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O país em que 90% das crianças estão abandonadas à própria sorte – em pleno 2016

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Aleteia Brasil - publicado em 28/03/16

Mais um escândalo de guerra que a mídia não escancara: o inferno das crianças do Iêmen

A organização internacional Save the Children se dedica desde 1919 a defender crianças e seus direitos nos lugares do planeta em que o resto da “civilização” as ignora.

No mês passado, Aleteiadivulgou o mais recente relatório dessa organização sobre a pavorosa situação infantil na Síria após cinco anos de uma guerra doentia.

Desta vez, o cenário de inferno denunciado pela Save the Children é o Iêmen, país que, já antes da guerra atual, era o mais pobre do Oriente Médio e que agora, com os conflitos em andamento, sofre uma das piores crises humanitárias do planeta. O relatório “As crianças do Iêmen sofrem em silêncio” explica que a vida de milhares de crianças corre grave perigo devido aos combates e aos bloqueios e restrições para a ajuda humanitária vital. Edward Santiago, diretor geral da Save the Children no Iêmen, também declara enfaticamente que os governos do Ocidente são cúmplices neste drama:

“Ao optarem por apoiar a ação militar ignorando as consequências devastadoras para os civis, os governos internacionais estão intensificando a crise e colocando em risco a vida das crianças”.

Algumas das informações assombrosas de Edward Santiago:

  • “Passado um ano desde que o conflito no Iêmen se intensificou, quase 90% das crianças do país precisam de ajuda humanitária de emergência. Dez milhões de crianças estão em situação de desespero – vastamente ignorada. Uma geração inteira de crianças foi abandonada à própria sorte”.
  • “Para milhões dessas crianças, o pavor dos ataques aéreos e dos bombardeios e a destruição de tudo o que as cerca já faz parte da vida diária – e não podemos permitir que isso continue assim”.
  • “O médico de um hospital apoiado pela Save the Children em Sana’a nos disse que um recém-nascido morreu no mês passado porque faltou luz e as incubadoras se desligaram. Tinha acabado o combustível dos geradores auxiliares”.
  • “Os outros hospitais e postos de saúde com os quais trabalhamos estão ficando sem material básico: antibióticos, iodo, curativos. Nos últimos seis meses, duplicaram ou até triplicaram os casos de doenças potencialmente fatais nesses contextos, como a malária, a desnutrição aguda grave, os problemas respiratórios e a diarreia”.
  • “No Iêmen, de cada três crianças com menos de 5 anos, uma tem desnutrição aguda. São quase 10 milhões sem acesso à água potável e mais de 8 milhões que não conseguem receber os cuidados básicos de saúde. Cerca de 600 hospitais e centros de saúde fecharam porque sofreram danos estruturais ou porque ficaram sem recursos”.
  • “Uma pesquisa da Save the Children com 150 crianças em Aden e Lahj apontou que 70% das crianças apresentam sintomas ligados a sofrimento e traumas, incluindo ansiedade, baixa auto-estima, sentimentos de tristeza e falta de concentração”.
  • “Cada vez mais crianças são recrutadas por grupos armados, raptadas, mantidas reféns e obrigadas a arriscar a vida, por causa de milhares de minas terrestres que foram espalhadas”.
  • “Os países ricos estão virando a cara diante do sofrimento das crianças. Em alguns casos, estão até fazendo negócios de bilhões de dólares com a venda de armas que são usadas contra civis”.
  • “As resoluções do Conselho de Segurança da ONU são ignoradas, em total desrespeito ao direito internacional e à proteção de civis, especialmente das crianças. É preciso muito mais ajuda para quem sofre e muito mais pressão diplomática para acabar com o conflito no Iêmen”.

Enquanto isso:

O plano da ONU para o Iêmen recebeu apenas 56% dos fundos previstos em 2015. Do previsto para 2016, 12% se concretizaram até agora. Não houve financiamento algum, no entanto, para a educação e proteção das crianças.

Cerca da metade das crianças em idade escolar no Iêmen estão privadas do acesso à educação – até porque há em média dois ataques por semana contra escolas.

Mais de 1.600 escolas estão fechadas ou sendo usadas ​​como abrigos de emergência para as famílias forçadas a fugir da própria casa.

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