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Avós: se não existissem, seria preciso inventá-los

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Roberta Sciamplicotti - publicado em 09/05/13

A relação entre avós e netos não é comparável a nenhum outro laço afetivo e pode ser promotora de uma afetividade e uma alegria inestimáveis

A figura dos avós é fundamental no crescimento dos jovens. Por este motivo, Ezio Aceti, especialista em psicologia evolutiva, decidiu intitular seu livro como “Nonni oggi. Se non ci fossero bisognerebbe inventarli” (Città Nuova) (Avós hoje. Se não existissem, seria preciso inventá-los), para aprofundar na figura destes “verdadeiros guardiões, que velam não somente pelos netos, mas pelo mundo contemporâneo”.

Para o autor, os avós não devem ser rejeitados; ao contrário: é preciso tê-los sempre por perto, porque o que fazem é indispensável. Demonstram, de fato, que havia um “antes”, uma “raiz rica em seiva e experiência, à qual temos acesso para construir um futuro mais humano e visível”.

No livro, sublinha-se como, na complexa sociedade de hoje, os avós podem levar a cabo uma função de confiança e esperança em suas raízes e valores. É aprofundado o aspecto mais pessoal e existencial do avô e da avó, como pessoas que lutam contra o envelhecimento do corpo.

“A proximidade da morte permite viver o essencial que, muitas vezes, significa deixar as frivolidades da vida para agarrar-se àquilo que é mais humano e, ao mesmo tempo, transcendente: pertencer ao amor”. A última parte do livro apresenta depoimentos sobre quanto os avós podem estar ao serviço da humanidade e da sociedade.

Vivemos em uma sociedade na qual as tipologias de família (separadas, divorciadas, numerosas, multiétnicas, monoparentais etc.) determinam uma ampla complexidade de relações e estas lutam para ser compreendidas em profundidade pelas crianças; as relações estáveis e duradouras são questionadas e ameaçadas continuamente.

A crise não é só econômica, mas especialmente educativa, razão pela qual é necessário ter “testemunhos confiáveis, capazes de garantir a passagem de uma geração tradicional a uma pós-moderna”, observa Aceti.

As pessoas mais aptas para favorecer esta passagem são precisamente os avós, ainda que muitas vezes acabem sendo afastados, “como consequência da cultura do imediato e do efêmero, que causou o colapso da sociedade patriarcal”.

Hoje em dia, as relações são caracterizadas sobretudo pelas emoções vividas até consequências extremas, prevalecendo sobre o bom senso e a razão. Em uma sociedade que parece eternamente adolescente, sempre a ponto de precipitar-se ou exaltar-se por coisas mínimas, os idosos, para ser levados em consideração, se veem obrigados parecer ou voltar a comportar-se como adolescentes.

As famílias pós-modernas são cada vez menores, cada vez mais diferenciadas e estão cada vez mais sozinhas. Além disso, os avós são usados em tarefas de cuidados, mas com menos autoridade no campo educativo, afirma o autor.

Em um contexto que corre o risco de desintegrar-se e perder-se, no entanto, os avós podem ser aqueles que não se rendem, que sustentam os elementos mais importantes, impedindo o colapso e a destruição.

A relação entre avós e netos não é comparável a nenhum outro laço afetivo e pode ser promotora de uma afetividade e uma alegria inestimáveis, porque “os avós carregam todo um mundo. São memórias distantes, lembranças passadas que, para a criança, têm as cores do encanto e da fábula”.

Acima de tudo, os avós “talvez sejam os únicos capazes de oferecer aos netos o dom mais valioso para o futuro, porque uma sociedade se fundamenta principalmente em dois pilares: a memória dos mais velhos e o frescor dos mais novos”.

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