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Papa Francisco: é aberração matar em nome de Deus, mas a liberdade de expressão tem limite

Pope Francis during the press conference on the papal flight – CPP – pt

© ServizioFotograficoOR/CPP

January 15, 2015: Pope Francis gestures as he answers questions from a journalist during the flight from Colombo, Sri Lanka, to Manila in the Philippines.<br /> EDITORIAL USE ONLY. NOT FOR SALE FOR MARKETING OR ADVERTISING

Ary Waldir Ramos Díaz - publicado em 16/01/15

Em sua viagem à Ásia, o Papa falou com os jornalistas sobre o atentado à Charlie Hebdo

O Papa Francisco conversou nessa quinta-feira com os jornalistas em seu voo do Sri Lanka às Filipinas. O Papa respondeu várias perguntas de atualidade sobre os massacres do fundamentalismo islâmico ocorridos na França e na Nigéria, sobre a liberdade de expressão e religiosa, entre outros temas.

Um jornalista francês perguntou ao Papa sobre a liberdade de religião e de expressão, mas o Papa foi direto e comentou os atentados em Paris, falando também sobre liberdade de expressão e de religião.

"Eu acredito que todas as duas são direitos humanos fundamentais, a liberdade religiosa e a liberdade de expressão. Falemos claro, vamos para Paris! Não se pode esconder uma verdade: cada um tem o direito de praticar a própria religião sem ofender, livremente, e assim queremos fazer, todos. Segundo: não se pode ofender ou fazer a guerra, matar em nome da própria religião, em nome de Deus. A nós, aquilo que acontece agora nos surpreende, mas pensemos na nossa história, quantas guerras religiosas tivemos! Pensemos na noite de São Bartolomeu! [A referência é ao massacre dos huguenotes, mortos pelos católicos] Como se entende, também nós fomos pecadores nisso, mas não se pode matar em nome de Deus, isso é uma aberração. Deve-se fazer com liberdade, sem ofender", disse o Papa.

"Sobre a liberdade de expressão: cada um não tem apenas a liberdade e o direito, mas também a obrigação de dizer o que pensa para ajudar o bem comum. Se um deputado não diz aquele que acha que é o caminho verdadeiro a se percorrer, não colabora com o bem comum. Portanto, ter essa liberdade, mas sem ofender, porque é verdade que não se pode reagir violentamente, mas se o Dr. Gasbarri, que é um amigo, diz um palavrão contra a minha mãe, cabe-lhe um soco. Não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros. O Papa Bento XVI, em um discurso [Regensburg, 2006] tinha falado dessa mentalidade pós-positivista, da metafísica pós-positivista, que levava a acreditar que as religiões ou as expressões religiosas são uma espécie de subcultura, tolerada, mas são pouca coisa, não fazem parte da cultura iluminista. E essa é uma herança do Iluminismo. Tantas pessoas que caluniam, zombam a religião dos outros. Elas provocam, e pode acontecer e o que aconteceria ao Dr. Gasbarri se ele dissesse algo contra a minha mãe. Há um limite. Toda religião tem dignidade, toda religião que respeite a vida humana, a pessoa humana, eu não posso zombar dela. Tomei esse exemplo do limite para dizer que na liberdade de expressão há limites, como (no exemplo) da minha mãe."

O Papa afirmou ainda que por trás de cada atentado suicida "há um elemento de desequilíbrio humano, não sei se mental, mas humano". "Algo que não vai bem na pessoa, essa pessoa tem um desequilíbrio na sua vida. Dá a vida, mas não a dá bem. Há muitas pessoas que trabalham, como por exemplo os missionários: dão a vida, mas para construir. Os camicazes, ao contrário, dão a vida para destruir. Há algo que não vai bem".

"Eu acompanhei a tese de licença de um piloto da Alitalia que a fez sobre os camicazes japoneses. Eu corrigia a parte metodológica. Mas não se entende até o fim o fenômeno, que não é apenas do Oriente, e está ligada aos sistemas totalitários, ditatoriais, que matam a vida ou a possibilidade de futuro. Mas, repito, não é um fenômeno apenas oriental. Quanto ao uso das crianças para os atentados: elas são usadas em todas as partes para tantas coisas, exploradas no trabalho, como escravos, exploradas sexualmente. Há alguns anos, com alguns membros do Senado na Argentina, quisemos fazer uma campanha nos hotéis mais importantes para dizer que ali não se exploram as crianças para os turistas, mas não conseguimos… Às vezes, quando eu estava na Alemanha, caíram sob os meus olhos artigos que falavam das zonas de turismo erótico no Sudeste Asiático, e lá também se tratava de crianças. As crianças são exploradas até para isso, para os atentados camicazes. Não ouso dizer mais."

(Tradução de alguns trechos ao português de IHU On-Line)

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