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Prêmio Sakharov 2016 a duas yazidis resgatadas das mãos dos extremistas do EI

<p>Testemunhas e autoridades iraquianas acusaram neste sábado os jihadistas de realizar um massacre no norte do Iraque, enquanto a comunidade internacional se mobiliza para tentar impedir os avanços dos extremistas sunitas do Estado Islâmico (EI)</p>

Agências de Notícias - publicado em 27/10/16

O Parlamento Europeu decidiu nesta quinta-feira atribuir o Prêmio Sakharov 2016 de direitos humanos às yazidis Nadia Murad e Lamiya Alji Bashar, que foram resgatadas das mãos do grupo extremista Estado Islâmico, informaram fontes coincidentes antes do anúncio oficial do premiado.

Os grupos parlamentares socialista e liberal propuseram os nomes destas duas mulheres, que se converteram em símbolos da comunidade yazidi depois de viver um inferno durante seu sequestro pelo EI.

O grupo extremista sequestrou milhares de jovens no Iraque para convertê-las em escravas sexuais.

Outras duas personalidades também estavam na disputa do prêmio que reconhece a defesa dos direitos humanos: o jornalista opositor turco Can Dündar e o líder histórico dos tártaros da Crimeia Mustafa Dzhemilev, exilado em Kiev desde que a Rússia anexou em 2014 esta península do Mar Negro, controlada até então pela Ucrânia.

O presidente da Eurocâmara, Martin Schulz, e os líderes das diferentes bancadas políticas concordaram nesta quinta-feira em conceder o prêmio às duas mulheres, informaram diversas fontes à AFP.

Os eurodeputados reconhecem desde 1988 o compromisso na defesa dos direitos humanos com o prêmio, que tem o nome do cientista soviético dissidente Andrei Sakharov. A cerimônia oficial está marcada para 14 de dezembro em Estrasburgo, nordeste da França.

O blogueiro saudita Raef Badaoui, preso em seu país por “insultos”, recebeu o prêmio em 2015.

Nadia Murad e Lamiya Aji Bashar viveram um calvário como escravas sexuais do Estado Islâmico antes de se converterem em ícones de sua comunidade ameaçada.

Nadia, uma iraquiana de 23 anos, foi sequestrada em agosto de 2014 em seu povoado natal de Kocho, perto de Sinjar, no norte do Iraque, antes de ser levada à força a Mossul, reduto do EI, atualmente alvo da coalizão internacional.

Foi o início de um calvário de vários meses: torturada, disse ter sido vítima de múltiplos estupros coletivos antes de ser vendida várias vezes como escrava sexual.

Além disso, precisou renunciar a sua fé yazidi, uma religião ancestral desprezada pelo EI, praticada por meio milhão de pessoas no Curdistão iraquiano.

“A primeira coisa que fizeram foi nos forçar a nos convertermos ao Islã. Depois fizeram o que quiseram”, relatou Nadia há alguns meses à AFP.

Em um discurso ante o Conselho de Segurança da ONU, explicou em dezembro passado seu “casamento” com um de seus sequestradores: ele a espancou, a obrigou a se maquiar e a usar roupas justas.

“Incapaz de suportar tantos estupros” decidiu escapar. Graças à ajuda de uma família muçulmana de Mossul, Nadia obteve documentos de identidade que lhe permitiram chegar ao Curdistão iraquiano, e posteriormente à Alemanha.

O calvário de Lamiya Aji Bashar, também procedente de Kocho e sequestrada quando tinha 16 anos, se assemelha tragicamente ao de Nadia.

Durante 20 meses de cativeiro tentou fugir várias vezes. Quando realmente conseguiu, a jovem caiu nas mãos de um diretor de hospital iraquiano que também abusou dela.

O rosto de Lamiya, que tem a pele queimada, carrega as marcas de uma explosão, que lhe custou o olho direito.

Pouco depois de chegar à Alemanha, Nadia decidiu militar a favor de sua comunidade: segundo especialistas da ONU, cerca de 3.200 yazidis estão atualmente nas mãos do EI, a maioria na Síria.

Menos visível, Lamiya vive com sua irmã no sul da Alemanha, onde busca reconstruir sua vida após as atrocidades que viveu com o EI.

(AFP)

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