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Sua relação com Deus caiu na rotina?

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padrefaus.org - publicado em 06/04/16

Descubra os 2 segredos para renovar seu amor a cada dia

“Estou enferrujado – dizia-me um amigo –, faz tempo que não jogo bola.”

Esta ferrugem não preocupa. Provavelmente bastará treinar um pouco e fazer “academia”. Preocupante é a ferrugem do coração.

Há muitas pessoas que, depois de um tempo de convivência – especialmente os casais – sentem que o amor, o interesse e os sonhos se desgastaram e até se apagaram. A monotonia dos dias, das reações, das conversas, das tarefas, dos problemas…,  cansou. “Isso cansa! Sempre a mesma coisa!”

O entusiasmo ou a amor perderam a graça. Foram atacados pelo tédio: “Tudo isso não me diz nada, assim não dá para aguentar!”.

Mas, será que essa rotina que enferruja é causada realmente pela repetição dos mesmos hábitos, das mesmas coisas? Na realidade, não.  Uma prova disso são os casais que envelhecem numa aparente mesmice sem perder o brilho dos olhos, sentindo-se mais e mais necessitados um do outro e descobrindo uma nova ternura em plena velhice.

O mal não está nas coisas, nem nas outras pessoas, nem na repetição das ações e das tarefas… Na vida cotidiana não podemos evitar as repetições, mas podemos evitar a inércia. O mal está no nosso coração, que cochilou e nos deixou presos a hábitos egoístas,  cegos para a eterna novidade das coisas mínimas vividas por amor.

Um amor que cada dia se renova

Quase no fim de uma vida longa, após muitos anos de entrega plena a Deus e aos outros, São Josemaria afirmava com simplicidade: «Sinto-me como um criança que balbucia…, e o meu Amor é um amor que todos os dias se renova»[1].

Não ama quem se deixa arrastar pelo fluxo mecânico dos dias, mas quem cria em cada dia um sonho novo e age com espírito novo.

Como conseguir isso?

a) Em primeiro lugar: Tendo um ideal de vida, pelo qual valha a pena lutar e sofrer.

Um coração sem ideal fica gasto, envelhecido. Imagine um professor num bom laboratório. Se ele se limita a repetir rotineiramente as mesmas experiências didáticas, com ar entediado e sem mais aspiração que a de receber os vencimentos no fim do mês, logo se afogará na rotina.

Pelo contrário, se é um idealista empenhado na pesquisa; se procura a criatividade didática; se não desiste de continuar a procurar apesar das muitas tentativas falhas; se até mesmo dormindo sonha em novas soluções…, esse terá, em todas as suas tarefas, a chama da alegria e contagiaria o entusiasmo aos seus colaboradores.

Pense que se poderiam descrever esses mesmos dois quadros aplicando-os ao relacionamento familiar, ao trabalho cotidiano, à amizade… . Se não tivermos no coração um ideal que empolga, ficaremos cobertos da ferrugem do tédio e do mau humor.

b) Em segundo lugar: O ideal, para ser consistente, tem que ter uma motivação consistente. Agir por ideais efêmeros, baseados no entusiasmo ou na empolgação do momento, isso não tem consistência nenhuma.

Para um cristão, o ideal consistente chama-se vocação: saber que todos recebemos uma chamada de Deus para realizar uma tarefa única – a nossa – no mundo; por outras palavras, que temos uma vocação e uma missão a cumprir. A nossa realização consistirá em cumprir essa missão (na família, na profissão, na sociedade), fazendo dela um caminho ascendente de amor a Deus e ao próximo.

Quando existe esse sentido vocacional da vida, tudo muda, assim como o sol transforma as sombras noturnas em paisagem colorida.

Guiado pela fé e o amor, o coração cristão aprende então a descobrir, em cada pequeno dever, em cada um dos empenhos necessários para o bom convívio familiar e a realização das tarefas cotidianas, uma oportunidade – renovada em cada dia – de se dar mais, de servir melhor, de alcançar um novo grau de perfeição, de expressar uma generosidade mais alegre… E isso porque aprendeu a captar, nos pequenos pormenores do dia-a-dia, o convite de Deus. Aquelas mesmas realidades cansativas que a rotina faz murchar, o ideal cristão revigora com viço inesgotável. Quem ama, ensina São João, é trasladado da morte para a vida (1 Jn 3, 14)[2].

Deus, se vivemos com Ele, dá-nos «o dom de iluminar o trivial com resplendores eternos», como Ronald Knox dizia de Chesterton, e entendemos o programa sugerido por  São Josemaria: «Nos detalhes monótonos de cada dia, tens que descobrir o segredo – para tantos escondido – da grandeza e da novidade: o Amor» (Sulco, n. 489).

As “novidades” e as “surpresas”

Lembra-se da parábola do trigo e o joio? Enquanto os homens – os trabalhadores do campo – dormiam, veio o inimigo e semeou joio no meio do trigo (Mt 13,25). Quando o nosso coração dorme, o joio, a erva daninha (no caso, a rotina desgastante) estraga tudo.

Jesus não se cansa de pedir-nos que estejamos acordados e vigilantes: Vigiai em todo tempo e orai  (Lc 21,36). Vigiai e orai  (Mc 14,38). Inspirado por essa contínua exortação, São Paulo convida-nos: Já é hora de despertardes do sono! (Rm 13,11), de viverdes uma vida cristã consciente e vigilante.

Hora de acordar! Como seria bom que – entre outras iniciativas espirituais – nos propuséssemos pelo menos estas duas coisas:

a) Cada noite, juntamente com as minhas orações e o breve exame de consciência, vou perguntar-me: “Quantas coisas fiz hoje mecanicamente, como um robô ou uma fotocopiadora? Que pormenores “novos” (de carinho, de capricho nas palavras e ações, de ajuda, de delicadeza e compreensão…) plantei, como sementes de amor, neste dia?”

b) Cada manhã, após as minhas breves orações e o oferecimento do dia a Deus, vou perguntar-me: – “Que novidade (de oração, de presença de Deus, de visita ao Sacrário, de devoção sincera…) vou oferecer a Deus no dia de hoje?” – “E que surpresa agradável estou preparando para dar hoje a essa, àquela, àquela outra pessoa, que, acostumada com meu jeitão habitual, não está nem imaginando o novo pormenor de atenção ou de carinho que lhe vou oferecer?”

Vigiar, orar e renovar. Esse é o caminho para que o nosso coração vá se parecendo cada vez mais com o coração do Senhor, que diz: Eis que faço novas todas as coisas (Ap 21,5).


[1] Beato Álvaro del Portillo, Instrumento de Deus, Quadrante 1992, pp. 18 e 21

[2] Cf. A preguiça, Ed. Quadrante, 2ª ed., São Paulo  2003, p. 43

(via Padre Faus)

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