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Não atire com esta arma de brinquedo

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Cari Donaldson - publicado em 06/06/13

Reações exageradas nas escolas de Educação Infantil: o que aconteceu com o bom senso?

Às vezes, eu suspeito que o mundo enlouqueceu. Outros dias, eu tenho certeza disso – como me aconteceu hoje.

Eu acordei esta manhã e vi dois exemplos de histeria absoluta no noticiário. O primeiro envolveu o aluno de uma escola de Educação Infantil em Maryland: o menino levou uma arma de brinquedo para a escola, violando a política "anti-armas" da instituição. Quando isso foi descoberto, o diretor interrogou o menino de 5 anos durante duas horas, antes de notificar sua mãe. A criança agora enfrenta uma suspensão de 10 dias, que fará parte de seu currículo escolar para sempre.

O outro exemplo, que aconteceu dois dias antes, envolveu outra criança. O menino foi encontrado com uma arma de plástico Lego no bolso. As consequências da posse do brinquedo no terreno da escola foram uma detenção, um pedido de desculpas por escrito, uma possível suspensão do ônibus, e a humilhação pública, na forma de uma carta enviada a todos os pais da escola, explicando a situação.

São notícias como estas que me fazem lamentar a perda do bom senso e da compaixão.

Ambos os meninos eram alunos de colégios de Educação Infantil – cinco e seis anos de idade. Se você está familiarizado com crianças desta faixa etária, você sabe que elas ainda não assimilaram totalmente o conceito de que ações que têm consequências.

Estas crianças não são más. Não são terroristas. São apenas crianças pequenas que têm brinquedos novos e querem mostrá-los aos seus amigos. São crianças que colocam objetos em seus bolsos e depois as esquecem lá. Elas não saem por aí premeditando maneiras de espalhar medo no coração das pessoas, carregando armas de Lego no ônibus. Mas, observando as reações histéricas dos funcionários das escolas, você poderia concluir que estes eram criminosos contumazes que apresentam um claro perigo para a sociedade.

Eu sei que haverá várias pessoas que, ao ler tais notícias, pensarão: "Você se lembra de Columbine? De Pearl? De Sandy Hook? As figuras de autoridade precisam ter certeza de que estão fazendo todo o possível para evitar que tragédias como essas voltem a acontecer; por isso, regras de tolerância zero como estas são sensatas e justas".

Eu, de fato, me lembro de Columbine e Pearl. Eu era professora do Ensino Médio quando os fatos ocorreram. Eu vivo uma hora ao norte de Sandy Hook, e abracei meus filhos com horror e tristeza, quando recebi os primeiros relatos dos tiroteios. Lembro-me sim, e eu acho que essas regras de tolerância zero, na verdade, agravam o problema.

Veja o perfil de um atirador de escola. Ele se caracteriza pela incapacidade de integrar socialmente. Ele é incapaz de expressar adequadamente sua agressão e mostra um déficit acentuado na compaixão. Normalmente, os tiroteios em escolas são bem planejados, por um longo tempo.

Agora veja as ações dos funcionários histéricos da escola. Em vez de aproveitar a oportunidade para educar na compaixão e abraçar um momento de aprendizado sobre o fato de que as ações têm consequências, de maneira adequada à idade das crianças, estes adultos estão envolvendo as crianças em uma vergonha pública.

Uma carta enviada às casas de cada família da escola, detalhando a presença de um brinquedo Lego no bolso de um aluno da Educação Infantil, certamente não visa a assegurar a integração social do "infrator". Um interrogatório de duas horas a uma criança de cinco anos não se justifica e não pode produzir resultados positivos.

Ações como esta só servem para afastar as crianças dos adultos, e preparam o terreno para a criação do tipo exato de isolamento social e agressividade que estamos tentando evitar.

Mas isso é muito mais fácil, não é? É muito mais fácil criar políticas de tolerância zero e evitar qualquer nuance do pensamento. É mais fácil agir como se estivéssemos usando o martelo da justiça que educar na compaixão e na misericórdia. Melhor forçar uma agenda anti-armas que ajudar suavemente a criança a entender que as ações têm consequências.

À luz destes dois eventos nas mãos de administradores escolares, duas pequenas gotas em um balde crescente de reações anti-crianças nas questões de armas, é ainda mais importante que os pais se lembrem que eles, os pais, e não o sistema de ensino, são os principais educadores de seus filhos

Tags:
EducaçãoFilhosTerrorismoViolência
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