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As confissões de Davos

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© PEDRO REY / AFP

Niños buscan metales para reciclar en un vertedero en las afueras de Caracas

Manuel Bru - publicado em 03/02/14

O engano do sistema econômico atual

Em janeiro, o mundo da economia sofreu a perda de um dos seus prêmios Nobel, o norte-americano Dale Mortensen, que demonstrou que até no mais perfeito cenário da economia de mercado nunca haveria pleno emprego, mas uma voluminosa “bolsa de greve” de consequências sociais perniciosas, pelo simples fato de que a lei da oferta e da demanda exige “fricções” na busca de emprego, só parcialmente resolvidas se o sistema público e a sociedade civil fazem a sua parte para agilizar os “modelos de busca de trabalho”, que o mercado por si só é incapaz de conseguir.

A perda de Mortensen aconteceu às vésperas do Fórum de Davos, no qual também dois grandes economistas foram politicamente incorretos:

Em primeiro lugar, Joseph Stiglitz, que recebeu o Nobel de Economia no ano passado, explicou que o estancamento do salário médio no mundo desenvolvido, há 40 aos, faz que cada fase de crescimento do consumo se financie mediante aumentos da dívida que são uma permanente fonte de bolhas de crédito.

Em outras palavras, menos participação nos lucros, exigência desmesurada do consumo, endividamento crescente, e a bolsa se rompe ciclicamente. Por isso, o viés na distribuição da renda a favor dos mais ricos, diz Stiglitz, “não é somente um problema social, mas está contribuindo para o pobre rendimento da economia”.

Em segundo lugar, o também Nobel de Economia Bob Shiller explicou, nesta mesma linha, como uma sociedade cada vez mais desigual gera comportamentos mais especulativos, porque, quando a brecha da desigualdade cresce, as pessoas temem que o Estado do bem-estar desapareça, e busca supri-lo com suas próprias seguranças, inflando tanto a bolha imobiliária quanto a dos investimentos na bolsa, endividando-se mais. Tal explicação polemiza com a teoria dos mercados eficientes do outro prêmio Nobel do ano passado, Eugene Fama.

O Papa Francisco, que não faz “reflexões piedosas” em sua exortação apostólica “Evangelii gaudium”, mas se posiciona no debate econômico partindo da doutrina social da Igreja, denuncia no documento o engano dos que querem nos convencer de que o sistema derrama bem-estar, quando o que derrama é desigualdade.

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EconomiaIgrejaPapa FranciscoSociedade
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