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O “ciclone Francisco” na América Latina: uma análise

wyd 2013 – pt

© Ronaldo Correa/JMJ Rio 2013

Alver Metalli - publicado em 28/01/14

Conversão pastoral e missão continental: conversa com Carlos Aguiar, presidente do CELAM

Carlos Aguiar, mexicano e ex-presidente da conferência episcopal do seu país, é presidente do CELAM desde 2011, dirigindo agora o principal organismo colegiado da Igreja latino-americana durante o papado de um filho destas terras. Segundo ele, é uma época exigente, feita de continuidade e novidade.

O prelado afirma encontrar estes dois elementos na “Evangelii gaudium” do Papa Francisco: a continuidade com quem o precedeu, na centralidade que ocupa a mensagem essencial que a Igreja transmite às pessoas; a novidade na linguagem direta e simples, no realismo objetivo com que o Papa aceita o complexo e difícil momento da história com o otimismo próprio de quem confia em Deus e em sua providência.

“Octogesima adveniens”, “Populorum progressio”, “Mater et magistra”: há muitas citações no documento do Papa Francisco, tiradas de documentos “sociais” um pouco esquecidos, sim, mas que, para o presidente do CELAM, são de extraordinária atualidade nos tempos que vivemos.

Nada de terceiro-mundismo, e muito de Santo Agostinho, São Tomás, Vaticano II, Catecismo da Igreja Católica e Aparecida em 2007. Aparecia é a chave do percurso do último trajeto da história da Igreja na América Latina, e representa para ela o que a “Evangelii gaudium” representa para a Igreja universal. O foco é claro e o presidente do CELAM o identifica com duas expressões: conversão pastoral e missão continental.

“O Papa Francisco nos disse com toda clareza que não podemos ficar tranquilos e satisfeitos com ações missionárias esporádicas; devemos gerar uma transformação interior das próprias estruturas eclesiais a partir da missão; não podemos esperar que os fiéis venham ao templo: é a Igreja que deve se misturar nos lugares em que as pessoas estão.”

Aborto, casamento gay, adoção por parte de casais homossexuais e agora também a maconha livre… São temas candentes em um número cada vez maior de países da América Latina, e a Igreja não parece ter a força necessária para enfrentar com eficácia as legislações permissivas que nascem como consequência.

Carlos Aguiar não minimiza as dificuldades, mas prefere fazer notar os casos em destaque. “De onde menos se espera há apoios, e onde mais se espera, eles não existem”, afirma.

“O ideologia do bem do Estado e da conveniência de Estado, própria do marxismo comunista, está em crise há 20 anos, dando lugar a um ultraliberalismo dos direitos individuais. Acho que a esquerda de hoje compreende melhor que a família é a melhor defesa contra a agressividade selvagem do mercado para preservar a solidariedade e a amizade social desejadas.”

O Papa Francisco também trouxe mais unidade entre as igrejas do norte e do sul da América. “No mês de fevereiro – antecipa Aguiar –, faremos o encontro anual entre a conferência episcopal do Canadá, dos EUA e o CELAM, com a participação dos diversos presidentes de conferências episcopais da América Latina.”

Mas haverá uma novidade que Aguiar anuncia com satisfação: “A Igreja do Canadá e a dos EUA querem fazer própria a missão continental em seus respectivos países. Um grande resultado”.

(Artigo completo publicado originalmente por Tierras de América)

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