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Espiritualidade
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Manual do namoro para o homem católico

Facet: podejmij wreszcie tę decyzję!

Cristian Lozan/Unsplash | CC0

Homem Católico - publicado em 20/09/17

Um caminho completo, claro, profundo, realista e prático. Você simplesmente não pode perder este manual!!

O mundo carece de boas referências masculinas. A todo momento, a mídia nos propõe ideais de virilidade completamente desordenados. Ora é o “pegador”, ora é o frouxo efeminado e tíbio.

Hoje em dia, nossa educação não nos prepara para as coisas sólidas. Para o amor, para o compromisso e sacrifício. Mas ainda assim, o nosso coração anseia por essas coisas. É nossa natureza, fomos criados para o amor.

Se você anseia por doar sua vida na família, como pai e esposo, esse texto é uma humilde contribuição para sua caminhada. A família começa a ser construída no namoro.

O chamado ao matrimônio é uma nobre vocação. E como todo chamado de Deus, demanda que você escute e saia do seu lugar. Um namoro santo demanda sair de si mesmo, combater as próprias limitações, com oração, mortificação e prática das virtudes. Demanda autoconhecimento, discernimento, prudência. Demanda, enfim, uma busca pela conversão.

Façamos um pequeno itinerário.

AVISOS PRÉVIOS

São João Bosco disse uma vez que não se deve pedir uma mulher a Deus antes que Ele faça de você um homem. É uma verdade, mas como saber se sou um homem, e não um menino?

Há critérios bastante objetivos. O homem precisa ter disposição para sacrificar-se e doar-se. Olhe para sua rotina, seu dia a dia, as coisas que ocupam sua mente. Faça o exame de consciência: “Vivo para mim? Para meus hobbies e lazeres? Para o descanso? Busco fugir do trabalho e das responsabilidades?”.

Se sua maior preocupação é o futebol com a rapaziada, o novo filme da Marvel ou o bar, é hora de trabalhar um pouco o interior.

Outro conselho importante era dado por Santo Afonso Maria de Ligório. Ele dizia que namorar sem possibilidade de se casar a médio prazo, não convém. E aqui precisamos fazer algumas considerações.

Você tem condições de nos próximos anos estar pelo menos exercendo um ofício profissional, ainda que no começo? Não há necessidade de estar pronto para sustentar um lar, mas você poderá ter perspectivas de estar ao menos buscando isso, caminhando na vida profissional?

Você teria condição de catequizar uma criança, ou pelo menos estar trabalhando na própria formação pessoal? Reforçamos que você não precisa estar pronto, acabado (isso talvez nunca estejamos) mas você ao menos está trilhando esse caminho?

Rapazes de dezesseis anos, adolescentes que leem esse texto: não é o momento para namorar agora. Psicólogos afirmam que até os 18 anos nós nem ao menos podemos dizer que temos personalidade estruturada. Essa é a fase de se formar para o sacrifício e a virtude

Também é o momento de fazer um sério discernimento vocacional. É preciso saber quem você é aos olhos de Deus. Se perguntar: “Senhor, que queres de mim?”. Com direção espiritual. Retiros. Vida de oração cotidiana. Não faz sentido namorar sem indícios de que Deus talvez te chame a isso.

Fez um discernimento vocacional? Começou uma séria formação cristã? E uma séria formação humana, virtuosa, em uma profissão?

Agora podemos pensar em namorar.

A ESCOLHA DA NAMORADA

O namoro em si não faz sentido se não for colocado diante da possibilidade do matrimônio. O professor Carlos Ramalhete diz que namorar é procurar alguém para “ficar velhinho junto”. Então não namore uma moça que não permite essa perspectiva. Isso carrega muitos fatores subjetivos e particulares, mas há coisas que se aplicam a todo homem católico.

Por exemplo: não faz sentido namorar uma menina que não abrace a proposta do matrimônio católico. O sacramento pede três requisitos: indissolubilidade, abertura a vida e compromisso em criar os filhos na fé. Isso limita muitas coisas.

Uma menina virtuosa, que busca a castidade, é uma pessoa de boa vontade… mas é comprometida com uma igreja protestante. Você acha que ela aceitaria criar os filhos na fé? Não faz sentido começar um relacionamento.
É possível uma não católica estar sinceramente disposta a isso, e revelaria uma forte abertura de coração à conversão, mas é um caso de extrema exceção.

Por isso, ao procurar uma moça, comece pela Igreja. Na sua paróquia, em um movimento que você participa. Busque se cercar de boas amizades católicas, e certamente você irá se esbarrar com boas meninas.

Mas assim como o homem deve ter maturidade humana, a mulher em questão deve ter certa maturidade. Todos nós temos defeitos, e não dizemos para aguardar uma mulher perfeita, mas é bom saber se a menina tem noção do que é a vocação, tem desejo de buscar sinceramente as virtudes (apenas o esforço em buscá-las, não devemos esperar perfeição de ninguém), é pessoa comprometida com a Igreja e cultiva uma vida de piedade.

Essas coisas são visíveis durante um relacionamento de sincera amizade. Por isso, cultive amizades. Não tema a “friendzone”: não faz sentido namorar uma menina que você acabou de conhecer. Namore uma moça que no convívio com os amigos deu sinal de ter maturidade.

Há os fatores pessoais, que devem ser levados em consideração: se sua profissão te fará viajar por períodos longos, não é prudente namorar uma menina que não lida bem com ausências prolongadas. Ainda que gostos comuns não sejam fatores decisivos (no namoro, aprendemos a gostar de coisas novas, é natural) também não é inteligente namorar alguém com quem você não tenha nenhum gosto comum. É raro isso acontecer entre duas pessoas de Igreja, mas há personalidades que são muito díspares.

Um conselho é justamente pedir conselhos. Um amigo do convívio comum de ambos, que possui uma visão de fora, pode dar a opinião. É bom pedir essas opiniões (mas não muitas) de terceiros. Várias vezes vemos casais que não combinam em nada, no calor da paixão, perderem tempo tentando algo.

Faça boas amizades, conheça boas meninas, e uma vez que surja o momento, peça a opinião de um amigo próximo. Parece que vai dar certo entre você e a moça?

Então, como começo?

CORTEJANDO COMO HOMEM

A verdade é que existem muitas ótimas mulheres. Normalmente se você não consegue é porque não está procurando nos lugares certos (ou é um adolescente, e esse realmente não é o momento para isso).

Mas se você encontrou um ambiente saudável e mesmo assim não consegue, talvez esteja faltando um pouco de virtude.

Sim. Talvez falte paciência para ouvi-la (será que você não está sempre falando de si e do que te interessa, numa autopropaganda vaidosa?). Talvez falte prudência (você acabou de conhecer a menina! Não precisa forçar a barra na intimidade!). Talvez falte, mesmo, certa coragem (meu amigo, mulheres cristãs querem um homem de iniciativa. Com prudência, paciência, mas ainda assim, que “chegue” nela!).

Talvez te falte cavalheirismo. Não é uma ferramenta de conquista de mulheres, mas se você não reconhece a dignidade da mulher e lhe trata com respeito e reverência, não queira que elas te achem interessante.

Faça um discernimento. Discernimento humano: avalie a situação. Há um clima legal, de amizade natural (não force a barra!) entre vocês? Ela demonstrou interesse? (sim, precisamos ficar atentos aos sinais: elas NÃO são objetivas). Então um pouco de ousadia e criatividade cai bem.
Você é um homem de Deus. Suas intenções são retas. Você está buscando formar-se um bom marido e pai, capaz de proteger e prover sua casa, e criar seus filhos. Com obras. Com atos. Se segue esse caminho, e você tem boa amizade com a moça em questão, e ela já deu sinais de interesse, arrisque. Leve-a para um encontro a dois. Não espere a situação surgir: faça o convite. Tenha iniciativa. Dê alguma lembrancinha, mostre que se lembra dela, que é amável a presença dela. Você não está mentindo! Deixe-a saber que é querida. Que você se importa com ela e quer mesmo o Céu para ela.

As mulheres querem segurança. Dê segurança emocional mostrando a ela o que ela tem de bom, com elogios sinceros. Mostre segurança conduzindo o relacionamento: fale a verdade, diga os motivos que te levam a querer avançar em um relacionamento com ela. Mostre que é um homem que reflete sobre a vida, que tem seriedade.

E se ela simplesmente não quiser, paciência, meu amigo. Ela é livre para isso, e um homem precisa saber lidar com desapontamentos. Seja homem! Não a destrate por isso. Faz parte da vida, e isso irá moldar o seu caráter. Siga em frente.

Mas deu certo? Então vamos ao namoro, em si.

O NAMORO: O QUE É, COMO FUNCIONA

Se você seguiu esse roteiro tanto quanto pôde, não há grandes mistérios na condução de um namoro. Façamos apenas alguns apontamentos.

O namoro não é apenas “para se conhecer”. É verdade que é bom conhecer mais sobre o outro, e entre pessoas que dialogam (e diálogo sempre será fundamental) isso é inevitável. Mas o fim último do namoro não é se conhecer. As pessoas mudam! Quando vocês casarem, irão mudar. Quando vierem os filhos, irão mudar novamente.

O namoro é o momento de crescer junto. Lançar as bases da família. Se aqui falamos da importância de se crescer como homem antes de procurar uma namorada, agora o homem e a mulher amadurecidos devem crescer juntos e lançar as bases sólidas de uma futura família.

Você irá precisar se superar e “renunciar a si mesmo” dia após dia. O namoro é uma grande fonte de santificação. Você vai precisar aprender a abrir mão. A se desculpar. A ter paciência. A perdoar. Você vai precisar desenvolver uma delicadeza que nem sempre é natural para o homem. E há muita caridade em fazer as coisas com delicadeza.

Porque você precisará corrigir. Quem ama, corrige. Mas corrigir caridosamente, amavelmente, e sabendo que a mulher é outra pessoa.

O namoro não é lugar para você buscar amparo emocional. Muitas vezes, a mulher virtuosa é um amparo que nos leva a Deus, o Pai das consolações, fonte de todo amparo. Mas namoro não é feito para isso, é apenas uma graça que ele as vezes concede.

J. R. R. Tolkien bem disse em carta ao seu filho, Michael, que a Santíssima Eucaristia é a fonte de consolo, força e amparo. A mulher, segundo ele, é apenas nossa “companheira de naufrágio”, em um mundo ferido pelo pecado. Também ela é pecadora e limitada, e nós devemos todos os dias querer levar sua alma para Deus.

Isso demanda uma vida de oração. A vida de oração pessoal espera-se que você tenha desenvolvido antes do namoro (mas nunca é tarde para começar!), mas o namoro também pede a oração comum. Vocês estão querendo passar toda a vida juntos! Construir uma família! Aprendam a rezar juntos. Criem o compromisso com o santo terço. Participem de adorações eucarísticas. Meditem a Palavra e conversem com o outro sobre os frutos da própria meditação. Frequentem juntos a santa missa. Façam romarias e novenas pedindo as graças que precisam. Intercedam um pelo outro.

A castidade não será possível sem vida de oração. Pessoal e conjunta. Além disso, a fuga das ocasiões é fundamental. Mas sem oração, logo começamos a procurar ocasiões. Então não deixem de rezar juntos. E nas quedas, se levantem e procurem o santo remédio da confissão, que permite continuar de onde paramos. Sem desespero, pois isso é coisa do demônio.

Se são capazes de rezar juntos, e um leva o outro a Deus, é o melhor indicativo de um namoro santo. Se são capazes de se perdoar mutuamente, se são pacientes um com o outro, se o tempo passa e vocês conseguem ver frutos concretos de crescimento, então é sinal de que a coisa está bem encaminhada e o namoro caminha para o fim.
Pois o namoro não é fim em si mesmo. É o caminho para o altar.

QUANDO NOIVAR

Um piedoso sacerdote disse uma vez: “antigamente os casais queriam construir algo juntos. Hoje, as pessoas querem cada uma construir a vida sozinhas e depois pensam em casar”.

Se vocês têm o mínimo para começar a vida juntos, podem noivar. Mas não falamos somente do mínimo material.
Garantir um teto sobre a cabeça e comida na mesa é um desafio, sem dúvidas. Mas a verdade é que hoje em dia vivemos em um contexto materialmente muito mais favorável do que viveram nossos pais, avós, bisavós e toda a humanidade antes de nós.

As condições mínimas também abarcam uma perseverança na oração, uma paciência com as principais fraquezas do outro, capacidade de perdoar, propósito firme de educar os filhos na fé.

O namoro deve ser uma escola de tudo isso. Se tem isso, o material é secundário. Olhem o exemplo da Sagrada Família.

São José, tendo sua oficina em Nazaré, construído sua casa, havia garantido o material necessário para a família. Tão logo Jesus nasce, ele precisa deixar tudo isso para trás e ir morar em terra estrangeira para proteger Cristo de Herodes.

Se Maria e José não fossem santos completamente entregues nas mãos de Deus, não seriam amparados pela providência e não conseguiriam passar por essa missão.

Assim é a vida humana. Necessariamente há imprevistos. Todos estamos sujeitos à necessidade, e nessa hora, o que nos ampara é a providência, e o alimento para manter as virtudes heroicas que esses momentos pedem é o sacramento e a oração.

Não temam o noivado. O Papa pediu na exortação apostólica Amoris Laetitia que os jovens casais não temam uma cerimônia simples. Uma grande festa cara não é fundamental para o casamento. Ser gerente da empresa não é. Um salário de 15 mil e um mestrado também não.

Que Deus ajude todos os jovens casais a viverem essa santa vocação. Homens, olhem para Cristo e seu pai nutrício, São José. Eles serão seus guias nessa jornada!

(Por Daniel Alves, via Homem Católico)

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