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A guerra da vergonha

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Manuel Bru - publicado em 06/09/13

Francisco se opõe à guerra na Síria com a mesma firmeza de João Paulo II quanto ao Iraque. Mas a opinião pública católica reagiu da mesma forma?

Já dizia Noelle Neumann, a autora da Espiral do Silêncio, que, em última instância, a opinião pública não é outra coisa senão a opinião que somos capazes de dar sem ficar corados. Por ocasião do ímpeto belicista do presidente Obama para intervir na Síria, seria interessante dar uma olhada nos "ecos" do debate público para ver como as coisas mudam.

Não se passaram tantos anos desde o "não à guerra" da esquerda. Mas agora, o clã dos atores e cantores subsidiados está mudo e os políticos que lhes davam as ordens, quando dizem algo, falam baixinho.

Poderíamos dizer a mesma coisa do mais circunspecto, mas igualmente firme "sim à guerra" da direita, na qual se despertou uma espécie de devoção às cautelas das Nações Unidas. Por motivos óbvios, não me deterei em um aprofundamento nas razões desta mudança, como que o Obama não é tão diferente do Bush, nem Rajoy tão parecido com Aznar.

No entanto, eu gostaria de aprofundar na repercussão deste relaxamento do debate público no âmbito eclesial. Com a mesma firmeza com que o Beato João Paulo II se opôs à intervenção militar no Iraque, o Papa Francisco se opôs à intervenção militar na Síria. E a opinião pública católica, como reagiu agora? Como naquele então?

Poderíamos fazer um paralelismo com a opinião pública em geral: predomina um vergonhoso silêncio. Para salvar o paralelismo, podemos constatar que, com um presidente norte-americano democrata e, além disso, Prêmio Nobel da Paz, alguns setores eclesiais não mostram o mesmo pacifismo. Mas são minoria.

Onde o paralelismo cai como uma luva é na reação de muitos católicos conservadores, que então apoiavam a intervenção militar abertamente e que, no entanto, agora ficam mudos. Não o fazem para desobedecer o Papa Francisco, a quem continuam observando com inconfessável receio, mas porque a direita política se calou.

Uma considerável parcela do catolicismo segue a direita política cegamente, enquanto rotula de "intromissão na política" tanto os eventuais pronunciamentos do magistério sobre questões temporais, como os princípios da doutrina social da Igreja nos quais estes se fundamentam.

A única oportunidade para a paz e a justiça, na Igreja e no mundo, é sempre a oportunidade das ideias, não das ordens.

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