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É verdade que São Francisco “enxergava” a consciência dos outros?

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Aleteia Brasil - publicado em 04/04/17

Conta-se que ele sabia, por divina revelação, de todos os méritos e virtudes de seus companheiros

Só Deus conhece o que há no coração e na mente de cada pessoa. Contam-se muitas histórias sobre dons e graças particulares concedidos aos grandes santos: muitas dessas histórias são verificáveis porque se dispõe de testemunhos históricos. Outras, porém, chegaram até nós mediante relatos e pontos de vista de terceiros, sendo muito mais difíceis de “comprovar”. Como quer que seja, Deus é infinitamente capaz de dar os dons que quiser a quem bem quiser. E, de São Francisco de Assis, um dos dons que se contam é o de que podia saber dos méritos e também defeitos dos seus companheiros, conforme se vê no seguinte excerto dos famosos “Fioretti“, ou relatos poéticos sobre a vida do Pobrezinho de Assis, escritos e retransmitidos desde a Idade Média:

Como Nosso Senhor Jesus Cristo disse no Evangelho: “Eu conheço as minhas ovelhas e elas me conhecem”, assim o bem-aventurado Pai São Francisco, como bom pastor, sabia por divina revelação de todos os méritos e virtudes de seus companheiros, e assim conhecia seus defeitos. Razão pela qual ele sabia prover com ótimo remédio, isto é, humilhando os soberbos e exaltando os humildes, vituperando os vícios, louvando as virtudes; como se lê nas admiráveis revelações que tivera daquela sua primitiva família. Entre as quais se fala que uma vez estando São Francisco com a dita família em um convento a tratar de Deus, e Frei Rufino não estando com eles naquela conversação, mas estava na floresta em contemplação. Continuando a conversação sobre Deus, eis que Frei Rufino sai da floresta e passa um pouco diante deles. Então São Francisco, vendo-o, voltou-se para os companheiros e lhes perguntou dizendo-lhes: “Dizei-me qual acreditais que seja a mais santa alma, a qual Deus tenha agora no mundo?” E respondendo-lhe acreditarem que fosse a dele, São Francisco lhes disse: “Caríssimos irmãos, eu próprio sou o homem mais indigno e mais vil que Deus tem neste mundo; mas vedes aquele Frei Rufino, o qual sai agora da floresta? Deus me revelou que a alma dele é uma das três mais santas almas que Deus tem neste mundo; e firmemente vos digo que não duvidarei de chamar-lhe em vida São Rufino, porque sua alma está confirmada em graça e santificada e canonizada no céu por Nosso Senhor Jesus Cristo”. E estas palavras não dizia São Francisco em presença do dito Frei Rufino. Igualmente, como São Francisco conhecia os defeitos de seus frades, compreende-se claramente em Frei Elias, ao qual muitas vezes repreendia pela sua soberba, e em Frei João da Capela, ao qual predisse que se devia enforcar, e naquele frade a quem o demônio apertava a garganta ao ser repreendido por desobediência, e em muitos outros frades, cujos defeitos ocultos e virtudes conhecia pela revelação de Cristo bendito. Amém.

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Dos “Fioretti” de São Francisco, mediante o blog Contos e Lendas Medievais

Tags:
Santos
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