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Exorcismo no Vaticano?

The Exorcism Of Emily Rose 2005 – pt

Lakeshore Ent Corp / The Kobal Collection / AFP

[ Lakeshore Ent Corp / The Kobal Collection ]<br /> Editorial use only related to cinema, television and personalities. Not for cover use, advertising or fictional works without specific prior agreement

Projeções de Fé - publicado em 18/09/15

Histórias exageradas de exorcismo são reais ou coisa de cinema?

Exorcistas do Vaticano (The Vatican Tapes) e Exorcismo no Vaticano (The Vatican Exorcisms) estão no mesmo patamar de classificação: não são filmes ruins, mas péssimos! Lançados em 2015, o primeiro teve certa divulgação, inclusive está em alguns cinemas; o segundo, nem aos cinemas chegou, pois foi lançado para locação e compra digital neste ano, já que é de 2012.

O primeiro, quase um “thriller-terror” – se assim podemos chamar – com estrelas de renome, como Kathleen Robertson, Michael Peña, Djimon Hounsou, Dougray Scott, e John Patrick Amedori, baseado na história de Chris Morgane Christopher Borrelli. De acordo com alguns críticos, “tem pouco exorcismo, zero Vaticano e nenhum susto”. E isso tudo é fato!

O segundo, um pseudo-documentário, apresenta os relatos do cineasta Joe Marino, quando passou na Itália para realizar um documentário sobre exorcismo e a presença demoníaca nas pessoas. “Ele descobriu e registrou casos perturbadores: missas negras, rituais pagãos e exorcismos, revelando estranhas verdades sobre os segredos do Vaticano. Um lugar onde o sagrado e o profano sempre viveram juntos. Não há cenas cortadas, não existem efeitos especiais o que existe apenas, é a verdade sobre o diabo.”

Filmes assim, tentam (mesmo sendo fictícios) encontrar algo de errado dentro do Vaticano (pois neste, o próprio poster diz que o mal mora lá), além de falar que uma garota sumiu lá dentro dizendo que ela realizava orgias sexuais com pessoas lá de dentro. Esses tipos de películas tendem a conquistar o público pela polêmica que o mesmo traz e não por o conteúdo ser verdadeiro ou falso. A curiosidade é que alimenta as expectativas.

Sobre filmes de exorcismos, já falamos demoradamente em outra publicação. Mas esta aqui merece a ênfase a respeito do ritual em si que, em ambos os filmes, são bem aquém do que se previa e se prevê nos livros para tal coisa. Tudo bem que, em se tratando de filmes, temos que dar o desconto da parte romântica-ficcional que todo roteirista implanta.

Porém, como são filmes que tratam erroneamente da nossa Mãe, a Igreja, procurando mais uma vez denigrir sua imagem, vamos à apologética, nos referindo aos principais focos, sem contar spoilers, com as referências a alguns dos documentos do Magistério da Igreja a respeito dos Exorcismos e do seu Ritual.

Para começar, o Padre Paulo Ricardo, por meio de sua equipe, nos alerta que os “filmes de terror” – mesmo os mais equilibrados – geralmente inculcam nas pessoas um temor bobo e vazio. Zumbis não existem, assassinos em série não chegam para todos, e demônios, por sua vez, não saem por aí querendo possuir todo o mundo. Eles estão, é verdade, “como um leão a rugir, à procura de quem devorar” (1Pd 5, 8).

Hoje, quando se põe em dúvida a realidade demoníaca, é necessário fazer referência (…) à fé constante e universal da Igreja e à sua maior fonte: o ensinamento de Cristo”, diz o documento Fé Cristiana y Demonología, da Congregação para a Doutrina da Fé. “Com efeito, a existência do mundo demoníaco se revela como um dado dogmático na doutrina do Evangelho e no coração da fé vivida.”

O mesmo Padre Paulo Ricardo, em uma recente homilia diária, nos ensina que “as pessoas que não acreditam na existência do Demônio, têm também dificuldade de avaliar o que é que significa realmente se liberto por Cristo.”

Em referência aos exorcismos em si, também nos ensina o Catecismo da Igreja Católica, no número 1673 que:

Quando a Igreja pede publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto seja protegido contra a ação do Maligno e subtraído ao seu domínio, fala-se de exorcismo. Jesus praticou-o e é d’Ele que a Igreja obtém o poder e encargo de exorcizar. Sob uma forma simples, faz-se o exorcismo na celebração do Batismo. O exorcismo solene, chamado “grande exorcismo”, só pode ser feito por um presbítero e com licença do bispo. Deve proceder-se a ele com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo tem por fim expulsar os demônios ou libertar do poder diabólico, e isto em virtude da autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Muito diferente é o caso das doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. Por isso, antes de se proceder ao exorcismo, é importante ter a certeza de que se trata duma presença diabólica e não duma doença.

A respeito do sacerdote que tem a prerrogativa de exorcizar, diz o Cânon 1172 do Direito Canônico:

“Ninguém pode legitimamente exorcizar os possessos, a não ser com licença especial e expressa do Ordinário do lugar. Esta licença somente seja concedida pelo Ordinário do lugar a um presbítero dotado de piedade, ciência, prudência e integridade de vida.”

Já o Youcat, no número 273:

o que é apresentado como ‘Exorcismo’ nos filmes de Hollywood não corresponde geralmente à Verdade de Jesus e da Igreja. […] No exorcismo está em questão a defesa contra a tentação e a opressão, e a libertação do poder do mal.

Bom, aparentemente, tudo isso é muito claro para nós… Mas, para a indústria cinematográfica, parece que não é bem assim. O que ela pretende, a cada novo filme desse tipo, é mostrar o quanto as pessoas são curiosas a respeito da sua própria fé, no que se refere à existência e presença do Demônio. O cinema brinca demais com o que não deve e muito menos com o que não conhece, mas apenas especula.

Por se tratar de especulações, então, inventam cenas e rituais que não estiveram presentes nos livros de exorcismos anteriores ao Concílio Vaticano II e muito menos nos posteriores a ele. Não bastasse isso, ainda se fantasia com certos poderes paranormais que possessos aparentam possuir.

No fundo, o que se pretende é provar a fé dos padres que executam os exorcismos, elevando infantilmente quase que ao mesmo patamar de uma doença física, este mal que é espiritual. Para se falar do Demônio é preciso crer em sua existência. Um ateu, como o cineasta Joe Marino se apresenta[va] não é capaz de compreender o que se passa na vida de quem é ou está possuído pelo Mal. Prova clara disso é o que a mídia, em geral, divulgou em relação ao “exorcismo” feito pelo Papa Francisco, quando impôs as mãos sobre um enfermo, na Praça de São Pedro, no dia 21 de Maio de 2013.

Se o que era pretendido com os filmes era apenas o lucro, com o seu fracasso, mostra-se claramente o quão carente de referenciais religiosos o suficiente para se falar de algo tão caro à nossa fé: salvação das almas. Não à toa, já no sacramento do batismo é feito o primeiro exorcismo da vida de todo cristão, professando a fé católica (o Creio) e renunciando ao Demônio, “autor e princípio de todo pecado”.

Apesar de os trailers serem muito bem feitos, não compensa nem perdermos tempo expondo-os e nem suas fichas técnicas. Isso deixamos por conta e risco de cada leitor.

O Demônio existe e ele está no meio de nós! Para a Igreja não é um “tabu” falar de Exorcismos. O fato é que não se deve mexer com o que não se conhece! Creiamos nisso e não necessitaremos de alimentar a nossa imaginação com filmes como esses, que não compensam gastar um centavo sequer para assisti-los.

(Projeções de Fé)

Tags:
DemônioExorcismo
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