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Afegãos se revoltam contra marido violento que decepou nariz da esposa

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Agências de Notícias - publicado em 20/01/16

O incidente chama atenção para a violência endêmica contra a mulher na sociedade afegã

A foto de uma mulher afegã cujo nariz foi decepado pelo marido em um acesso de raiva provocou revolta em todo o país, onde ativistas exigiram punição para este “ato bárbaro”.

Reza Gul, de 20 anos, foi levada às pressas ao hospital após ter sido atacada no domingo pelo marido com uma faca.

“Meu marido (Mohammad Khan) amarrou as minhas mãos e decepou o meu nariz”, contou Gul à AFP com voz fraca, de seu leito de hospital, usando um curativo branco no rosto.

“Ele me torturou muito”, acrescentou, com seu filho único de um ano chorando ao seu lado.

O incidente chama atenção para a violência endêmica contra a mulher na sociedade afegã, apesar das reformas adotadas desde que o regime linha dura dos talibãs foi deposto com a invasão chefiada pelos Estados Unidos, em 2001.

“Um ato brutal e bárbaro como este deveria ser fortemente condenado”, afirmou à AFP Alema, uma ativista dos direitos das mulheres baseada em Cabul.

“Tais incidentes não aconteceriam se o sistema judicial do governo punisse severamente ataques contra as mulheres”, acrescentou Alema, que se identificou dando um único nome.

A foto da mulher desfigurada foi amplamente compartilhada pelas redes sociais e promoveu apelos por uma ação dura contra o marido, depois do ataque registrado no distrito de Ghormach, na província noroeste de Faryab.

Autoridades locais afirmaram que Gul precisará de cirurgia reparadora, que é impossível de fazer no hospital público local.

Gul, que se casou há cinco anos, ainda adolescente, disse ter sofrido abusos físicos de seu marido, que a forçou a fugir para a casa de seus pais em uma área controlada pelo Talibã.

Enquanto isso, disse ela, os insurgentes intermediaram seu caso, fazendo o marido, um desempregado, jurar ao Alcorão que nunca mais a machucaria.

Mas logo depois que ela voltou para ele, o marido decepou seu nariz.

“O povoado de Gul está sob controle talibã… Mas a polícia está tentando pegar o marido”, contou à AFP o chefe da polícia de Faryab, Sayed Aqa Andarabi.

O governo afegão prometeu proteger os direitos das mulheres, mas não tem conseguido evitar ataques violentos.

“Casos terríveis como estes acontecem com muita frequência no Afeganistão”, disse à AFP Heather Barr, pesquisador da organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch.

“O nível de impunidade para a violência contra as mulheres encoraja alguns homens a continuar a sentir que as mulheres são sua propriedade e a violência é seu direito”, acrescentou.

Em novembro, uma jovem foi apedrejada até a morte após ter sido acusada de adultério na província central de Ghor.

Em março passado, uma mulher chamada Farkhunda foi severamente espancada e teve o corpo incendiado no centro de Cabul após ter sido falsamente acusada de queimar o Alcorão.

O linchamento gerou intensos protestos em todo o país e chamou atenção internacional para o tratamento dado às mulheres afegãs.

Em 2010, a revista Time publicou na capa uma foto de Bibi Aisha, de 18 anos. Ela também teve o nariz decepado pelo marido violento.

A capa provocou uma onda global de simpatia por Aisha, que foi levada aos Estados Unidos, onde ganhou uma prótese de nariz.

(AFP)

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