Brasil, Chile e Equador lideram a venda de armas da América Latina para o exterior
Se a compra de armas por particulares já é polêmica em vários países de todos os continentes, a sua exportação por países latino-americanos tem se tornado uma controvérsia crescente: são cada vez mais os países da região que querem deixar de ser compradores de armas para avançar no lucrativo negócio da sua exportação.
O Brasil é o país latino-americano líder no setor, com vários anos de história na exportação de armamentos e com bom reconhecimento pela sua tecnologia bélica, mas o Chile e o Equador também vêm avançando nos últimos anos. Peru e Colômbia também estão incursionado por esta seara, o primeiro tentando desenvolver a sua indústria militar e o segundo, por exemplo, tentando exportar bombas a países do Oriente Médio. Além das armas de fabricação própria, o analista de segurança internacional Alejandro Sánchez observa que, na região, tem grande relevância também a reexportação de armas compradas de fabricantes tradicionais.
Armas para uso pessoal
Em paralelo aos armamentos de guerra e às demandas de defesa dos países, permanece muito quente o debate sobre a venda de armas entre particulares.
Os Estados Unidos são o exemplo mais claro da polêmica sobre proibir ou regular mais estritamente o setor, em particular devido aos tiroteios planejados que assombram o país e que tomam as manchetes mundiais com frequência cada vez maior. O contraponto é de tipo cultural: o direito à posse de armas é avalizado pela própria constituição e está ligado visceralmente ao conceito das liberdades individuais, “sagradas” no ideário norte-americano – o que dá ao debate matizes bastante ideológicos.
A denúncia do Papa Francisco
“Enquanto as ajudas e os planos de desenvolvimento se veem obstaculizados por intrincadas e incompreensíveis decisões políticas, por visões ideológicas ou por infranqueáveis barreiras aduaneiras, as armas não. Não importa a proveniência: elas circulam com uma liberdade jactanciosa e quase absoluta em muitas partes do mundo”, declarou o Papa Francisco durante a sua visita à sede do Programa Mundial de Alimentos, em Roma.
“As guerras e as ameaças de conflitos predominam em nossos interesses e debates. E assim, diante da variada gama de conflitos existentes, parece que as armas atingiram uma preponderância inusitada”, acrescentou ele.
Sinais da alta tensão que se vive no mundo – uma tensão para cuja percepção a América Latina também está “contribuindo”, de maneira questionável.