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Unesco: Destruição de Palmira seria enorme perda para a humanidade

Palmyra 02 – pt

© Wojtek Ogrodowczyk

Agências de Notícias - publicado em 22/05/15

O Estado Islâmico assumiu o controle total da cidade, o que provoca o grande temor da destruição do sítio arqueológico e de seus valiosos monumentos.

A destruição do sítio arqueológico de Palmira, declarado patrimônio histórico pela Unesco, seria uma "enorme perda para a humanidade", alertou a diretora da organização, depois que os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) assumiram o controle da cidade.

"Palmira é um extraordinário patrimônio da humanidade no deserto e qualquer destruição ocorrida em Palmira seria não apenas um crime de guerra, mas também uma enorme perda para a humanidade", disse Irina Bokova em um vídeo publicado pela organização, que tem sede em Paris.

Bokova acrescentou que está "extremamente preocupada" com os últimos acontecimentos e reiterou o pedido por um iminente cessar-fogo e uma retirada das forças militares.

"Afinal de contas, trata-se do berço da civilização humana. Pertence a toda a humanidade e acredito que todos deveriam ficar preocupados com o que está acontecendo", completou a diretora da Unesco.

Nesta quinta-feira, o EI assumiu o controle total da cidade, o que provoca o grande temor da destruição do sítio arqueológico e de seus valiosos monumentos.

Os jihadistas já destruíram outros tesouros arqueológicos desde que declararam um "califado" ano passado no Iraque e na Síria.

Bokova fez um apelo à comunidade internacional, incluindo o Conselho de Segurança da ONU e líderes religiosos, para que exija o fim da violência.

"É importante porque estamos falando do nascimento da civilização humana, estamos falando de algo que pertence a toda a humanidade", ressaltou a diretora da Unesco.

Califado

Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) tomaram do regime da Síria o último posto na fronteira com o Iraque e consolidaram o controle de uma ampla região entre os dois países, após a conquista de Palmira, cujos tesouros arqueológicos estão ameaçados.

O EI já controla metade do território da Síria, um país que é cenário de uma guerra civil há quatro anos, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). 

Em oito dias, o grupo conseguiu conquistar Ramadi, capital da província iraquiana de Al-Anbar, Palmira, no deserto sírio, e o posto de fronteira de Al-Tanaf, ao sul, após a retirada das forças do regime. 

Assim, o regime de Bashar al-Assad perdeu o controle das três passagens de fronteira com o Iraque, já que o posto de Bukamal também está sob controle do EI e o de Al-Yaarubia, mais ao norte, é dominado pelas forças curdas. 

Apesar da campanha aérea iniciada em 2014 pela coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos no Iraque e na Síria, o grupo extremista sunita avança e amplia seu ‘califado’, declarado em junho do ano passado nas zonas sob seu controle em ambos países.

"O fato do EI controlar metade do território sírio (mais de 95.000 km2), significa que o regime sírio não domina mais que 22% deste território, pois o restante está nas mãos de outros grupos rebeldes, afirmou o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman. 

De acordo com Rahman, isto permitirá ao EI "ameaçar a Síria profunda, como Homs e Damasco", dois redutos do regime.

Palmira, ponto de convergência de várias estradas e situada na província de Homs, na fronteira com o Iraque, "pode ser utilizada para o lançamento de ataques em direção a Homs e Damasco", afirmou Matthew Henman, diretor do IHS Jane’s Terrorism and Insurgency Centre. 

Além disso, Palmira "constitui uma nova via para o Iraque, Al-Anbar e Ramadi", segundo o geógrafo e especialista em Síria Fabrice Balanche. 

– Temor pelas ruínas de Palmira –

Depois que o EI destruiu vários tesouros arqueológicos no Iraque, a comunidade internacional teme que o mesmo aconteça com Palmira, uma cidade de mais de 2.000 anos, famosa por sus colunas romanas, seus templos e torres funerárias. 

Um vídeo publicado no Youtube por um canal ligado ao EI mostra a entrada de Tadmor (nome árabe de Palmira) com um longo caminho deserto, posições do exército abandonadas e uma bandeira do Estado Islâmico hasteada em um edifício. 

Desde o início em 13 de maio, a batalha de Palmira deixou quase 500 mortos e obrigou uma parte dos moradores a fugir, enquanto dezenas de civis foram fuzilados ou decapitados pelo EI, de acordo com o OSDH.

Além desta região, o EI controla a maior parte das províncias de Deir Ezor e Raqa (norte) e tem uma forte presença nas províncias de Hasake (nordeste), Aleppo (norte), Homs e Hama (centro). 

Também controla praticamente todos os campos de petróleo e gás da Síria, que representam um faturamento importante.

Do outro lado da fronteira, o EI assumiu o controle de postos do governo ao leste de Ramadi, enquanto a contraofensiva das forças de segurança, auxiliadas por milícias xiitas, demora a chegar. 

A perda de Ramadi significa um duro revés para o governo iraquiano e seu aliado Washington, que reconheceu que precisa reexaminar a estratégia para o Iraque.

(AFP)

Tags:
Estado IslâmicoMundoTerrorismo
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