O Papa Emérito Bento XVI publicou uma carta na qual reafirma a sua inocência em relação às acusações de omissão que foram feitas contra ele no relatório sobre abusos sexuais perpetrados na arquidiocese alemã de Munique e Freising entre 1945 e 2019.
O relatório, publicado em 20 de janeiro deste ano, criticou Bento XVI porque, durante cinco anos dentro daquele período, sendo ele o arcebispo entre 1977 e 1982, teria designado para um cargo pastoral um sacerdote que já tinha cometido abusos.
A controversa reunião de janeiro de 1980
Poucos dias após a publicação do documento, Bento apresentou um relatório de 82 páginas informando que não tinha participado de uma reunião realizada em 15 de janeiro de 1980 para avaliar o acolhimento, na arquidiocese, daquele padre acusado de pedofilia. Essa informação, porém, foi questionada pelo escritório de advocacia Westpfahl Spiker Wastl, responsável pela elaboração do relatório sobre os casos de abuso ocorridos na arquidiocese.
O Papa Emérito explicou, em novo comunicado, que na reunião mencionada não se tinha decidido sobre a vinculação do padre em questão às atividades pastorais da arquidiocese, mas sim que havia sido aceito o pedido do padre “para ser acomodado em Munique durante seu tratamento terapêutico”. De fato, o sacerdote recebeu tratamento médico na época.
O Papa Emérito anunciou ainda, por meio de seu secretário, dom Georg Gänswein, que pretende divulgar uma declaração detalhada, em data posterior, para explicar detalhadamente o que foi dito na reunião de janeiro de 1980. Segundo o secretário de Bento XVI, a revisão completa das quase 1.900 páginas do relatório leva tempo, principalmente devido à idade e saúde do Papa Emérito. A leitura do documento até agora, disse o secretário, tem deixado Bento XVI com "vergonha e dor pelo sofrimento" infligido às vítimas.
Campanha midiática e reações em defesa de Bento XVI
A assim chamada “grande mídia”, porém, resolveu lançar manchetes sensacionalistas do tipo “Bento XVI se retrata”, quando na verdade ele havia confirmado que não designou padre pedófilo algum para cargos pastorais.
Diante da campanha midiática voltada a lhe atribuir responsabilidades de conivência e omissão, até líderes protestantes como Roger Köppel defenderam o Papa Emérito das acusações orquestradas para manchá-lo.
Segundo informações do portal Infocatolica, Köppel declarou em seu programa Weltwoche Daily: “Os ataques contra Bento XVI têm uma conotação política muito forte. Há pessoas que estão tentando culpar o Papa Bento XVI por algum tipo de cumplicidade em casos de abusos na Igreja Católica”. Köppel declarou considerar as acusações “absurdas” e motivadas pela intenção de desacreditar moralmente o Papa Emérito.
Nova carta do Papa Emérito
Diante da polêmica midiática que tentou implicá-lo enviesadamente nos crimes de pedofilia que ele sempre combateu, Bento XVI publicou nova carta nesta quarta-feira, 8 de fevereiro, lamentando os equívocos relativos a datas e agradecendo pela confiança e amizade dos que confiam nele.
Ao mesmo tempo, ele se revela entristecido por ter sido tachado de mentiroso devido a tal equívoco e ressaltou a importância de pedir perdão. Ele citou a liturgia da Igreja, que coloca o pedido de perdão logo ao início da celebração eucarística: "Rogamos publicamente ao Deus vivo que perdoe a nossa culpa, a nossa grandíssima culpa".
O Papa Emérito afirmou que, em todas as ocasiões nas quais encontrou pessoas abusadas por clérigos, viu as consequências de uma "gravíssima culpa" e aprendeu a "entender que nós mesmos caímos nesta grandíssima culpa quando a descuidamos ou quando não a enfrentamos com a necessária decisão e responsabilidade", pois "cada caso de abuso sexual é terrível e irreparável".
Bento XVI fez questão de se dirigir especialmente às vítimas:
E encerrou: