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Se a Madre Teresa estivesse viva, estaria na Síria ajudando as pessoas

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Chiara Santomiero - publicado em 06/09/13

Entrevista exclusiva com Franca Zambonini, autora da biografia da beata de Calcutá, "O lápis de Deus"

A Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu criar o Dia Internacional da Caridade, que foi comemorado pela primeira vez este ano, no dia da morte da Madre Teresade Calcutá, 5 de setembro.

Por outro lado, quem, além da Madre Teresa, se tornou paradigma do amor incondicional ao próximo? O ano de 2013 marca também os 10 anos da beatificação da religiosa fundadora das Missionárias da Caridade, proclamação feita por João Paulo II em 19 de outubro de 2003.

A Aleteia conversou sobre o extraordinário carisma desta pequena religiosa com a jornalista italiana Franca Zambonini, que foi vice-diretora do jornal Família Cristã e conheceu bem de perto a Madre Teresa, descrevendo-a no livro "O lápis de Deus", expressão que a própria beata gostava de utilizar referindo-se a si mesma.

Como foi seu primeiro encontro com a Madre Teresa?

Eu a encontrei aqui em Roma, quando ela veio à Accademia dei Lincei para receber o primeiro Prêmio Balzan pela humanidade, paz e irmandade entre os povos, que lhe foi outorgado devido à abnegação que a caracterizava em sua dedicação aos pobres.

Como os demais jornalistas presentes, eu lhe fiz algumas perguntas, e ela me disse: "Aqui eu me sinto fora de lugar. Venha comigo para Calcutá". Isso me pareceu uma ideia estranha na hora, mas um mês depois eu fui, e lá entrevistei as pessoas que a conheciam e ajudavam. Uma experiência exaustiva e fascinante: dela nasceu o livro "O lápis de Deus".

O que mais lhe chamou a atenção na Madre Teresa?

O que mais impressionava todo mundo era ver nela uma pessoa extremamente determinada, muito firme em suas convicções, mas ao mesmo tempo disponível, bondosa.

Ela era pequena, muito baixinha, era preciso abaixar-se para conversar com ela, mas tinha uma personalidade fortíssima, e dava rápidas e agudas respostas. Ninguém podia lhe dizer "não"; não porque era considerada santa em vida, mas pela sua capacidade de atrair as pessoas.

Isso também aconteceu com você?

Sim! Depois da queda de Enver Hoxha, o ditador albanês, a Madre Teresa conseguiu voltar ao país de origem dos seus pais, onde abriu um lar para mulheres idosas e pobres. Eu tinha ido à Albânia para acompanhar as primeiras eleições livres de 1991 e a encontrei lá.

"Ao invés de ficar aí sempre escrevendo, porque você não nos ajuda?". Foi assim que eu deixei o meu caderno e comecei a descarregar sacos de arroz. Seu jeito de ser meio brusco, mas afetuoso, convencia todos: uma petição sua parecia uma ordem!

Em Calcutá, havia muitos voluntários europeus, mas sobretudo americanos, bem disponíveis, que iam se encontrar com os pobres para ajudar. A Madre Teresa produzia um grande fascínio, ao conquistar as pessoas. No Líbano, com sua capacidade organizativa e a ajuda dos voluntários, ela conseguiu ajudar milhares de jovens.

Se ela estivesse viva, o que faria diante da crise na Síria?

Ah, ela teria ido para lá imediatamente, com algumas missionárias e voluntários. Iria para ajudar, mas também para condenar o uso das armas químicas que massacraram os inocentes.

A Madre Teresa foi acusada de não incidir nas causas profundas da pobreza…

A Madre Teresa não lutava contra a pobreza, que é uma ideia genérica, mas ajudava "o" pobre. Neste sentido, ela não se ocupava da política, mas da ajuda imediata. Por outro lado, não era sua tarefa eliminar as causas da pobreza e do mal-estar social.

De onde vinha sua força?

A fé era a sua fonte; ela era profundamente religiosa. Conseguia ser uma mística e uma manager, duas coisas aparentemente irreconciliáveis. Uma grande organizadora, genial ao realizar as coisas, mas, quando rezava, ela mergulhava profundamente no colóquio com Deus.

Como todos os grandes místicos – São João da Cruz, Santa Teresa de Ávila –, ela passou por períodos de escuridão, mas sua fé não diminuiu.

O que nos resta hoje dos seus ensinamentos?

Seu exemplo, o que ela fez, o que sacrificou dela mesma por amor ao próximo. É um exemplo muito difícil de seguir de forma radical, mas isso não depende de estar em uma época de crise ou não: quando a pessoa é generosa de coração, sempre encontra uma maneira de ajudar.

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