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Jihadistas do EI se defenderão com ações guerrilheiras em zonas urbanas

<p>Militante do Estado Islâmico na Síria agita a bandeira da Jihad na fronteira com o Iraque</p>

Agências de Notícias - publicado em 19/09/14

O Estado Islâmico se colocará em posição defensiva ocultando-se nas zonas urbanas onde pode combater em caso de ataque

Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) se retirarão às zonas urbanas e realizarão ações de guerrilha para defender seus redutos diante do arsenal mobilizado pelos Estados Unidos, estimam especialistas.

Para evitar ser alvo da aviação americana, esta organização extremista, que proclamou um califado em um território entre Iraque e Síria, reduzirá sua mobilidade nas regiões desérticas, onde é fácil localizar os combatentes e o material.

"O EI se colocará em posição defensiva ocultando-se nas zonas urbanas onde pode combater em caso de ataque", explica o general britânico da reserva Ben Barry, especialista militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Desde seus êxitos no Iraque, o EI controla várias cidades importantes, sobretudo Mossul, Tikrit, Tell Afar, no norte, além de Fallujah e parcialmente Ramadi, no oeste. Na Síria dirige com mão de ferro Raqa, seu reduto no norte, a metade de Deir Ezzor (leste) e outras localidades menores.

Misturando-se com a população

Além disso, mobilizando-se nas cidades consegue fazer com que as forças americanas ou iraquianas cometam erros. "Tentando atingir os jihadistas, elas provocarão baixas entre os civis", destaca o general.

E os jihadistas "utilizarão seus instrumentos propagandísticos para que os sunitas enfrentem o governo iraquiano (dirigido pelos xiitas) e desgastem a legitimidade da coalizão internacional", adverte.

Este movimento já começou, afirma Ahmed al-Sherifi, um especialista iraquiano em matéria de segurança. "O Daesh (acrônimo do EI) começou a retirar alguns combatentes, sobretudo estrangeiros, para enviá-los à Síria. Ficaram com os iraquianos porque eles podem se misturar facilmente com a população em caso de ataque", disse.

O especialista acrescenta que em Mossul os jihadistas abandonaram seus centros de comando estabelecidos após a conquista da cidade, em 10 de junho, para se instalar em casas particulares, em bairros onde não chamam atenção.

Pensam em fazer o mesmo na Síria desde que o secretário americano de Defesa, Chuck Hagel, anunciou que a campanha aérea será dirigida neste país contra os santuários do EI.

Em Deir Ezzor, um ativista, Abu Osama, constatou que o EI esvaziou seu principal depósito de armas da região na antiga sede do governo e fechou quase todas as suas posições em Mayadin, mais a leste.

Mesmo os campos petrolíferos estão desertos e as famílias dos combatentes estrangeiros que viviam em edifícios residenciais foram retiradas. "Desaparecem, mas deixam espiões para informá-los", afirma.

Na província de Aleppo (norte), o grupo se retirou de suas sedes de Al-Bab, um de seus principais redutos na região.

Retorno à insurreição

Para Thomas Pierret, especialista do Islã na Síria, "o único caso no qual os bombardeios com armas pesadas podem fazer a diferença é nas frentes nas quais o EI mobiliza tropas como em Marea, no norte de Aleppo, controlada pelos rebeldes".

"Se os americanos atacarem, o EI não terá outra escolha a não ser esvaziar os lugares e permitir o avanço dos rebeldes" que lutam contra o EI e ao mesmo tempo contra o regime de Bashar al-Assad.

Com 35.000 homens em 215.000 km2, o EI terá que escolher. "O EI possui unidades organizadas, um comando capaz de dirigir várias operações simultaneamente e a capacidade de usar armas pesadas tomadas dos exércitos sírio e iraquiano", destaca Christopher Harmer, um analista do Instituto americano para o estudo da guerra.

"Como os ataques americanos danificarão os elementos visíveis da estrutura militar do EI, a organização terá que voltar a um modelo de insurreição mesclando-se com a população civil, o que dificultará encontrar os combatentes", destaca.

"O EI utilizará suas células adormecidas, franco-atiradores, carros-bomba ou assassinatos seletivos", afirma Christopher Harmer, para quem até o momento os projetos americanos "não representam uma ameaça importante para o EI".

Richard Barret, especialista em contraterrorismo, concorda com ele. "O EI não pode evitar os ataques americanos e, portanto, vai inverter seu processo de desenvolvimento. De um movimento clandestino terrorista, avançou a um ‘Estado’ e agora terá que voltar ao que era antes".

(AFP)

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