Eu me afundava em minha miséria porque isso, secretamente, me fazia sentir especial. Isso me fazia me sentir inteligente. Mas era um falso conforto, e não podia proporcionar felicidade real. Por outro lado, não é egoísmo querer ser verdadeiramente feliz e viver seus dias ao máximo. Esse desejo de florescer é exatamente o desejo que Deus tem para nós também. É o propósito para o qual ele nos criou.

Então, vou continuar correndo. Não estou mais fugindo de nada. Agora sou um buscador, um peregrino, um andarilho animado, antecipando momentos divinos de graça esperando em cada esquina. É uma metáfora para a vida. Estamos todos em uma jornada. Não importa o caminho que você escolha, ele pode ser repleto de felicidade.