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Os problemas práticos da abordagem pastoral

The Practical Problems of the Pastoral Approach – pt

Mazur/UK Catholic

Aleteia Vaticano - publicado em 11/11/13

A "abordagem pastoral" pode ser vista como uma "autorização" para que o padre não siga as leis da Igreja, mas não é isso que o Papa Francisco ensina

Cada pastor conhece as dificuldades de aplicar o ensinamento da Igreja às relações humanas na hora da prática. As questões espinhosas da contracepção artificial, coabitação, divórcio e novas uniões, uniões entre pessoas do mesmo sexo, adoção e novas tecnologias de fertilidade apresentam-se à Igreja Católica com dilemas e dificuldades nunca imaginados em uma era pré-moderna.

Esta semana, o Vaticano emitiu uma pesquisa global sobre estas e outras questões para preparar o sínodo dos bispos em 2014, seguido por outro em 2015. Os sínodos formularão "diretrizes de trabalho na pastoral da pessoa e da família". Lorenzo Baldisseri, cabeça do Sínodo dos Bispos, disse aos jornalistas que o tema da reunião "reflete muito bem o zelo pastoral com o qual o Santo Padre deseja aproximar a proclamação do Evangelho à família no mundo de hoje".

A "abordagem pastoral" às vezes é vista como um código para que os padres fechem os olhos diante das leis da Igreja. Se um sacerdote permite que duas pessoas divorciadas que se casaram novamente, mesmo sem ter um decreto de nulidade, recebam a comunhão, ele pode dizer que fez isso "por razões pastorais". Um padre pode assistir a uma cerimônia de casamento entre pessoas do mesmo sexo alegando que ele está apoiando o casal "por razões pastorais" também.

Se o público em geral acha que isso é o que o Papa Francisco e os bispos católicos querem dizer com a expressão "cuidado pastoral", está muito enganado. O fato é que há muito pouco que o Papa Francisco e os bispos podem mudar sobre a doutrina católica acerca do matrimônio e da vida familiar. A doutrina católica sobre a sexualidade está firmemente ligada à doutrina sobre o casamento, e os ensinamentos sobre o casamento são derivados da lei natural, da Sagrada Escritura e dos ensinamentos de Jesus Cristo.

O Papa não vai, de repente, dizer que a convivência fora do casamento é boa, que o casamento homossexual é permitido, ou que agora é fino e elegante para os católicos se casarem novamente após o divórcio.

O que o Papa Francisco e os bispos farão será recomendar diretrizes sobre as melhores formas de comunicar a doutrina católica, formas mais pastorais, para ajudar as pessoas a entenderem e trabalharem com os ensinamentos que sempre foram verdadeiros sobre as relações humanas. A Igreja Católica sempre esteve presente para ajudar as pessoas a viver integralmente, de forma saudável e feliz – não para puni-las ou rejeitá-las.

Sempre que eu preciso lidar com as realidades das relações humanas, explico que a doutrina católica sobre o casamento é simples na teoria, mas complicada na prática. Mas a abordagem pastoral certa não significa dar uma espécie de boas-vindas aos comportamentos ilícitos. Em vez disso, o bom pastor acolhe todos e trabalha pacientemente com eles para explicar os ensinamentos da Igreja e acompanhá-los no caminho de volta à plena comunhão com Cristo e sua Igreja.

A "abordagem pastoral" que simplesmente tolera comportamentos que vão contra o ensinamento da Igreja geralmente é feita por um bom motivo. O pastor bem-intencionado não quer afastar as pessoas. Ele quer oferecer às pessoas as boas-vindas de Cristo e da misericórdia do Pai.

O que esses pastores bem intencionados muitas vezes esquecem é que tolerar um comportamento em nome da bondade significa desrespeitar os outros e ser cruel com eles. Assim, por exemplo, quando um pastor faz vista grossa para um casal que decidiu morar junto antes do casamento, ele dá um tapa na cara do público e de todos os casais fiéis que esperaram até o casamento para morar juntos.

Quando o pastor bem-intencionado administra a comunhão a um casal que se divorciou e se casou de novo, achando que está sendo gentil, ele ignora o fato de que acaba insultando e escandalizando todos os outros casais que passaram pelo longo e muitas vezes doloroso processo de buscar um decreto de nulidade antes de voltar à comunhão.

O problema para os pastores da Igreja é complexo e enorme. É bom saber que o Papa Francisco está convidando os bispos em conjunto para encontrar uma solução.

A solução que eles encontrarem terá de defender o ensinamento da Igreja, por um lado, sugerindo caminhos positivos no cuidado pastoral, evitando a resposta fácil de simplesmente dizer que "vale tudo".

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CasamentoDoutrinaFamíliaIgrejaPapa FranciscoSínodo
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