Eu sempre começo o ano letivo direito: eu acordo antes dos meus filhos para que eu possa tomar café em silêncio enquanto preparo o café da manhã deles. Então eu acordo um a um, acariciando suavemente os cabelos e calmamente dizendo, “Bom dia, pequeno! Hora de acordar”. Eu dou-lhes alguns minutos e chamo novamente até que todos estejam vestidos e na mesa do café da manhã, onde falamos sobre seus sonhos na noite passada e seus planos e esperanças para o dia que virá.
Mas quando muda o horário, as manhãs são frenéticas e apressadas. Eu acordo meus filhos acendendo as luzes e dizendo: “Acorde, pessoal! Você vai chegar tarde à escola! Vamos, levante-se e vá se vestir!”.
Eles não cooperam em manhãs assim. Eles deslizam da cama como se estivessem morrendo, ou se escondem debaixo das cobertas para se esconder da luz. Eles arrastam os pés e “esquecem” como colocar calças. Demora duas vezes mais para prepará-los e eles estão sempre atrasados.
Este ano eu percebi que nessas manhãs, eu acordo tarde – cerca de 30 minutos mais tarde do que o habitual. Mas eu acordo as crianças no mesmo horário. Do ponto de vista delas, a única coisa que muda é a forma como as desperto. Então, por que elas estão sempre atrasadas?
De acordo com especialistas, é precisamente pela minha maneira de acordá-los. Os seus cérebros precisam de entrada antes que eles possam responder com o resultado – e essa entrada vem na forma de conexão emocional.
Em The Whole-Brain Child, Daniel Siegel e Tina Payne Bryson explicam que as estruturas do cérebro de uma criança levam 20 anos para formar, juntamente com os caminhos que conectam essas estruturas. Os caminhos são o que nos permite se comportar logicamente diante da emoção – essencialmente, eles são o interruptor do cérebro, a função superior que nos permite raciocinar e depois agir em vez de responder instintivamente.
Não é nenhuma surpresa que as crianças respondam instintivamente a praticamente tudo, mas formar ligações seguras ajuda a facilitar esses caminhos neurais. Os pais devem se conectar emocionalmente com seus filhos antes de pedir qualquer coisa. Como Pam Moore explica em sua revisão de The Whole-Brain Child:
“Somente depois que a criança se acalma o suficiente para conversar ou para ouvir silenciosamente, ela pode realmente absorver tudo o que você está dizendo, se você está oferecendo uma conversa, empatia ou oferecendo soluções alternativas para o problema. De acordo com Siegel e Payne Bryson, parar para estabelecer uma conexão tem uma dupla finalidade. Primeiro, fortalece o vínculo entre você e seu filho, conectando vocês dois. Em segundo lugar, essa conexão facilita a construção de conexões entre as distintas áreas do cérebro da criança”.
À luz disso, o que eu notei é que não importa o horário, o que realmente importa é a maneira como eu acordo meus filhos.
Eles não estão fingindo esquecer como vestir roupas ou amarrar seus sapatos – seus cérebros precisam de conexões emocionais para formar conexões neurais. Aproveitar o tempo para acordá-los devagar e gentilmente não é um luxo, é uma necessidade. Eles precisam da segurança dessa conexão emocional para que possam enfrentar o dia que virá – e eu também.