Muitas luas atrás, muito antes de ser acolhido na Igreja Católica, eu era um jovem muito cheio de raiva. Eu achava que o mundo estava uma bagunça e que o meu próprio país estava ainda mais bagunçado que o resto do mundo. Como patriota de cabeça quente, decidi que era meu dever lutar pelo meu país. O que me movia era um coquetel psicológico doentio de angústia e raiva, um "animus" contra aqueles que eu considerava inimigos do meu país. Essa angústia e raiva se metamorfoseavam com muita facilidade em ódio ao meu próximo.
Por graça de Deus e pela leitura de bons livros escritos por bons homens, como G.K. Chesterton e C.S. Lewis, encontrei o meu caminho vacilante em direção à fé cristã e à Igreja Católica. Fui recebido na Igreja quando tinha 28 anos de idade, depois de já ter perdido a juventude no torpor e na névoa da animosidade movida pela raiva.
Pela graça de Deus e pela Sua mão curadora, eu não odeio mais o meu próximo, nem mesmo aqueles que me odeiam ou que odeiam a Igreja. Estou muito ciente, no entanto, do perigo de me deixar enraivecer com os caminhos do mundo e com a obstinação dos campeões da maldade no mundo. É muito fácil ceder a sentimentos de "raiva justa" e é muito fácil permitir que essa raiva comprometa o nosso amor ao próximo, um amor que não é uma opção para o cristão, mas um mandamento.
Lembro-me das palavras de Johnny Rotten, da infame banda de punk rock Sex Pistols, que se gabava de que "a raiva é uma energia". E é mesmo, mas a energia nem sempre é necessariamente boa. A raiva foi a energia dos nazistas e dos comunistas que mataram milhões de pessoas no século passado. Se permitirmos que a nossa raiva nos energize, perderemos a paz de espírito que nos permite a reconciliação com nosso Deus e com nosso próximo.
Se descobrirmos que a mídia e as redes sociais estão alimentando a nossa raiva, é hora de dar um tempo. Precisamos nos desconectar do que nos deixa com raiva para nos envolvermos de novo com o amor de Deus.