Aristóteles, Jean-Jacques Rousseau, Friedrich Nietzsche, Albert Einstein, Charles Darwin, Soren Kierkegaard e Henry D. Thoreau. O que estes, que foram sete dos maiores pensadores da história ocidental, têm em comum, além de suas ideias e observações revolucionárias que mudaram nossa forma de ver o mundo? Todos eles tinham o hábito de andar a pé diariamente. "Só consigo pensar quando caminho, minha mente só funciona com as minhas pernas", disse Rousseau (1712-1768).
O que esses gênios perceberam de maneira intuitiva, hoje encontra respaldo nas neurociências. Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, realizaram um estudo comparando os níveis de criatividade de pessoas que caminhavam pelo menos vinte minutos por dia com aqueles que não tinham esse hábito.
Eles constataram que andar a pé potencializa em até 60% a probabilidade do surgimento de propostas inovadoras e de êxito em exercícios de criatividade. Os mesmos resultados foram observados em indivíduos que praticavam caminhada em esteiras.
Caminhar aumenta o fluxo de sangue para o cérebro, aumenta a atividade no hipocampo, onde as memórias são armazenadas, melhora o desenvolvimento cognitivo e promove a geração de novos neurônios, o que pode estar associado com o surgimento de novas ideias.
A máxima "quem canta seus males espanta" poderia ser adaptada para "quem anda deixa seus problemas para trás". Sobre isso, o filósofo dinamarquês Kierkegaard (1813-1855) escreveu: "Não conheço nenhum pensamento tão pesado que não possa ser afastado caminhando".
Mais uma ideia inovadora que encontrou validação na ciência moderna. A psicóloga norte-americana Francine Shapiro (1948-2019) observou que, ao caminharmos, o movimento espontâneo dos olhos, de mirar vários lugares ao invés de um ponto específico, alivia pensamentos negativos.
Com base em sua experiência pessoal, ele chegou à conclusão de que esse movimento dos olhos desativa a amígdala, o centro de detecção de ameaças no cérebro, e essa descoberta foi a base da inovadora Terapia EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através do Movimento dos Olhos), desenvolvida por ela e usada para tratar até veteranos de guerra.
Ao andarmos para frente, é como se deixássemos nossos medos e nossas amarras para trás. Caminhar sozinhos permite que vejamos problemas sob uma nova perspectiva, com a cabeça mais leve, integrados ao ambiente que nos cerca e conectando nossos membros inferiores com o resto do corpo, o que nunca ocorre quando estamos sentados.
Sem contar o bem que faz para o coração, para a circulação e até para a postura. Se for em meio à natureza, com uma vista inspiradora e respirando ar puro, melhor ainda.
Thoreau (1917-1962), o poeta e pensador naturalista norte-americano, caminhava mais de quatro horas por dia em meio aos bosques do estado de Massachusetts. Rousseau, quase um atleta, andava mais de 30 km por dia.
Com base nesse hábito, escreveu: "Nunca pensei tanto, nunca vivi tanto, nunca fui tanto eu, se assim ouso exprimir-me, como nas viagens que fiz só e a pé. Andar tem qualquer coisa que me anima e aviva as ideias: quase não posso pensar quando estou parado; preciso pôr o corpo em movimento para que o espírito o esteja também".