Aleteia logoAleteia logoAleteia
Domingo 10 Dezembro |
Nossa Senhora de Loreto
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

“Ei, católicos, vocês adoram imagens!”

Pope Francis and Our Lady of Lujan – pt

© ALESSIA GIULIANI / CPP

Argentina: Nossa Senhora de Luján. A devoção a Nossa Senhora de Luján tem relação com o Brasil. Às margens do rio Luján, os mercadores que vinham de São Paulo fizeram uma parada. No dia seguinte, os bois empacaram e nada os fazia andar. Só depois que o último caixote, justamente o que guardava a imagem, foi retirado do carro, os bois saíram do lugar. Todos entenderam então que era ali que a Virgem queria ficar.

O Catequista - publicado em 13/05/16

Saiba o que fazer quando alguém acusar você de idolatria

Nem cheirar, nem matar, nem traficar, nem roubar doce de criancinha; o pecado mais atiça a sanha dos nossos irmãos evangélicos é a idolatria. E, nesse ponto, quase todos os católicos vivem sendo “crenticados”.

A estratégia dos nossos acusadores é a da tijolada: pegam uma passagem da Bíblia, tiram ela do seu contexto e a lançam na nossa cabeça, sem dó. Neste caso, o tijolo, isto é, o texto que usam como arma para atacar a nossa fé é o seguinte:

“Não terás outros deuses diante de minha face. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto.” (Ex 20,3-5)

De fato, o texto não deixa margem para dúvidas: prestar culto a imagens de santos, como nós católicos fazemos, seria realmente um pecado gravíssimo… na época do Antigo Testamento. A proibição era, então, absolutamente necessária, masperdeu o seu sentido quando o Velho deu lugar ao Novo Testamento.

Explico: o povo que vivenciou o Êxodo era, em grande parte, idólatra. A crença no Deus de Abraão, Isaac e Jacó não os imunizou da influência religiosa dos demais povos. Assim, o culto aos ídolos – primeiramente o bezerro de ouro, e depois os baals – era uma fonte de frequentes aborrecimentos e decepções para o Senhor.

Por isso, havia o grande risco de os hebreus perceberem o Deus da Aliança como mais um deus, o que deus estava “em alta” no momento, e não como O Deus, Único e Verdadeiro. Javé precisava deixar claro o abismo que havia entre os ídolos e Ele: Ele não é produto da mente humana, nem tampouco a Sua doutrina. Ele é o Deus que se revelou, Ele é Aquele que É (“Eu Sou Aquele que Sou” – Ex,3-14). Os ídolos, por sua vez, eram patéticos e impotentes objetos de pau, metal ou pedra, que representavam esquemas religiosos e doutrinas criadas pela imaginação humana.

Assim, foi preciso tomar uma medida educativa: proibir que o povo fizesse qualquer imagem do Senhor, para deixar claro que Ele não era mais um deus inventado, moldado por mãos humanas. Ademais, ninguém conhecia o Seu rosto, e nenhuma imagem poderia ficar à altura da Sua imensa glória:

“No dia em que o SENHOR vos falou do meio do fogo no Horeb, não vistes figura alguma. Guardai-vos bem de corromper-vos, fazendo figuras de ídolos de qualquer tipo.” (Dt 4, 15-16)

Entendida a razão que originou da proibição do culto às imagens? Então, passemos à segunda parte da história…

“Jingle Bells, jingle Bells!…”.Deus finalmente nos mostrou a Sua face. Todo o poder, o amor, a beleza, a misericórdia e a força Deus sem rosto e sem nome cabiam agora no corpo de um Menino. Os olhos dos homens finalmente podiam contemplar a FIGURA do Criador: “Quem Me vê, vê também Aquele que Me enviou” (Jo 12,45).

Talvez o nariz ou os olhos fossem parecidos com os de Sua Mãe. Talvez. Mas o certo que os traços do rosto de Jesus não seriam jamais esquecidos ou ignorados pelos cristãos da comunidade primitiva. As paredes das catacumbas estão lá, para quem quiser e puder ver: pinturas de santos – inclusive de Maria, ó que pecado! – e personagens bíblicos para todo o lado.

Assim, não podemos compreender a Bíblia sem considerar a Tradição da Igreja, que, desde os primeiros séculos, entendeu que os ícones que representavam o Senhor, Maria e os santos exprimiam de forma legítima a fé e a esperança do nosso povo. Não custa lembrar o óbvio: a proibição do culto às imagens está diretamente relacionada ao combate à adoração de outros deuses. Por isso, o mandamento que condena a idolatria não se aplica no caso das imagens católicas, já que estas nos remetem à glória do próprio Cristo. Os ícones católicos nos testemunham sobre a vida de personagens reais e históricos (e não imaginários, como os ídolos), que dedicaram sua vida ao Senhor.

A relação dos católicos com as imagens de Jesus e dos santos écomparável à que qualquer pessoa tem com a fotografia das pessoas amadas. Quando olhamos a imagem de alguém importante para nós, a afeição se projeta; trazemos as fotos com carinho na carteira, colocamos em um canto de destaque na sala, beijamos o papel inerte quando a saudade aperta… E ninguém, por mais imbecil que seja, faria algum comentário infeliz aludindo a “idolatria”.

Pra encerrar, digo que este post não tem o objetivo de fornecer munição para que você, católico, possa se justificar quando te “crenticarem”. Não vale a pena gastar a saliva (a não ser nos raros casos em que há a possibilidade de um diálogo honesto e objetivo). O papo aqui é mesmo para nos ajudar a compreender as raízes da nossa própria identidade. Assim, sabendo quem nós somos e porque nós somos, nos tornamos mais capazes de viver a nossa fé de forma alegre, livre e consciente.

Por isso, se alguém vier lhe chamar de idólatra, não discuta. Manda o cara falar com a sua mão.

UPDATE:

Os comentários neste post acabaram nos motivando a escrever a parte 2! Confira:

Ainda acha que católicos adoram imagens? Continue falando com a minha mão… 

(via O Catequista)

Tags:
Bíbliaevangelicosfotos
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia