Quantos homens e mulheres deixaram de ser felizes porque tiveram medo de assumir sua independência
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Não seria ironia dizer que o grito do jovem Pedro I às margens do Ipiranga significava não apenas a independência do Brasil, mas a sua própria. Afinal, não é este o maior desejo de um jovem de 23 anos? O pai bom educa os filhos para a independência, enquanto que o pai mau os educa para que não se distanciem dele, faz com que sejam sempre dependentes e subjugados às suas vontades.
O Brasil tornou-se independente de Portugal, mas seu povo ainda vive sob a herança da monarquia. O distanciamento de seus líderes, a falta de fiscalização, a utilização do voto em troca de favores e um excessivo respeito humano temerário configuram a mesma cultura patriarcal paternalista dos tempos de colônia. Sem uma verdadeira independência não há liberdade e sem liberdade o indivíduo sucumbe em seu desenvolvimento, pois não pode agir com responsabilidade.
A direção adotada por alguns partidos com o intuito de se implantar o socialismo é equivocada, pois não liberta, ao contrário, serve aos mesmos interesses de manutenção do poder e de dependência do povo, ao final, é mais uma sequência do patriarcalismo.
Na obra V for Vendetta (V de Vingança), o controverso personagem V, de quem os jovens tiram a inspiração da máscara para as manifestações, profere sua mais bela e significativa frase dirigindo-se à jovem por quem se apaixonara após tê-la ajudado a vencer o medo: “Então, não tens mais medo, estás verdadeiramente livre!”. Enquanto os olhos brilhantes dos jovens de cara pintada cruzam as avenidas mais importantes do país, esperançosos pela construção de uma nação verdadeiramente livre e independente, em Brasília e em muitos setores da sociedade alguns não conseguem desviar seu olhar da cultura do medo.
Quantos homens e mulheres deixaram de ser felizes porque tiveram medo de assumir sua independência. Onde ainda estaria o Brasil se o jovem Pedro I por medo do pai não tivesse dado o seu grito?
Durante os dias de protestos no Brasil surgiram inúmeras teorias sobre a real causa das manifestações, pensadores, políticos, jornalistas, líderes religiosos, cientistas de diversas áreas lançaram suas mais espetaculares teorias, desde uma manipulação de órgãos internacionais à tentativa de um golpe militar, desde a manipulação do partido do Governo à manipulação da oposição, entre outras tantas. Falou-se do fascismo da extrema direita e do comunismo da extrema esquerda. E onde estava o povo? Aliás, o termo “povo” tem a ver com massa, com juntar todo mundo e tratar de forma “igual”.
Quem saiu às ruas não foi uma massa, foram pessoas com nomes, histórias, experiências e sonhos! Não vi nenhum membro de forças ocultas visitando os jovens de São José dos Campos durante a noite e convencendo-os a saírem para as ruas.
Uma cultura se modifica com o confronto, um filho conquista sua independência quando toma uma atitude responsável diante dos pais. O Brasil aos poucos vai compreendendo que o político não é um ser superior, que o governo não é pai nem mãe. A democracia acontece quando todos compreendem que a política é um serviço e não um status de poder e que cada membro da sociedade tem sua responsabilidade.
Nada de ilusão! A sociedade se transforma, evolui, mas o sistema ainda é falho, está engessado. Os que estão no governo não sabem fazer uma política saudável, não sabem respeitar a independência do povo. Nas próximas eleições todos os cidadãos jovens, adultos, idosos e crianças receberão a visita dos candidatos com dizeres maravilhosos, uma foto sorridente com um material publicitário caríssimo e muito bem feito, oferecendo algo que seja importante para você e em troca pedirá aquela “forcinha”! Lembre-se: Quando não mais tiver medo, será “verdadeiramente livre!”