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Após 116 dias de prisão ilegal, ditadura da Nicarágua divulga qual é a acusação contra bispo

Ditadura da Nicarágua detém bispo de Matagalpa, que é um dos mais de 100 religiosos católicos sequestrados, presos ou mortos em 2022. Em seu caso, o bispo permanece em prisão domiciliar, perseguido pelo regime.

Ditadura da Nicarágua detém bispo de Matagalpa, que é um dos mais de 100 religiosos católicos sequestrados, presos ou mortos em 2022. Em seu caso, o bispo permanece em prisão domiciliar, perseguido pelo regime.

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Francisco Vêneto - publicado em 15/12/22
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O regime de Daniel Ortega apela para a genérica acusação de "conspiração e fake news" para perseguir seus opositores

Após 116 dias de prisão ilegal, o bispo dom Rolando Álvarez, da diocese de Matagalpa, Nicarágua, finalmente ficou sabendo qual é a acusação que o regime de Daniel Ortega tem contra ele.

A ditadura sandinista anunciou neste dia 13 de dezembro que o bispo será submetido em 10 de janeiro a uma audiência pública na qual responderá por conspiração e difusão de notícias falsas - um expediente genérico utilizado cada vez mais disseminadamente por regimes autoritários para perseguir e calar seus opositores.

A acusação formal só foi feita após quase quatro meses transcorridos desde a detenção arbitrária do bispo, que está na capital, Manágua, em prisão domiciliar. Ele foi preso em 19 de agosto depois de um cerco policial que impediu entradas e saídas da casa episcopal durante quinze dias.

Segundo a Diretoria de Imprensa e Relações Públicas do Complexo Judicial Central de Manágua, pesam sobre o bispo de 56 anos de idade os alegados "crimes de conspiração por atentar contra a integridade nacional e divulgar falsas notícias através das tecnologias de informação e comunicação em detrimento do Estado e da sociedade nicaraguense".

O jornal local El Confidencial registra que esse mesmo tipo de acusação genérica e passível de ampla manipulação é usado pelo regime de Ortega para justificar mais de 40 prisões de adversários políticos.

O processo contra dom Rolando se estende ainda a outros acusados ligados à Igreja, como o padre Uriel Antonio Vallejos, diretor da Rádio e Canal Católico Sébaco, que foi fechada pelo governo em agosto. O sacerdote está exilado e é considerado pelo poder judiciário nicaraguense como "foragido da justiça". O país chegou a pedir a sua captura à Interpol.

A perseguição da ditadura do ex-guerrilheiro de esquerda contra a Igreja Católica piorou dramaticamente ao longo de 2022.

Além dos casos do bispo e de padres presos ou no exílio, repercutiram internacionalmente a expulsão do núncio apostólico e de congregações religiosas como as Missionárias da Caridade, assim como a censura e o fechamento de diversos meios de comunicação católicos e a proibição de manifestações religiosas como procissões que estavam em pleno andamento.