Em novo livro, ela afirma que importar-se com os filhos significa, às vezes, optar por matá-los
Na semana passada, causou alvoroço em diversos meios de comunicação nos Estados Unidos o recente livro da ativista pró-aborto Katha Pollitt, “Pro: Reclaiming Abortion Rights” ["Pró-escolha: Em defesa do direito ao aborto"]. A autora publicou no Huffington Post em 16 de outubro um excerto intitulado “The Abortion Conversation We Need to Have” [“A conversa que precisamos ter sobre o aborto”].
Os dicionários definem "conversa" como um intercâmbio de sentimentos, observações, opiniões, ideias. Infelizmente, o trecho publicado por Pollitt não tem nada de conversa: é apenas uma tentativa unilateral de convencer a sociedade a aderir à sua ideologia. Não há no texto nenhuma troca honesta de ideias em que ela apresente os argumentos pró-vida antes de contestá-los.
Pollitt afirma: "Precisamos conversar sobre a interrupção da gravidez como coisa comum e até normal na vida reprodutiva das mulheres". Acontece que o aborto não é "normal", independentemente da sua frequência, e não há acúmulo de textos ou discursos que seja capaz de algum dia torná-lo normal. É por isso que o aborto continua sendo um assunto tão controverso. A ativista tenta justificar a sua posição afirmando que os abortos acontecem no mundo todo e têm existido ao longo de toda a história. Se isto é um argumento, o fato é que os estupros e os assassinatos também acontecem no mundo todo e têm existido ao longo de toda a história. No entanto, o mero fato de que uma ação aconteça de modo generalizado não quer dizer que ela seja aceitável ou “normal”.
A insistente mentira que diz que o aborto legalizado é “seguro” também se mostra insustentável: são muitíssimas as mulheres que apresentam danos físicos, emocionais e espirituais por causa do aborto a que se submeteram. Além disso, mesmo após a legalização, já aconteceram dezenas, talvez centenas de mortes de mães em decorrência do aborto “seguro”.
O pensamento distorcido em torno desta questão aponta para o desespero do lobby pró-aborto. E as suas tentativas de manipular as pessoas e fazê-las pensar que o aborto é um gesto necessário e até mesmo "tão moralmente aceitável quanto a decisão de ter um filho", felizmente, não parece sensato para a maioria das pessoas.
A tentativa de argumentação da autora é extremista: ela afirma que abortar "faz parte do fato de ser mãe e de cuidar dos filhos, porque importar-se com os filhos implica saber quais momentos não são oportunos para trazê-los ao mundo". Ora, se uma mulher está grávida, ela já é mãe e seu filho já está no mundo. Será que, por acaso, a autora parou para ouvir o que ela própria está dizendo? Como é que “ser mãe” pode significar ao mesmo tempo “ser não-mãe” mediante o ato menos maternal imaginável, que é o de exterminar o próprio filho? Como é que importar-se com os próprios filhos implica matá-los? E, radicalizando de vez: se não trazer os filhos ao mundo é “oportuno” e se esta decisão cabe somente às mães, então por que deveríamos parar no nascimento? Se isto fizesse algum sentido, as mães teriam o “direito” de “se importar” com seus filhos matando-os inclusive depois de já nascidos, não?
Mas o maior problema dessa conversa unilateral de Pollitt sobre os “direitos ao aborto” é que um número incontável de mulheres que viveram o aborto por experiência própria sabem que nada disso é verdade. Elas sucumbiram a essa linguagem dos direitos, da escolha pessoal e do "siga a sua vida" só para descobrir da maneira mais difícil que tudo aquilo era um monte de mentiras. Essas mulheres estão sofrendo. Essas mulheres estão em busca de reconciliação e de paz. E muitas das mulheres que encontraram a reconciliação através da misericórdia de Jesus Cristo e do ministério da Igreja estão agora se aproximando de outras mulheres que ainda estão perdidas e que sofrem silenciosamente, para que elas também encontrem a paz.