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ONU em conferência do clima: futuro com energias fósseis ‘é insustentável’

FOREST FIRE

Pix One | Shutterstock

Agências de Notícias - publicado em 15/11/17

Um futuro baseado em combustíveis de origem fóssil é insustentável, advertiu nesta quarta-feira o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, na COP23, primeira conferência sobre o clima realizada desde que os Estados Unidos anunciaram a sua retirada do Acordo de Paris, em junho passado.

Segundo o presidente americano, Donald Trump, o acordo histórico de 2015 prejudica os interesses energéticos de seu país.

Trump quer explorar sem empecilhos seus enormes recursos de gás e petróleo de xisto, e sua decisão de abandonar as negociações do clima provocou consternação na comunidade internacional.

“Temos que parar de apostar em um futuro insustentável, que coloca em risco nossas economias e sociedades”, disse Guterres ao abrir as negociações ministeriais da COP23.

“Em 2016, foram investidos 825 bilhões de dólares em combustíveis de origem fóssil e setores de alta emissão de gases do efeito estufa”, citou Guterres.

Mas estas emissões são as que provocaram “efeitos catastróficos” no planeta, insistiu.

O abandono dos Estados Unidos, que assistem às negociações, dificultou vários compromissos, como o financiamento do grupo de especialistas da ONU, conhecido como Giec.

Em seu discurso, o presidente francês, Emmanuel Macron, propôs que a União Europeia “compense” a falta de financiamento americano.

O Giec reúne milhares de cientistas de todo o mundo, que elaboram regularmente relatórios exaustivos sobre as mudanças climáticas, utilizados, entre outros fins, nas negociações da Conferência do Clima (COP).

“Desejo que a Europa substitua os Estados Unidos, e posso garantir a vocês que a França estará à altura do desafio”, afirmou Macron.

“Posso garantir a vocês que, a partir de 2018, não faltará nem um centavo ao Giec para continuar atuando”, assegurou um aplaudido Macron.

Abandonar recursos como o carvão não é fácil para países em desenvolvimento, nem para os ricos, reconheceu a anfitriã da conferência, Angela Merkel, chanceler alemã.

“Há grandes conflitos em nossa sociedade, e temos que resolvê-los de forma razoável. É por isso que as discussões são duras”, explicou Merkel, cujo país obtém 40% de sua eletricidade por meio do carvão.

– Recordes de temperatura e emissões de CO2 –

O ano de 2016 voltou a bater recordes de temperatura, e, este ano, as emissões de gases do efeito estufa crescerão 2%, após três anos em que o mundo parecia começar a controlar o problema.

O planeta não caminha bem para cumprir o objetivo de limitar seu aquecimento a menos de 2ºC em relação à época pré-industrial, principal objetivo do histórico Acordo de Paris.

Na COP23, presidida oficialmente por Fiji, os 197 membros devem negociar a regulamentação do pacto.

O Acordo de Paris estabelece, além disso, outros desafios, como o compromisso dos países industrializados de entregar até 100 bilhões de dólares anuais em ajuda aos menos desenvolvidos.

“Temos preocupações sérias envolvendo as tentativas de modificar as regras de financiamento”, advertiu em entrevista coletiva o ministro brasileiro do Meio Ambiente, José Sarney Filho.

“As negociações estão avançando mais lentamente do que o previsto”, declarou à AFP a ministra do Meio Ambiente peruana, Elsa Galarza.

A ministra lembrou que a ausência dos Estados Unidos provocará um rombo de mais de 3 bilhões de dólares neste compromisso de financiamento de 100 bilhões de dólares.

Os países em desenvolvimento precisam do triplo deste montante para assumir os custos das mudanças climáticas, segundo especialistas.

O regulamento do Acordo de Paris tem partes de difícil negociação, como a forma de os países fixarem medidas de controle mútuo.

– De férias em Fiji –

Os ministros em Bonn têm um ano pela frente, até a COP24. “É quase como se os negociadores estivessem de férias no Pacífico”, comentou Mohamed Adow, da ONG Christian Aid.

A reunião acontece em Bonn porque o arquipélago de Fiji, diretamente afetado pelo aumento do nível dos oceanos, não tem capacidade de hospedar os milhares de convidados.

“As mudanças climáticas chegaram para ficar, a menos que vocês façam algo a respeito”, advertiu o menino Timothy Bainimarama, de Fiji, que discursou antes dos líderes. A aldeia onde Timothy mora foi arrasada por um ciclone este ano.

(AFP)

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