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U2: Bono Vox e sua busca de Deus

U2 – pt

© John Wright

Enrique Chuvieco - publicado em 03/12/13

Apoteose e incoerências religiosas fazem parte da trajetória de uma das bandas de rock mais importantes do mundo

"Ou Jesus era quem dizia ser, ou realmente foi um louco. É preciso tomar uma decisão. E eu acredito que Jesus é o Filho de Deus." Esta foi a afirmação contundente de Bono Vox (Paul David Hewson, Irlanda, 1960), líder indiscutível de uma das bandas de rock mais polifacéticas e influentes das últimas décadas, em uma entrevista de maio deste ano à emissora FOFT em Nova Iorque, onde o grupo grava seu 13º álbum, quatro anos depois de No line on the horizon.

Falar de Bono é falar do U2. Ainda que a banda irlandesa seja formada também por The Edge, Larry Mullen e Adam Clayton, Bono é a voz do grupo que, desde seu início, manifestou sua idiossincrasia cristã em entrevistas e canções.

Na citada entrevista, o tão carismático como provocador Bono afirmou que, em sua loucura, o Evangelho é simples, pois "um bebê nasce em um presépio, em um tempo particular e em uma comunidade particular… Então, não é preciso ir à universidade ou fazer um doutorado para entender isso, basta ir à pessoa de Cristo".

A rebeldia dos anos 90

Apesar disso, Bono e os demais componentes do grupo (com exceção de Clayton, que sempre se declarou agnóstico) passaram por uma crise de fé na década de 90, o que os levou aos excessos de álcool, sexo, drogas, ao divórcio de The Edge e a uma fratura no grupo carismático ao qual pertenciam, como reconheceu Bono: "Fui em busca do espírito e encontrei o álcool; fui em busca da alma e comprei a moda; quis encontrar Deus, mas me venderam religião" (em alusão aos pregadores americanos).

Em Achtung Baby (1991), temos um som industrial desumanizado, que nos apresenta fotos provocantes do seu cantor. A luxúria invade alguns dos seus temas e surge um perfil feminino de Cristo em One, que depois seria a trilha sonora do filme "Em nome do Pai" (1993), como informa José Segovia, em um completo artigo sobre o grupo.

Com Zooropa (1993), nós os vemos travestidos de glam-rock, lançando mensagens contraditórias em seus concertos. Bono se vestiu de diabo, inspirado, segundo ele, em "Cartas do diabo ao seu sobrinho", de C. S. Lewis. A grandeza exuberante de Bono transforma sua encenação em uma pantomima, com uma verborreia enigmaticamente frívola em suas alusões ao Anjo caído.

Este aparente desatino do U2 parece evidenciar sua for interna por ter perdido a clareza de antes. Ocasionalmente, abre-se uma fresta e toda a ferida fica à mostra, como em The Wanderer, em que Bono denuncia a futilidade de uma vida sem Deus: "I went out there in search of experience / To taste and to touch and to feel as much / As a man can before he repents" (Eu saí à procura de experiência / Para experimentar, tocar e sentir / Enquanto o homem puder antes de se arrepender).

Parece que Bono encarnou isso e, com Pop (1997), ele fecha a trilogia dos anos 90, na qual o grupo buscou avidamente experiências mais voltadas para o sucesso no qual estavam montados – e que concluíram em lugares vazios de esperança e verdade, sua grande motivação no início dos anos 80.

Como tudo começou

O U2 nasceu em um colégio de Dublin chamado Mount Temple. Era a única escola não confessional; porém, mais de 100 alunos se reuniam todas as manhãs para orar. Foi lá que os integrantes da banda se conheceram; foi lá que Bono encontrou um professor cristão que depois seria pastor anglicano e celebraria seu casamento, em 1982, com uma de suas colegas, Alison Stewart, com quem ele ainda está casado e de cuja união nasceram quatro filhos – a quem ele dedicou numerosas músicas.

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