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Uma sociedade tolerante é aquela onde os cristãos também possam viver

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Inma Alvarez - publicado em 06/06/13

Crescem os casos de violência anticristã por radicais de esquerda em muitos países da União Europeia

Gudrun Kugler é uma jovem mulher e mãe bem conhecida nas instituições europeias: teóloga e advogada católica nascida na Áustria, dirigiu durante três anos a World Youth Alliance-Europe, que representa mais de 1 milhão de jovens de 100 países perante a União Europeia e a ONU.

Após uma breve passagem pela política, atualmente ela integra o Observatório da Intolerância e Discriminação contra os Cristãos na Europa. O Observatório acaba de divulgar um informe em que documenta 67 crimes de ódio anticristão na Europa nos últimos 12 meses. A Aleteia conversou com Kugler.

O informe fala de limitações quanto à objeção de consciência. De que campos estamos falando?

A objeção de consciência é um compromisso da sociedade. Os procedimentos estão legalizados, mas muitos não se sentem confortáveis com eles. Uma sociedade ideológica tenta erradicar a objeção mediante a repressão. Só os valentes seguem adiante.

Não se trata só de procedimentos médicos, ainda que neste campo seja mais gritante. Pense no aborto: não só a permissão está implicada, mas também os anestesistas, as enfermeiras, os administradores… Onde a eutanásia está legalizada, o problema aumenta. Mas também afeta farmacêuticos, que em muitos países são obrigados a vender a pílula do dia seguinte. Outra área é a dos funcionários do Registro civil, com a legalização das uniões homossexuais.

Uma sociedade tolerante deveria buscar um entendimento razoável, mas a sociedade ideologizada na Europa diz: não, queremos que você se submeta. Não há outra opção.

A Europa caminha para uma maior discriminação dos cristãos? Há dados objetivos que permitem analisar as tendências futuras?

Infelizmente não há ainda estatísticas comparativas. Estamos em um momento crucial. Se muitos cristãos permanecerem silenciosos e tímidos como estão agora, vamos enfrentar uma piora da situação. Se os cristãos falarem e se mobilizarem, se voltarem à política de uma forma comprometida, poderemos mudar o rumo.

Punem-se as crenças religiosas em geral ou especialmente o cristianismo? 

Ambos fenômenos existem. Na Europa, há uma desconfiança geral pela religião. O secularismo nos diz: a fé é para os fracos. A fé não tem nada a ver com a razão. A fé deveria ser praticada só no âmbito privado. Uma opinião inspirada pela fé não deveria ser permitida em praça pública. Isso afeta todas as religiões, ainda que as pessoas em geral sejam mais respeitosas, e mais temerosas, ao dizer isso abertamente contra muçulmanos e judeus.

Mas há uma hostilidade específica contra o cristianismo. As pessoas acreditam que sabem do que estão falando. É “chic” e moderno ser crítico das tradições dos próprios avós – que valentes, que avançados! É como um pêndulo: antes o cristianismo gozou de muita influência, agora se percebe erroneamente que é ser valente estar contra ele. É como uma reação de adolescentes em intelectuais e artistas. Muita gente entra nessa onda como uma moda.

Além disso, há grupos de pressão com fortes convicções que se opõem ao cristianismo. Tentam ajudar sua causa tornando a opinião cristã impossível ou ridícula. Esses grupos não duvidam em defender leis intolerantes que proibirão essas outras opiniões no espaço público.

O Parlamento europeu está emanando muitas diretrizes europeias a favor do “casamento” gay, do aborto, etc, que se chocam com muitas crenças cristãs. A União Europeia está fazendo uma engenharia social pelas costas dos cidadãos?

As instituições políticas só são boas quando pessoas as gerenciam. Infelizmente, uma geração inteira de líderes tem uma agenda que é problemática para os cristãos. Mas não é sua culpa em primeiro lugar – é culpa dos seus pais, escolas, pastores e sacerdotes. As instituições europeias têm um problema adicional: estão muito distantes das preocupações das pessoas. Não há uma praça pública em que os europeus possam discutir o que acontece. Em parte pelas diferentes línguas e culturas implicadas. Isso leva a uma forma de fazer política ideológica que não pode ser confrontada pelos cidadãos.

O maior problema que vejo atualmente na União Europeia é a legislação sobre a igualdade de trato, que é muito perigosa: diz às pessoas como têm de tratar umas às outras. A União Europeia tem uma quinta diretriz sobre a igualdade de trato que deverá – quando adotada – obrigar os negócios privados a não diferenciar entre clientes homossexuais e heterossexuais, ou entre clientes de diferentes credos. 

Isso soa bem, claro. Mas pense em uma agência de viagens cristã; numa editora que não queira imprimir uma revista gay, como aconteceu recentemente na Irlanda do Norte. Negócios honrados que pagam seus impostos terão de fechar em nome da igualdade. E quanto um mais fala de igualdade de trato, mais gente se sente discriminada.

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