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A Igreja que descobri ao batizar minha filha

Baptism in the Sistine Chapel – pt

© ServizioFotograficoOR/CPP

January 12,2013: Pope Francis leads a special Baptism ceremony at the Sistine Chapel in the Vatican.

Alfa y Omega - publicado em 13/06/14

“Eu nunca havia sido tão bem tratada”, conta a mãe, que vive em união livre

Como acolher pais não casados ou afastados da Igreja que pedem o Batismo para sua filha? Esta é uma das problemáticas que serão abordadas no sínodo dos bispos sobre a família.

A paróquia Bom Sucesso, de Madri, foi o cenário da seguinte história:

“É que nunca haviam me tratado tão bem assim, com tanto carinho…” A mulher chorava. Chorava muito. Mas sorria também, atrás dos seus óculos coloridos. Até seu companheiro, que ainda não é seu marido, mas sim pai da criança, pensa agora que “a Igreja não é o que parecia ser”.

A menina tem 3 anos. Depois de um longo tempo afastada dos sacramentos, afastada da Igreja, a mãe foi até uma paróquia que lhe haviam indicado e que não estava muito longe da sua casa.

Havia algo nela que lhe indicava o caminho correto: sua filha frequenta um colégio católico. As freiras não haviam influenciado diretamente no Batismo da menina, mas sim sutilmente. E sua avó levava três anos tentando com menos sutileza… O Espírito Santo sabe o que faz.

No dia em que nos conhecemos, na primeira entrevista de catequese, a atitude de Elena era reservada, expectante, um pouco defensiva. Ela chegou solicitando uma data para o Batismo e acabou encontrando algumas condições: sessões de catequese e revisão da cerimônia com o celebrante. Ou seja, não seria algo imediato.

Essa primeira sessão complicou um pouco mais as coisas, pois, dada a situação dos pais (não casados, afastados da Igreja), era preciso trabalhar um pouco mais. E pedir que o pai também participasse da catequese. E revisar quem seriam os padrinhos. Mas houve algo muito bom: eles haviam se sentido rejeitados em outros lugares e aqui nós os acolhemos.

Porém, uma coisa é acolher e outra, dar a razão. Na segunda sessão, o casal expressou toda a sua agressividade e raiva contra todos: padres, Igreja, sociedade… Todos os tópicos possíveis e imagináveis vieram à tona na conversa.

Mas eles não encontraram respostas igualmente agressivas, e sim refutação ou alternativa, uma a uma, para cada argumento. Respeito e carinho. A Igreja é mãe e, como tal, ama e acolhe. A Igreja é mãe porque é esposa. Duas coisas que continuam ressoando na cabeça de Elena.

Na terceira sessão, já pudemos abordar a catequese pré-batismal propriamente dita (para os pais, claro). O que mais os desconcertou, por assim dizer, foi compreender que iriam conviver com uma santa durante alguns anos.

A pequena Lola é incapaz de fazer o mal, e estaria em graça de Deus quando recebesse o Batismo: ou seja, seria santa. O que se faz e como se convive com um santo?

A educação da menina como cristã não era somente tarefa do colégio. Os pais vivem uma situação particular, mas devem dar exemplo, estar dispostos a conversar e abordar os temas do dia a dia como cristãos; devem saber reconhecer e valorizar o compromisso dos seus filhos.

Os pais e padrinhos são os responsáveis por que a fé da menina cresça depois do Batismo. Esta é a única maneira de evitar que a Primeira Comunhão se torne uma celebração pagã, apenas com lista de presentes e festa.

Ainda chorando, com seu companheiro ao lado – calado, em paz; ainda agradecendo, ela pediu conselho para regularizar sua situação matrimonial. Esta é outra tarefa que exige trabalho, porque o matrimônio não é uma pena para nenhum tipo de delito.

Estão no bom caminho. E a Igreja, esposa e mãe, cuida deles, os ama e os ajuda. Como a qualquer um dos seus filhos.

(Artigo de Jaime Nogueira, publicado originalmente por Alfa y Omega)

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