Recentemente, encontrei um comentário no Facebook dizendo que “os filhos não devem nada aos pais”. A comentarista dizia isso para corroborar a sua decisão de cortar o contato com seus próprios pais.
Não conheço a história dessa mulher, mas presumo que ela teve alguma razão dolorosa para tomar essa decisão.
Ainda assim, não pude deixar de me perguntar se a afirmação dela era verdadeira. Os filhos realmente não devem nada aos pais?
Decidi recorrer ao Catecismo, sempre uma fonte rica de sabedoria e discernimento. Eis o que aprendi:
1 RESPEITO
“A paternidade divina é a fonte da paternidade humana; nela se fundamenta a honra devida aos pais. O respeito dos filhos, menores ou adultos, pelo seu pai e pela sua mãe nutre-se do afeto natural nascido dos laços que os unem. Exige-o o preceito divino” (2214).
2 GRATIDÃO
“O respeito pelos pais (piedade filial) é feito de reconhecimento àqueles que, pelo dom da vida, pelo seu amor e seu trabalho, puseram os filhos no mundo e lhes permitiram crescer em estatura, sabedoria e graça” (2215).
“Os cristãos, têm o dever de ser especialmente gratos àqueles de quem receberam o dom da fé, a graça do Baptismo e a vida na Igreja” (2220).
3 OBEDIÊNCIA
"O respeito filial revela-se na docilidade e na obediência autênticas… Enquanto viver na casa dos pais, o filho deve obedecer a tudo o que eles lhe mandarem para seu bem ou o da família… A obediência aos pais cessa com a emancipação: mas não o respeito que sempre lhes é devido" (2216-7).
Crucial: o Catecismo esclarece que a obediência é exigida apenas para ações moralmente corretas:
“Mas se o filho se persuadir, em consciência, de que é moralmente mau obedecer a determinada ordem, não o faça” (2217).
Se a Igreja pede aos filhos adultos que demonstrem respeito e gratidão aos pais, não é correto, para um católico, afirmar que os filhos não devem nada aos pais. Às vezes, respeito e gratidão podem ser deveres difíceis, especialmente quando valores diferentes levam a conflitos constantes entre as gerações. Será de ajuda para ambos os lados darem ao outro o benefício da dúvida e orarem uns pelos outros.
Com oração, prudência e muita graça, podemos esperar e cultivar relações pacíficas e felizes entre as gerações.