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O falso dogma de que o homem é apenas um animal a mais

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Alvaro Real - publicado em 27/06/13

O verdadeiro conflito acontece entre fé e ateísmo, não entre fé e ciência

"O homem estuda o chimpanzé, mas o chimpanzé não estuda o homem", afirmou o catedrático e professor honorário de Linguagens e Sistemas da Universidade Autônoma de Madri, Manuel Alfonseca, durante usa intervenção na jornada "Ciência, fé e busca da verdade", realizada na Universidade CEU-San Pablo (Madri) na semana passada.

A Aleteia conversou com o professor Manuel sobre as diferenças entre o ser humano e as demais espécies e sobre quando houve essa diferenciação. "Este ponto crítico que separou o homem dos outros animais se adapta perfeitamente ao momento em que Deus começou a infundir a alma nos seres humanos, empregando a terminologia clássica", explicou.

"Os biólogos ateus conseguiram estabelecer um 'dogma' segundo o qual a evolução não teria direção e o homem seria apenas um animal a mais. Este dogma é claramente falso, como se percebe ao analisar os dados reais", afirmou o catedrático da Universidade Autônoma de Madri.

Em sua intervenção, você mostrou as diferenças entre o homem e o chimpanzé. O ser humano não é um animal como os outros?

Obviamente, não. O homem é uma espécie única entre os seres vivos. Pela primeira vez, desde a origem da vida, para bem ou para mal, uma só espécie foi capaz, por si só, de modificar profundamente o aspecto do nosso planeta.

A superfície das selvas tropicais se reduz; extingue-se uma proporção importante das espécies restantes de seres vivos; aparecem buracos na camada de ozônio; muda a composição da atmosfera; parece que caminhamos rumo a uma mudança climática provocada pelo homem; o céu noturno se inunda de luz; e, pela primeira vez na história, a Terra se tornou emissora de ondas eletromagnéticas de baixa frequência (rádio de micro-ondas), o que faz que nossa existência seja detectada por hipotéticas inteligências extraterrestres.

Níveis anteriores de vida provocaram mudanças importantes (como o surgimento de uma atmosfera com oxigênio), mas isso foi feito por reinos completos e o processo demorou bilhões de anos. Agora, no entanto, uma só espécie, a nossa, conseguiu tudo isso em poucos milênios – um tempo brevíssimo em relação à história da Terra.

Onde se encontra, então, o salto qualitativo do ser humano dentro da espécie animal?

Do ponto de vista fenomenológico, em sua capacidade de processar informação e armazená-la fora do corpo. Não sabemos em que momento exato se atravessou o ponto crítico (deve ter sido pelo menos há 50 mil anos, mas pode ter sido antes), mas é evidente que agora estamos do outro lado.

Você também falou de três tipos de informação: a informação contida no DNA, a informação física proporcionada pelo sistema nervoso e a informação cultural, genuinamente humana. Há similitudes e diferenças entre o ser humano e os demais animais?

Quanto à informação genética, o homem não domina as outras espécies. Seu genoma é bastante parecido com o do chimpanzé. Existem espécies com mais informação genética que nós (o recorde é de um peixe).

Quanto à informação contida no sistema nervoso, o homem é claramente superior a qualquer outra espécie, incluindo o chimpanzé. Seu cérebro é o maior (em proporção ao corpo) e o mais complexo. Parece claro que foi isso que nos fez atravessar o ponto crítico.

Quanto à informação cultural, que se armazena fora do corpo, superou as duas anteriores há cerca de 3 mil anos, com a invenção da escrita. Há duas décadas, é significativamente superior, à medida que se estendem a internet e a web mundial. Além disso, toda esta informação está agora (ou estará em breve) ao alcance de quase qualquer pessoa.

Por que existe tanto interesse em equiparar o homem aos outros animais, tirando dele características fundamentais, como o anseio de transcendência?

Por motivos óbvios, os ateus têm interesse nisso, ainda que nem todos. Existem biólogos muito importantes que não concordam, e alguns não são crentes. Mas os biólogos ateus conseguiram estabelecer um "dogma" segundo o qual a evolução não teria direção e o homem seria apenas um animal a mais. Este dogma é claramente falso, como se percebe ao analisar os dados reais.

Ciência e fé podem se unir no conhecimento do homem?

Com certeza. Em minhas palavras durante o encerramento da jornada, falei precisamente disso. Não existe conflito entre ciência e fé. O suposto conflito é uma construção fictícia idealizada pelos ateus para apoderar-se do prestígio social da ciência.

O verdadeiro conflito acontece entre fé e ateísmo, o que é muito mais lógico. Escrevi um artigo que desenvolve precisamente esta questão.

Para terminar, eu gostaria de dizer que a minha conferência se manteve em todo momento dentro do âmbito puramente fenomenológico, sem mencionar questões relacionadas à transcendência. Neste contexto, eu acrescentaria que este ponto crítico que separou o homem dos outros animais se adapta perfeitamente ao momento em que Deus começou a infundir a alma nos seres humanos, empregando a terminologia clássica.

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