Daniel Ortega, o ditador da Nicarágua, voltou a arremeter contra a Igreja Católica, agora acusando-a de ser uma "máfia".
Na terça-feira passada, 21 de fevereiro, ele afirmou que o Papa, os bispos e os padres "são uma máfia organizada" e não teriam moral para falar em democracia, já que o próprio Papa é eleito pela "máfia organizada do Vaticano".
Em setembro passado, o ditador já tinha acusado a Igreja de ser ela própria a "ditadura perfeita".
Desta vez, Ortega declarou:
"Os cardeais e os papas são uma máfia, moram em mansões, vestem roupas que nem Cristo vestia. Olhe para os crimes que eles cometeram e os crimes que continuam cometendo todos os dias. Crimes que eles cometem porque têm regulamentos absurdos".
Ele acrescentou que "Cristo vive nas cidades cristãs", mas "não pelo exemplo dos padres, bispos, cardeais e papas, que são uma máfia".
O ditador intensificou seus ataques à Igreja depois que o Papa Francisco deplorou publicamente a condenação sumária do bispo dom Rolando Álvarez a mais de 26 anos de prisão por suposta "conspiração" e "divulgação de fake news".
Perseguição contra a Igreja
Bem antes disso, porém, Ortega já vinha atacando com virulência o Vaticano e a Igreja Católica por criticarem os atropelos promovidos pelo seu regime contra os direitos humanos na Nicarágua. A perseguição vem crescendo desde 2018, quando a Igreja apoiou as grandes manifestações que pediam a renúncia de Ortega e o acusavam de fraude eleitoral. De fato, a fraude é reconhecida por dezenas de governos estrangeiros, que, por conseguinte, consideram formalmente Daniel Ortega como ditador e não como presidente legítimo de uma democracia.
Em maio de 2022, Ortega expulsou o núncio apostólico da Nicarágua. Ao longo do ano passado, o regime também fechou rádios católicas, prendeu o bispo dom Rolando e ao menos uma dezena de outros padres e seminaristas, expulsou congregações religiosas e impediu fiéis de participarem livremente de missas e atos devocionais.
As falácias do ditador sobre "democracia"
A respeito das declarações de Ortega sobre a Igreja Católica não ser democrática, é o caso de se desmascararem ao menos duas graves e perniciosas falácias do ditador:
- a primeira, que reduz o conceito de democracia ao mero processo eleitoral;
- a segunda, que atribui uma implícita "maldade intrínseca" a uma organização que não escolhe seus dirigentes com base no voto da maioria.
Sobre essas falácias, confira o seguinte artigo: